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Victoria

— Oi, Victoria. Como você está? — o homem com alguns anos de diferença de mim, se aproxima com pouca cautela.

Instintivamente me afasto. Ele tem essa mania de querer tocar enquanto fala e eu odeio que me toquem.

— Oi. Estou bem. — respondo limitando as palavras.

A maioria dos homens pensam que se você é simpática, está dando em cima ou abertura para eles se achegarem mais e Maik é um exemplo típico do tipo. 

— Você quer almoçar comigo hoje? Semana passada não deu porque você estava doente. — ele pergunta e eu me lembro de ter falado isso apenas para me livrar de sua insistência.

Com o aparecimento de Gross na minha vida, eu havia até me esquecido desse ser, que insiste para que eu saia com ele toda vez que me encontra.

— Acho que não é uma boa ideia. — respondo começando a caminhar para entrar no café e ele, como já esperado, me segue.

— Por que não? Por que sempre me rejeita, Victoria? — paro para encará-lo.

— Eu não quero um homem na minha vida. É isso. — falo o que já falei mil vezes.

— Vic, que bom que já chegou! — Sra. Santis aparece me livrando de ter que aturar Maik falando que é o homem ideial para mim.

A dona da lojinha de roupas que fica há poucos metros de distância do café, se aproxima. Eu comprei apenas uma calça e uma camisa para Gross porque era o único tamanho maior disponível em pronta entrega, que são as que deixei para ele em cima da cama, porém mesmo assim desconfiando que ficariam pequenas, encomendei mais algumas em tamanho maior para que ele fique mais confortável.

— Ei Sra. Santis, as roupas que eu pedi, chegaram? — pergunto.

— Sim. Mas me parece que veio um pouco maior em tamanho, ou ele é bem grande mesmo? — sorri — Faz assim, pede para ele vestir, se ficar muito larga, você trás e eu mando de volta para trocar ou eu mesma aperto aqui.

— Muito obrigada, eu acho que vai caber, ele é grande. — sorrio, ele é definitivamente grande — no fim do mês eu acerto com a senhora, tudo bem? — sorrio novamente, grata, e ela me entrega uma sacola.

— Não tenha pressa. Até logo, Vic, Maik. — ele apenas acena com a cabeça para a mulher e ela se vai.

Não demora dez segundos até que sinto-me ser pressionada contra minha caminhonete, ergo a cabeça e Maik está com seus dois braços em cada lado dos meus ombros.

— Ele vestir? Ele é grande? Ele quem? — parece bravo, com as sombrancelhas franzidas.

— Isso é um assunto meu, particular. — o repreendo — Maik, eu tenho que entrar e trabalhar, caso contrário ficarei sem emprego e eu não posso perdê-lo por nada. Me dê licença. — empurro seus braços e consigo me afastar dele.

— Você não precisaria trabalhar se me aceitasse como namorado, noivo ou marido. Eu cuidaria de você e de todas as suas necessidades.

— Nunca! Tenho dois braços e duas pernas para isso graças a Deus.

— Saia comigo hoje, meu pai fará um jantar beneficente em nossa casa. Vai comigo?

Ele é surdo?

— Qual a dificuldade que alguns homens tem em receber um não e realmente entender o que um não significa?

— Porra, Vic! Ou você me dar uma chance, ou eu terei uma conversa séria com o dono dessa cafeteria, meu pai é o prefeito da cidade e ele pode muito bem fazê-lo demitir você.

3 - GROSS - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora