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Eu disse a Maurício que autocontrole não é o meu forte, e ele concordou

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Eu disse a Maurício que autocontrole não é o meu forte, e ele concordou. Então é fato: preciso trabalhar em cima dessa constatação. Tem maneira melhor que ouvi-lo e deixar que os beijos preencham o pouco tempo que temos a sós? Não. Então, mesmo que tenhamos muito o que conversar a respeito de como as coisas vão ficar daqui para frente, estou permitindo que nossos lábios falem em um idioma próprio. Só deles. Estávamos silenciados por circunstâncias ingratas. Ele estava preso a um casamento infeliz, e eu estava livre do lado de fora, impedida de adentrar no único espaço capaz de me preencher. Eu tinha inúmeras possibilidades, mas estava desejando apenas uma.

As mãos de Maurício estão passeando pelo meu corpo como se ele estivesse me mapeando. Cada toque, mesmo que seja na minha cintura ou nas minhas costas, me faz ofegar como se seu toque fosse alcançar partes de mim que esperaram muito por uma carícia sua. Acaricio seu rosto uma última vez antes de descer as mãos pelo seu peitoral. A malha fina de sua camisa não me impede de sentir o alto relevo de seus músculos, e automaticamente, minha imaginação começa a vislumbrar seu corpo nu, o qual não cheguei a ver na noite em que transamos como animais selvagens.

— Esse é um território proibido no momento — diz ele segurando minhas mãos antes que elas toquem seu membro por cima de sua bermuda. Respiro fundo e exalo um pouco da frustação por ter esquecido que esse ainda não é o horário adequado. — Autocontrole, Diandra. Autocontrole.

Sorrio com o seu tom de voz. Ele está tentando me ensinar algo juntando a teoria na prática.

— Eu vou pegar fogo se tiver que esperar até à noite.

— Não vou deixar — diz colocando minhas mãos em torno de seu pescoço. — Vou te manter em brasa. Você só vai pegar fogo quando a gente puder queimar juntos.

Ele cobre meu sorriso com mais um beijo. Um beijo com movimentos demorados e firmes, como no dia em que nos beijamos na cozinha da mansão. Ele havia me pedido para esquecer, por pelo menos um minuto, que ele usava uma aliança. É óbvio que eu não consegui contabilizar os sessenta segundos. Sentir seus lábios nos meus e tentar calcular o tempo são duas coisas impossíveis de serem feitas juntas. Eu tive que dar fim àquele beijo antes que nós dois perdêssemos o controle do que estávamos fazendo. Então do que estou resmungando? Agora temos todo o tempo do mundo para nós. Mesmo que o choro de Bernardo comece a cortar a quietude, o tempo ainda é nosso.

— Ele não parece muito animado — falo antes de nos soltarmos. Nós dois vamos até Bernardo para ver o que podemos fazer por ele. — Te dei um banho assim que chegamos, Bê. Almoçamos e você ainda tomou uma mamadeira. Será que você tá com a fralda suja?

Me sento na cama e ajeito Bernardo para a troca da fralda, mas fico surpresa quando vejo que não há nada de errado com ela.

— É essa ponte aérea que tá deixando ele assim.

Maurício fecha a fralda de Bernardo e o pega no colo. Em seguida anda pelo quarto de hotel de um lado a outro tentando acalmar o choro do filho.

— Ou ele pode estar com alguma dor — sugiro.

Entre erros e acertosOnde histórias criam vida. Descubra agora