Novos aliados.

398 63 107
                                    

Emma, Ray e Norman explicaram ainda mais toda a situação que estava acontecendo. Desde o dia em que Norman apareceu em sua varanda, até suas teorias do porquê ele estar aqui.

— Você está nos dizendo que já conheciamos ele? — Gilda perguntou, espantada. Emma acenou com a cabeça.

— É a única coisa que pode explicar o fato de nós conseguirmos vê-lo. — a ruiva sentenciou.

— O que vocês estavam fazendo no Parque Central, afinal? — Don fez a pergunta que todos queriam. Ray suspirou, pegando o famoso caderninho preto e o jogando para o menino pegar.

— Criamos uma espécie de lista para visitar lugares famosos, uma tentativa de ajudar Norman a lembrar de alguma coisa de sua vida passada. — ele explicou, enquanto Gilda e Anna se inclinavam na direção de Don para lerem o que estava no caderno também. —  Entretanto...

— Entretanto...? — Anna repetiu, olhando curiosa para Ray. Ele suspirou, derrotado.

— Entretanto eu não me lembrei de nada. — Norman tomou a dianteira, mexendo as mãos de forma nervosa. — É como um grande branco quando eu tento lembrar de algo, sabe? Eu sei que minhas memórias estão em algum lugar aqui, mas eu simplesmente não consigo acessá-las.

Anna lhe ofereceu um sorrisinho compreensivo, enquanto assentia com a cabeça.

— Nós vamos achar uma forma, não desista. — ela adicionou, seus olhos voltando rapidamente para as folhas do caderno. — Aqui diz que você só lembra do seu nome. Como você lembrou?

Norman explicou brevemente que havia ficado chateado no primeiro dia quando Emma perguntou a ele seu nome, e ele não soube o que responder porque não sabia. Ver a irritação da menina ruiva enquanto ela fechava a porta do quarto, fez um grande sentimento de culpa crescer em seu peito. E então, depois de alguns minutos, uma palavra simplesmente começou a piscar em sua mente. Norman. Norman. Norman. Ele demorou um pouco para perceber que aquele era seu nome.

— Hmm... — a loira murmurou, batucando os dedos em seu queixo, pensativa. — Talvez... Essa emoção forte de culpa tenha despertado alguma memória sua. Você disse que se sentiu muito culpado por não saber seu nome. Talvez sentimentos fortes no geral, acabem fazendo seu cérebro buscar por uma resposta, e acabar acordando alguma lembrança adormecida no processo. — ela finalizou, congelando em seguida no lugar ao ver todos olhando para ela com olhares de admiração e surpresa. — E-eu disse algo errado?

— Anna! — Emma ofegou, indo até a irmã e a sacudindo pelos ombros de tão animada que estava. — Isso é brilhante! Agora sabemos de que jeito acessar as memórias de Norman!

— É apenas uma teoria, você não deve levá-la a sério. — a loira retrucou de volta, a voz levemente tremida pelos chacoalhões de Emma. — Emma! Eu estou ficando tonta!

— Mas de qualquer forma faz muito sentido, Anna. — Ray interveio, vendo como Emma enfim largava os ombros da pobre menina. — Isso pode nos ajudar, é incrível!

A loira teve a graça de corar, enquanto desviava o olhar para o chão.

— Qual é o nosso próximo passo, então? — Gilda perguntou, mas ninguém pode responder, porque Don começou a rir.

Ele não somente ria, ele estava gargalhando. Ao ponto de perder o fôlego e não reproduzir nenhum som, apenas uns ofegos.

— Ih, bicho louco. Qual foi, endoidou de vez? — Gilda cutucou o amigo.

Don ainda riu durante um tempo, antes de parar e enxugar algumas lágrimas enquanto balançava a cabeça.

— Não, é só que... — ele começou, rindo mais um pouco no processo. — Quando a Gilda veio me falar que vocês dois estavam agindo de forma estranha, eu jurava que vocês estavam namorando escondido ou coisa do tipo. — Don ofegou, buscando por ar. — Mas ver que tudo isso se tratava de um fantasma é realmente hilário.

Emma e Ray estavam chocados. Eles simplesmente pararam no lugar, seus olhos arregalados.

