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— O que houve? — ele atende já perguntando

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— O que houve? — ele atende já perguntando. Será que estava esperando outra ligação?

— É Diandra.

— Eu sei. O que houve? — insiste ele. Como eu não imaginei que ele teria meu número? Ele é o pai das crianças.

— O carro enguiçou, eu não sei qual é o problema.

Do outro lado da linha, ouço barulho de chaves e porta se abrindo.

— Em que lugar você tá?

Olho para a plaquinha à minha direita e busco um ponto de referência para explicar para ele.

— Na rua Pedro Torres, perto de um posto de gasolina, em pleno sinal.

— Isso fica muito depois da clínica! Você se perdeu?

— Não, eu não me perdi. Sabe o que é? É que a médica de Bernardo faltou hoje, e eu não sabia se ele precisava tomar alguma vacina, então resolvi levar ele até o hospital onde minha prima trabalha.

— Eu levo vocês lá — diz em um tom muito mais baixo, o que me deixa intrigada.

— Não precisa! Eu até já remarquei a consulta…

Não ouço resposta, então tiro o celular do ouvido e percebo que Maurício já desligou. Mas que droga! Eu só queria que ele mandasse alguém para resolver o problema do carro e pronto. Não queria que ele nos levasse lá, até porque, as vacinas são meio que um pretexto, não a razão de irmos até lá.

Quinze minutos depois, uma alma boa surge e ajuda a empurrar o carro para a calçada. Se fosse uma alma pura, teria surgido assim que o carro enguiçou e ainda resolveria o problema. Mas tudo bem, não vou reclamar.

Avisto uma Hilux preta e logo uma sensação gélida percorre minha pele. Me apresso em pegar a bolsa e tirar Bernardo do carro para não perdermos tempo. Evito contato visual quando ele estaciona atrás do carro e desce. Meu rosto está absurdamente quente pela vergonha de ter me metido em uma situação dessas, e piora ainda mais quando me deparo com Nathan saindo pela porta do carona.

— Fala aí, Diandra — ele diz animado, alheio à tensão que existe entre Maurício e eu.

— Vocês se conhecem?! — Maurício questiona com o cenho franzido.

— Somos primos — falo. Ele desfaz a expressão desorientada enquanto Nathan tira uma caixa de ferramentas da Hilux.

— Diandra deu sorte de ir parar na sua casa, patrão — diz ele, mal sabendo que isso está mais para azar que outra coisa. — Tinha acabado de ser mandada embora anteontem.

Maurício olha para mim de uma forma desvanecida, vazia de reação, a qual não consigo interpretar direito.

— Trancou o carro? — ele pergunta evitando comentar sobre o que meu primo acaba de falar. Assinto. Ele se aproxima de nós até demais, chego a pensar que vai me beijar ou algo do tipo, mas ele só quer pegar Bernardo do meu colo.

Entre erros e acertosOnde histórias criam vida. Descubra agora