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— Ainda não tô acreditando que você me convenceu a fazer isso… — Lívia sibila quando saímos da pista de asfalto e pegamos a estrada de terra que leva para a mansão dos Galzerano

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— Ainda não tô acreditando que você me convenceu a fazer isso… — Lívia sibila quando saímos da pista de asfalto e pegamos a estrada de terra que leva para a mansão dos Galzerano.

Minha mente não parava de martelar sobre toda essa conspiração que gira em torno de Bernardo. Assim que Isabela mencionou o fato de que a mansão estaria vazia, não vi oportunidade melhor de mergulhar mais fundo nesse mar de segredos que Vallentina anda escondendo. É claro que essa foi uma decisão tomada no impulso, pois o tempo para pensar não ajudava, então agir pareceu mais fácil. A ocasião é perfeita para buscar alguma coisa concreta. Algo que seja capaz de fazer Maurício passar por cima de Vallentina e levar o filho para, finalmente, ser avaliado por profissionais mais competentes. Não sei exatamente o que estou buscando, mas espero encontrar respostas.

— Você sabe que sozinha seria difícil. A mansão é enorme, e duas cabeças pensam melhor que uma.

— Tem noção de que estamos prestes a invadir uma propriedade?!

— Não é bem assim, Lívia. Tenho as chaves das portas de entrada e dos fundos e sou babá das crianças.

— Mas essas crianças nem lá estão, sua doida!

— Lívia, relaxa. Eles chegaram no parque há pouco tempo. Bela já mandou algumas fotos e ainda deve mandar mais. Sem contar que ela vai me avisar quando eles estiverem vindo embora.

Minha prima não me contra-argumenta, o que me obriga a olhar para ela. A ansiedade da minha prima está escorrendo por cada poro dela. Já eu, estou mais tranquila. Conheço a mansão, ou pelo menos os cômodos onde acho que seja possível encontrar alguma informação útil. Se essas informações existem, provavelmente estarão no escritório de Vallentina. Que eu saiba, Maurício não tem um escritório em seu domicílio, pois não carrega trabalho para o ambiente familiar. Quando ele chega em casa, chega literalmente em casa. Dá atenção aos filhos e nem encosta no telefone. Então não me parece que eles compartilham o mesmo escritório. Só ela usa o cômodo abarrotado de livros sobre direito e o escambau.

— Não é melhor deixar o carro em algum lugar escondido?! — Lívia indaga com uma nota de medo na voz. — Se por acaso eles voltarem de repente, não vão ver a Doblô e a gente vai poder fugir pela mata.

— Credo, Lívia! Falando desse jeito faz parecer que somos criminosas.

— Mas é o que somos — ela frisa. Olho-a de lado temendo que ela esteja certa.

— Vou deixar o carro em uma descida que fica mais à frente — aviso tentando deixá-la mais calma. — Tem várias árvores que vão esconder o carro numa boa.

A ideia de Lívia me pareceu bem lógica quando finalmente chegamos ao local que eu havia mencionado. Dessa forma podemos realmente chegar e sair sem chamar a atenção, pois parecemos apenas duas mulheres caminhando enquanto admiram a natureza. À medida em que  seguimos pelo curto trajeto que falta até a mansão, ouço o toque de notificação do meu celular no bolso da minha calça.

Entre erros e acertosOnde histórias criam vida. Descubra agora