— PELO AMOR DE DEUS, NÃO! — os dois gritaram juntos, parecendo horrorizados. Você podia ouvir a risada abafada de Norman ao fundo.

— Ray é meu melhor amigo, eu não o vejo como um futuro namorado! — Emma exclamou, agitando os braços. — Eca, isso seria estranho. — ela fez uma careta.

— E essa Shrek feminina é quase como uma irmã para mim! — Ray entoou, apontando para Emma, que estava indignada agora.

— SHREK FEMININA É A TUA AVÓ!

Por algum motivo, os outros começaram a rir também por causa da implicância daqueles dois. Risadas espalhafatosas, e nem um pouco contidas.

Estranhamente, os seis sentiram um sentimento familiar crescendo no peito.

— Chegamos! — uma voz anunciou, e em seguida a porta abriu, revelando uma Dina cercada por sacolas. Phil estava ao seu lado, carregando uma quantidade bem menor de sacolas. — Oh, olá crianças, eu não sabia que vocês estavam aqui também! — ela cumprimentou, se referindo a Ray e Don. — Querem ficar para o jantar? 

Os dois meninos balançaram a cabeça, ainda meio ofegantes por causa das risadas.

— Ah pronto, agora minha casa virou um clube para pirralhos. — Yuugo debochou, quando apareceu na entrada da porta, Carol estava em seu colo, comendo - o certo seria babando. - uma embalagem de chupeta. Dina fez uma careta, se aproximando do marido e tirando a bebê de seu colo.

— Yuugo, por que você deixou a Carol colocar isso na boca? — ela repreendeu, puxando para longe a embalagem. Carol choramingou, estendendo os bracinhos para tentar recuperar o que estava em sua boca.

O homem deu de ombros, ajudando Phil a colocar algumas sacolas para dentro.

— Acho que tem mais um dente querendo nascer, ela precisava de algo para morder, então por que não uma embalagem de chupeta? — ele retrucou.

— Mordedores existem para isso! — Dina chiou, enquanto balançava uma Carol chorosa em seu colo. — Emma, você pode acalmar Carol, por favor? E Gilda, Anna, me ajudem com as compras, sim? — ela pediu gentilmente, vendo as três garotas acenando com as cabeças, já começando a se moverem. — Vocês dois, vão ficar ou não para o jantar?

Ray negou com a cabeça, já puxando sua mochila e a colocando nas costas.

— Obrigado, Dina. Mas dessa vez eu passo. — ele recusou, vendo Don também se levantar do tapete.

— Eu realmente gostaria de ficar, Sra. Valley, — o moreno começou, recebendo um tapinha na cabeça por parte de Ray. — mas sabe como é, minha mãe não gosta que eu fique fora até tarde. — ele acenou, se virando para Anna, Emma e Gilda. — Tchau, meninas!

— Tchau! — elas responderam de volta. Ray apenas acenou e quase caiu quando Yuugo colocou um pé "sem querer" no seu caminho.

— Eu ainda quero saber o que você fez hoje com a minha filha, Ciclope. — o homem cantarolou, enquanto encarava Ray com um sorrisinho perigoso.

— Relaxa, velhote. — o garoto deu dois tapinhas no ombro do homem. — Na melhor das hipóteses nós invadimos um banco. — e ele saiu, deixando um Yuugo emburrado para trás.

— Antena, você precisa seriamente rever suas amizades! — ele gritou para filha, que apenas riu.

Norman observeu a forma como a família de sua nova amiga se mexia, era tudo muito movimentado e agitado, todos conversando entre si enquanto ajudavam a guardar as compras.

Mas ele não fazia parte daquilo. Ele era um fantasma, e só era visível para Emma, Anna e Gilda. Somente.

Norman flutuou, atravessando o teto e chegando no segundo andar, parando exatamente na varanda do quarto de Emma. Ele se encostou na parede do pequeno cômodo, soltando um suspiro. Felizmente, Emma não pareceu notar.

Às vezes Norman se amaldiçoava por ter voltado ao mundo humano e ser um fantasma.

━─━─━─━「₪」━─━─━─━

Minhas aulas vão voltar dia 8, então não estranhem caso as atualizações não sejam tão frequentes.
👍👺

Quem é você?Onde histórias criam vida. Descubra agora