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Quando cheguei à rodoviária, liguei para Lívia e avisei que estava indo aproveitar o último dia de festa da cidade

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Quando cheguei à rodoviária, liguei para Lívia e avisei que estava indo aproveitar o último dia de festa da cidade. Naquele momento senti que, apesar disso ser muito errado, era tudo o que eu estava precisando; me distanciar dos problemas que tinha na loja, em casa, e outro que estou me esforçando bastante para esquecer.

Embora o banco do ônibus não fosse muito confortável, me senti satisfeita. Foi o que consegui pagar com o cartão de crédito, e ainda me restou limite para comprar a passagem de volta e um pouco para me divertir.

Pus meu headphone e coloquei minhas músicas preferidas para tocar, mas vez ou outra, minha mente me levava de volta para os momentos mais conturbados dos últimos dias. Desentendimentos com minha mãe, com as colegas de trabalho e uma puta decepção. Contudo, me esforcei para pegar no sono e encurtar a viagem com o que fosse possível, e consegui.

O sol começa a iluminar a rodoviária no instante em que o ônibus chega em Pedra Bonita. Coloco meus óculos escuros antes de descer do ônibus e escondo a noite mal dormida como posso. Avisto Lívia ao lado de um táxi e encurto a distância entre nós.

— Vamos ter só uma noite, mas vai ser a melhor de todas, Diandra! — Lívia exclama assim que nos abraçamos.

Nosso contato me faz perceber que ela está um pouco mais gorda que da última vez que nos vimos, mesmo assim, ainda está incrivelmente linda. O tom marsala de seus cabelos ainda está vivo e brilhante, assim como o corte em "V" está bem alinhado.

— Precisa ser. Faltei o trabalho hoje pra estar aqui. — Lívia gesticula negativamente, reprovando minha atitude, mas ri da situação. — Não vai ficar muito cara a corrida até sua casa? — pergunto em um sussurro para que o motorista não me ouça.

— Ah? — Lívia parece ficar confusa por um breve instante. — Não! Esse carro é do Nathan. É um ex táxi. — Olho para o carro com mais atenção e percebo que, mesmo ainda sendo amarelo, não tem a placa de táxi. — Carros assim costumam ser baratos.

— E cadê Nathan?

— Foi comprar um lanche pra gente comer no caminho. Sabe que a viagem é longa, né? Quanto antes a gente sair, melhor — Lívia boceja logo que completa a frase. — Não repara. Vim direto do plantão e provavelmente vou passar o dia dormindo. À noite a gente sai, pode ser?

— Por mim tá ótimo — respondo. — Eu dormi mal dentro do ônibus mesmo.

— Olha ele aí — Lívia aponta.

Me viro na direção do em que Lívia está olhando e avisto meu primo e por pouco não o reconheço. Seus cabelos estão do mesmo tamanho que os de Lívia. Mas essa é a única semelhança entre dois. O tom de pele de Nathan é mais bronzeado, e seu corpo é mais definido. É evidente que ele passava cada vez mais tempo na academia.

— Você tá parecendo a versão masculina da Moana, Nathan! — brinco enquanto ele me abraça com as mãos ocupadas com as sacolas da lanchonete da rodoviária.

Entre erros e acertosOnde histórias criam vida. Descubra agora