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Victoria

Já se passaram algumas horas, eles finalmente terminaram os reparos no helicóptero e disseram que irão partir amanhã assim qua o sol nascer. Eu me afasto observando de longe enquanto os quatro Novas Espécies comem com gosto o jantar que eu preparei.

Me afasto lentamente e me sento no meu banquinho, aquele que eu sempre sentava para olhar as estrelas e consequentemente chorava, observo a tela com a pintura de Gross quase pronta, ela ainda está no mesmo lugar, meus olhos se enchem de lágrimas mas não sinto mais aquele vazio horrível do início.

Ainda sinto muita falta da minha mãe, faz cinco anos que ela se foi, mas a dor não passou. As lembranças de sua morte causada por um maldito câncer, vem para mim trazendo a bagagem do que aconteceu logo em seguida, que foi quando meu maldito pai me vendeu.

Foi naquele fatídico dia, que tudo começou a dar errado em minha vida.

Mas agora... Com apenas poucos dias desde que encontrei um Nova Espécie em meu quintal, não sinto-me mais uma mulher depressiva que queria chorar até dormir, que deixava os fantasmas do passado me consumir, Gross preencheu esse vazio em meu coração.

A intensidade do meu sentimento por ele em tão pouco tempo me assusta, principalmente quando a ideia dele ir sem mim, me deixa com o coração doendo.

Encaro o céu escuro e um arrepio percorre minha pele, eu darei a Gross a única resposta possível mas sabendo que eles partirão ao nascer do sol, me faz lembrar de algo que me preocupa, meu emprego, não posso deixar o café na mão assim, de repente.

Eu ao menos tenho um telefone para comunicar ao meu chefe ou a Flora, que eu não irei mais. Isso começa a me inquietar porque tenho medo de que os outros não queiram me esperar até que eu vá pelo menos até a casa do meu chefe, já que ele nunca vai ao seu próprio estabelecimento e avisá-lo que estou partindo e se quer ficarei para o expediente do dia.

Eu poderia ir agora, a noite, mas já são quase dez horas, até eu chegar lá será dez e meia. Talvez ele ainda esteja acordado e eu consiga avisá-lo e ele consiga comunicar a Flora. Massageio minha testa, com uma dor de cabeça de preocupação querendo aparecer.

— Você está bem? — a voz de Gross chama minha atenção, olho para ele e lhe dou um sorriso.

— Estou e você? — respondo e ele se abaixa na minha frente.

— Eu também. Sua comida estava maravilhosa, a melhor coisa que já comi. — sua expressão contente e tranquila, faz meu coração doer de uma forma tão boa.

— Ah, obrigada. Que bom que você gosta da minha comida. — acaricio o braço dele.

— Você disse que não estava com fome, está tudo bem mesmo? Você está quieta e tensa.

— Só estou pensativa e um pouco preocupada.

— Com o que?

— Tenho que comunicar ao dono do café que eu não irei mais trabalhar, então tenho que chegar lá às cinco da manhã para o expediente do dia e acho uma tremenda sacanagem eu não ir mais sem nenhum aviso com antecedência.

Surpresa toma suas feições.

— Então, você... — hesita — Virá comigo?

— Sim, eu irei. — respondo convicta e um sorriso se espalha pelo seu rosto bonito.

— Sim? — repete, sorrindo.

— Sim, Gross, mil vezes sim. — me jogo em seus braços.

Ele me ampara, abraçando meu corpo.

3 - GROSS - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora