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Eu não quero que Vallentina desconte raiva alguma em Diandra, até porque, ela não fez nada do que acabou de dizer, contudo, acho que era o que Vallentina precisava ouvir para desviar seu foco de visão

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Eu não quero que Vallentina desconte raiva alguma em Diandra, até porque, ela não fez nada do que acabou de dizer, contudo, acho que era o que Vallentina precisava ouvir para desviar seu foco de visão. São poucos segundos que parecem uma eternidade, e eu só consigo torcer para que a forma como Diandra colocou essa situação surta algum efeito, apenas para ganharmos algum tempo, pois eu não quero imaginar que algo de ruim possa acontecer com Diandra. 

Ao mesmo tempo em que meus ombros começam a relaxar por ver Vallentina colocando Bernardo de volta na cama, o resto do meu corpo volta a tensionar quando lembro da segunda parte da proposta que Diandra acabou de fazer. Não quero perdê-la de vista, então aproveito que Vallentina está no meio do caminho, sem alcançar diretamente nenhum dos dois e avanço sobre ela em um movimento rápido. Rápido e impensado, pois ela percebe minha aproximação e se vira mais preparada que eu. 

— Se você tentar mais alguma coisa, vou te sujar um pouco mais, só que com o sangue dela. Eu não tenho mais nada a perder mesmo. 

Olho para mim imediatamente e percebo que meu braço foi atingido pelo bisturi e estou sangrando. Porém, fui mais atingido pelas palavras de Vallentina do que pelo objeto cortante. Ela está colocando de lado o fato de ter dois filhos em Pedra Bonita que precisam de uma mãe, uma mãe que esteja disposta a buscar a sanidade e assumir novamente sua posição. Ela está obcecada. 

Seguro o pequeno corte enquanto me afasto das duas, temendo que esta seja a última vez em que vejo a mulher da minha vida. Vallentina pega Diandra pelo braço simulando um gesto amigável, mas discretamente, mantém o bisturi na lateral de sua barriga, encoberta por uma blusa fina. No olhar de Diandra eu noto uma confiança que é incompatível com a situação. É como se ela soubesse que tudo vai ficar bem, todavia, não temos de onde tirar essa certeza. 

A porta se abre; as duas saem devagar; a porta se fecha; meu mundo desaba, se reconstrói e depois desaba de novo, ficando nesse ciclo toda vez que percebo que Bernardo está livre de Vallentina, mas que Diandra está nas garras dela agora. 

— O que a gente faz?! — pergunto trêmulo para a doutora, indo em direção a Bernardo, que ainda está choroso na cama. 

— Vou avisar ao Daniel que as coisas mudaram, que ela saiu daqui armada com um bisturi e que levou Diandra com ela — explica rapidamente ao pegar o celular do chão com uma mão e tocar o inchaço na testa com a outra. Pego Bernardo no colo aliviado por nada ter acontecido com ele, agradecendo a Deus em pensamento por isso, e pedindo a Ele para proteger Diandra. 

— Eu preciso tentar ver para onde ela tá levando Diandra — falo indo em direção à porta. 

— Não abre essa porta, Sr. Galzerano! A ameaça dela pareceu bem autêntica pra mim — lembra ela, me paralisando no meio do caminho. — Daniel? Ela saiu daqui com Diandra, e ela tem um bisturi... Os planos dela já não têm nada a ver com conseguir sair do hospital. Ela quer ferir Diandra, de repente até matá-la. Avisa à segurança, mas não deixa ela perceber que está sendo observada. 

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