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Quando abri os olhos, sabia que algo muito grave tinha acontecido

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Quando abri os olhos, sabia que algo muito grave tinha acontecido. Eu estava grogue em uma ala do hospital totalmente diferente da que eu estava quando perdi a consciência. Cada respiração minha me faz notar uma área diferente na minha barriga que está doendo. Apesar do medo que senti, não me arrependo do que fiz. Foi uma decisão tomada na velocidade da luz, mas naquele momento, não tínhamos muito o que pensar, mas sim, o que agir.  

Faz alguns minutos que Maurício saiu daqui com Bernardo depois de alguém ter batido à porta. Eu só espero que não seja nenhum médico contando detalhes que não me contaram sobre a cirurgia. Tudo o que sei é que um dos meus rins foi destruído e não conseguiram salvá-lo, e que um pedaço do meu intestino teve que ser retirado. Não me pareceu tão ruim na hora, só quando a sedação foi perdendo o efeito e as dores começaram. Só que eu estou tentando esconder essas dores o máximo que consigo, pois a última coisa que eu quero, é que Maurício fique preocupado sem necessidade. Quem precisa de atenção agora é Bernardo.  

Sinto uma sensação quente no estômago. Acredito que isso seja um bom sinal.  

— Paola — tento chamar a atenção da enfermeira, que foi muito gentil e educada comigo enquanto me trouxe para o quarto. Ela está analisando minha ficha e os aparelhos desde que chegamos aqui. Paola tira os olhos dos equipamentos com um olhar atencioso e um semi sorriso nos lábios.  

— Que horas eles trazem o almoço?  

Ela ri.  

— Almoço? São quase dezenove horas agora.  

Tento me erguer para olhar pela janela, mas as dores aumentam e eu desisto. Ainda ia dar dez da manhã quando tudo aconteceu. Será que todo esse tempo eu estava sendo operada, ou só demorei para despertar?  

— E o jantar?  

A enfermeira se aproxima um pouco mais de mim e sorri ternamente.  

— Infelizmente você está em uma dieta zero. Não pode comer e nem beber nada por doze horas. — respiro fundo. Doze horas é muito tempo.  

Novas batidas à porta ressoam pelo quarto. A enfermeira se dirige até lá e revela a chegada da minha mãe. Imediatamente sou atingida por um momento de fraqueza e começo a chorar. 

— Minha filha! — ela exclama ao correr até mim. — Graças a Deus você tá bem! Eu pensei que fosse te perder... — seu abraço é cuidadoso, para não tocar o local da cirurgia, mas sinto seu toque com uma força sem igual. 

— Cadê Hélio? — questiono limpando as lágrimas. — Achei que ele viesse também. 

— Ele não pôde vir por causa do trabalho. Quando ela vai ter alta? — ela pergunta para a enfermeira. 

— Eu vou chamar a médica responsável pelo caso dela para explicar tudo e tirar suas dúvidas. 

Minha mãe assente enquanto a enfermeira sai, mas eu me preocupo. Acredito que ela não vai reagir bem quando souber a gravidade do que houve, então vou tentar mudar de assunto pelo menos por enquanto. 

Entre erros e acertosOnde histórias criam vida. Descubra agora