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— Tem certeza de que ficar especulando o que Vallentina vai fazer é uma boa decisão? — Camila se agita quando vê que estou determinado a sair da casa dela e só voltar com as respostas que eu preciso

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— Tem certeza de que ficar especulando o que Vallentina vai fazer é uma boa decisão? — Camila se agita quando vê que estou determinado a sair da casa dela e só voltar com as respostas que eu preciso.

— Mas é claro! — afirmo. — Ela foi esperta em cada detalhe, e foi isso que deu o sucesso à ela ontem. Agora é a minha vez.

— E o que exatamente você tá indo fazer? — o advogado questiona, mas nem chega a me dar a chance de responder. Ele pega sua pasta e se levanta também. — Eu vou com você para garantir que não enfie os pés pelas mãos e coloque tudo a perder.

— Não. Você fica — falo. — Aliás, você pode ir. Já fizemos um grande progresso hoje. Assim que eu conseguir descobrir alguma coisa, vou entrar em contato com você pra ampliar nossos planos.

Estendo minha mão para um aperto de agradecimento. Ele, vendo que não tem outras opções, finda a despedida sob o olhar preocupado de Camila.

— E eu? — Diandra inquire esperando uma instrução. Meu coração amolece no mesmo instante vendo como ela tem se disposto a me ajudar. Me aproximo dela e, sem me importar com o fato de Alberto e Camila ainda estarem perto de nós, pego uma mecha de cabelo que cobre um de seus olhos e a coloco atrás de sua orelha.

— Fica aqui com Camila — peço. — Daqui a pouco Félix vai voltar com as crianças, e Bela vai gostar de passar um tempo com você.

Ela ssente, respirando fundo. Eu sei que ela prefere ir comigo, mesmo não sabendo aonde eu vou. Mas eu sei para onde estou indo, e é melhor que ela não passe nem a um quarteirão de lá. Me aproximo mais dela e deixo um beijo em sua boca, matando um pouco da vontade do que quero fazer com ela mais tarde. Abraço minha irmã, que mesmo preocupada, está sorrindo. Acredito que seja porque ela acabou de ver com os próprios olhos algo que estava se roendo por dentro para me perguntar: se Diandra e eu já havíamos conversado, ou sei lá quais palavras ela usaria para xeretar esse assunto.

— Tô feliz por você — ela sussurra em meu ouvido. Assinto quase que imperceptivelmente, contendo um suspiro mais profundo e saio.

Tenho muitas coisas entaladas na garganta. Coisas que guardei por muito tempo, e outras que começaram a martelar em minha mente há poucos minutos. Esse é o começo de uma guerra que vai além de uma guarda provisória, a fim de acelerar o tratamento de Bernardo. Agora eu quero que Vallentina pague por ter se omitido quanto ao próprio filho. Em outras palavras, ela não só se omitiu, mas não demonstrou o menor interesse em cuidar do menino. Na verdade, até houve interesse, mas ele durou apenas pelo tempo em que eu pude acompanhar as idas dele ao hospital.

Não consigo deixar de sentir uma ponta de culpa por causa disso. Se eu tivesse os acompanhado por mais algumas semanas, talvez a verdade sobre os problemas dele tivessem se mostrado sem que Vallentina tivesse a oportunidade de escondê-los de mim. Por outro lado, a transportadora não se recuperaria dos problemas que minha ausência na administração dela estava causando. Eu saberia do caso clínico de Bernardo, mas não teria recursos para tratá-lo. Não teria condições de pagar nem a anestesia da primeira cirurgia. Agora eu tenho as condições financeiras, mas não tenho legalidade para levá-lo.

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