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Tortura é a palavra que mais define as últimas horas

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Tortura é a palavra que mais define as últimas horas. É assim que eu chamo essa fase da minha vida, em que eu tenho que ficar ao lado do homem que mais mexe comigo sem que eu possa fazer nada. De um lado existe um sentimento muito forte por Maurício, e até apoio do meu primo nós temos. Em contrapartida, fofocas e mentiras estão entre nós, nos levando em direções opostas um do outro, e ele nem sabe. Eu escolhi aguentar isso por querer estar perto de Bernardo e descobrir o que ele tem, na torcida de que ele possa ter uma vida melhor. Isso, para mim, é uma base muito sólida para me manter firme, leve o tempo que for. Mesmo assim, Maurício consegue me desestruturar. Uma conversa aqui, outra ali, e eu já estou quase esquecendo o quão grave essa situação entre nós dois está se tornando.

Por incrível que pareça, eu torci muito para que Bernardo não dormisse agora. Tentei inventar brincadeiras e coloquei o desenho que ele gosta no meu celular para que ele pudesse assistir, mas parece que tudo isso só o deixou mais cansado. Eu estou me esforçando para passar o menor tempo possível a sós com Maurício para que isso não seja tão difícil. No fundo, sei que não tenho para onde correr. A conversa que eu tenho ansiado para ter com ele agora é algo que eu quero adiar por no mínimo uma década, ou pelo tempo que os rumores sobre mim ainda durarem.

— Diandra — a voz de Maurício surge de trás de mim em um tipo de tom que eu quase não ouço. Uma mistura de tranquilidade e carinho. Tem uma sonoridade arrebatadora, mas ao mesmo tempo, significa algo não muito bom. Termino de secar minhas mãos no pano de prato e me viro para ele, já que a pia fica em um balcão entre as duas camas. 

— Fala.

— Vem cá — diz dando leves batidas na minha cama. Olho para Bernardo dormindo na cama de Maurício ainda na expectativa de que ele desperte, mas não parece que isso vai acontecer. — A gente pode ter aquela conversa agora?

Meu coração dispara imediatamente. Eu quero pegar minha bolsa e sair correndo neste exato momento, mas para onde eu iria? E pior, eu teria que voltar em alguma hora. Então o jeito é encarar o inevitável. Me aproximo da cama e me sento, mas não tão perto dele. Sinto minhas mãos começarem a suar e a ficarem frias. Eu estou derretendo e nem está quente aqui. Tento olhá-lo nos olhos, porém, não consigo encará-lo por mais de um segundo.

— Você pensou no que eu te falei?

Por que ele está tornando isso tão difícil para mim? Sim, eu pensei. Pensei tanto que meu cérebro quase entrou em combustão. Quase. O que entrou em chamas foi o meu coração. As chamas mais quentes que já senti na vida. Só que um mal entendido acabou me jogando um balde de água fria. Agora eu sou cinzas e fumaça. Como explicar isso a ele? Como dizer que quando ele voltar de vez para Pedra Bonita, até os funcionários dele estarão sabendo dessas fofocas? E o mais grave é que isso pode prejudicar o negócio que o pai dele começou com tanto sacrifício e persistência. Seria esse os planos de Vallentina, afundar o ex-marido para que ele não tenha condições financeiras para sustentar os três filhos e não conseguir a guarda deles?

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