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Victoria

— Te falei quase tudo sobre mim. Você quer me dizer seu nome verdadeiro agora? Ou eu posso continuar te chamando de Gross? — pergunto. 

— Eu me chamo 1001. — responde sem hesitar e eu o encaro surpresa.

— Sério? — exclamo e ele franze o cenho.

— O que está errado com o meu nome?

— Seu nome não pode ser esse, isso aparentemente é um nome de cobaia. Agora você é livre e deve escolher um nome de verdade, algo que goste, se indentifique. É assim que os outros Novas Espécies escolhem seus nomes.

— Eu não gosto de nada nem me indetifico com nada. — ele faz uma carranca.

— Tudo bem, não precisa decidir agora. Mas enquanto isso continuarei te chamando de Gross, porque você foi bem isso no início e 1001 é muito chato e estranho — informo — E então? Você quer comer ou não? — pergunto pegando novamente a tigela em mãos.

— Eu quero que me solte, já disse. Mas parece que isso não vai acontecer.

— Não, não vai. Em breve você estará livre e contente longe daqui, num lugar seguro e confortável junto com seu povo, sua família. — tento esconder a emoção que minhas próprias palavras causam em mim.

— Eu não vou matá-la como eu disse, eu prometo. Eu mudei de ideia, você é boa.

— Ainda não. — semicerro os olhos desconfiada — Será mesmo que ficou compreensivo assim de um hora para outra?

— Porra, que fêmea teimosa! — ele rosna para mim e avança mas as algemas o restringe.

— Definitivamente você deveria se chamar Gross. Rude é o que te define. — exclamo e ele rosna para mim, furioso — Viu como você estava apenas se fingindo de mansinho para que eu o soltasse? Você não pode simplesmente se contentar com eu ter salvado você, cuidado de você e ser grato? Você está algemado e fraco, seu ferimento na costela era muito profundo e estava inflamado. Se eu quisesse te machucar ou fazer seja lá o que você acha que eu vou fazer com você, eu já não teria feito já que está algemado e não pode se defender?

Ele fica em silêncio me encarando com uma expressão raivosa.

— Faz três dias que você está aqui, se eu fosse entregá-lo para a Mercille, você já estaria lá e eu não teria o porquê mentir porque você não pode fazer nada sobre isso. Então só acredite, é verdade o que estou falando sobre Homeland. — concluo.

Nós observamos um ao outro por vários segundos, ambos carrancudos. Ele respira profundamente e um pouco da expressão de raiva some.

— Estou disposto a confiar em você sobre isso.

— Já era hora! Fico muito contente com isso no entanto, e espero que não esteja fingindo novamente. Vou alimentá-lo agora e por favor, não faça bagunça com a comida de novo. Abra a boca.

Ele come a sopa sem tentar lutar desta vez. Alimento-o com as torradas e em seguida vou até a cozinha, pego um copo de suco e dou a ele que bebe por um canudo.

— Quer mais sopa? — ofereço e ele tem um olhar indecifrável no rosto, não vejo raiva entretanto.

— Sim. — responde seco. 

— Eu vou pegar mais.

Caminho novamente até a cozinha, encho mais uma tigela, volto para o quarto e o alimento.

— Estou satisfeito. — fala passando a língua pelos lábios para limpar os vestígios da sopa.

Pego os pratos e o copo, volto a cozinha, deixo tudo na pia e trago um guardanapo para o quarto, limpo levemente seus lábios e em seguida jogo o papel no lixo. Vou até o banheiro, busco minha pasta de dentes e um copo com água e volto para o quarto.

— Não tenho uma escova de dentes extra, mas vai servir para lavar sua boca e se sentir melhor. — ele apenas abre a boca quando eu movo o tubinho de pasta em sua direção.

Deposito um pouquinho em sua língua e em seguida o ajudo a beber a água, ele balança o líquido dentro da boca e devolve ao copo. Eu me levanto e levo tudo de volta ao banheiro.

— Bom, está um pouco tarde e eu tenho que dormir, amanhã darei um jeito de conseguir um telefone e o contato de Homeland. Você está bem? Precisa de mais alguma coisa que não seja eu soltá-lo? — pergunto caminhando em direção ao guarda roupas e pegando mais uma coberta.

— Não. — responde somente e então eu me deito ao seu lado, tentando manter a maior distância possível.

Não quero que ele comece de novo com aquela merda de eu querer molestá-lo.

— Eu preciso dormir ao seu lado, não tem outro lugar. — ele não responde e quando olho para seu rosto, seus olhos estão fechados.

Ele se acalmou. Respiro fundo. Ainda bem, está tudo sob controle. Amanhã vai dar tudo certo, eu vou conseguir contato com Homeland e logo ele estará com os outros Novas Espécies em segurança.

Bocejo e caio no sono.

Duas horas depois eu acordo, totalmente indisposta e com o corpo dolorido por ter ficado estática durante toda a noite a fim de não encostar em Gross e ser acusada de suas tolices.

Ele ainda dorme pesadamente, me levanto silenciosamente, vou ao banheiro, tomo um rápido banho, escovo os dentes e visto minha roupa de trabalho. Olho para ele novamente e sei que deveria soltá-lo... Um pensamento logo vem a minha mente fazendo a culpa me consumir. Ele vai precisar ir ao banheiro e eu não poderei fazer ele ir algemado. Não tem outra opção, terei de soltá-lo. Mas até lá já estará tudo encaminhado para que ele seja encontrado.

Mas e se ele fugir?

Droga... Minha mente está em conflito. Mas eu simplesmente não posso ir trabalhar, ficar tanto tempo fora e deixá-lo sem fazer suas necessidades básicas. Seria desumano, eu não fiz tanto por ele para errar logo agora.

Solto uma lufada de ar e decido por fim, soltá-lo. Se ele for inteligente não irá fugir.

Antes de tudo, eu deixo algumas coisas para ele comer em cima da mesa, como por exemplo frutas, pão e biscoitos. Volto para o quarto, pego a calça e a camisa que comprei para ele e coloco em cima da cama sem colchão, por fim, busco a chavinha da algema e o solto.

Ele parece ter um sono bem pesado pois não se mexe por nada, ou apenas não dorme bem há anos. Verifico sua pulsação e ele respira normalmente. Sendo assim, saio de casa em direção ao meu trabalho com minha caminhonete velha.

— Onde eu fui me meter? — pergunto a mim mesma no caminho.

Eu mal desligo o motor quando um carro preto estaciona ao lado do meu na garagem da cafeteria. Maik para ao meu lado assim que eu desço da caminhonete e ele desce do carro dele. Solto um suspiro frustrado. Eu realmente não quero lidar com ele hoje, pensei que nunca mais o veria desde o mês passado quando tentou me beijar e eu bati nele. 

Eu só quero trabalhar, conseguir um telefone e ligar para Homeland vir buscar o Gross. É estranho, mas para mim agora é caso de prioridade conseguir que ele esteja seguro.






Olaaaaaa  ❤️❤️❤️

Espero muuito que tenham gostado do capítulo ❤️❤️❤️

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Amo vcs ❤️❤️

3 - GROSS - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora