Uma decepção, uma nova chance.

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— Você sabe, existem muitos Norman's por aí.

— Eu tenho noção disso. — Ray revirou os olhos, teclando no computador. — Mas se fizermos uma pesquisa com filtro nossas chances aumentam cinco por cento.

Emma e Norman haviam acatado com a ideia - louca? - de Ray, de procurar o nome do albino na internet em busca de alguma base.

Agora os três estavam em frente ao computador de Emma, Ray sentado na cadeira giratória enquanto a ruiva optou por um puff que estava ao lado da máquina. Norman estava simplesmente flutuando em uma posição sentada ao lado de Ray.

— Pesquisa com filtro? — Emma perguntou, olhando com curiosidade para o computador.

— Sim. — o moreno concordou com um resmungo, seus olhos nunca deixando a tela. — Sabemos que o Norman está, possivelmente, morto. Então podemos procurar por acidentes que deixaram vítimas. — ele explicou, vagamente. — Além de que, julgando pela sua aparência, eu diria que ele tem doze, se duvidar, treze anos. Então podemos procurar por acidentes que aconteceram nos últimos anos.

— Mas e se Norman tiver vivido no século passado? — a ruiva exclamou, quase caindo do puff.

— Eu não acho que alguém do século passado teria tanto conhecimento sobre as tecnologias do nosso século. — o moreno zombou, erguendo uma sobrancelha, voltando sua atenção para o eletrônico.

Emma resmungou alguma coisa inaudível em resposta.

— Achou alguma coisa? — Norman perguntou, se inclinando para perto do computador.

Ray bufou em resposta, seus olhos muito focados na tela, e suas sobrancelhas unidas.

— Não. — ele declarou, teclando mais agressivamente e recebendo um olhar de "Se-você-quebrar-meu-teclado-eu-quebro-sua-cabeça" vindo de Emma. — Apenas algumas celebridades de bosta que eu nunca ouvi falar.

— Ei, Norman Reedus é um ótimo ator! — a menina ruiva gritou em protesto, apertando os olhos para ler as informações no computador.

— Ele fez The Walking Dead. — Ray retrucou.

— The Walking Dead é uma ótima série!

— A primeira temporada. Depois disso cinquenta por cento da série são eles fugindo dos zumbis e os outros cinquenta por cento são os zumbis invadindo lugares aleatórios. — veio a resposta de Ray.

— Por que você não vai arrumar algo para fazer e me deixa em paz com a minha série, Ray? — Emma urrou, arrancando gargalhadas de Norman e Ray.

— Ei, vocês não tinham mais nenhum tópico para me explicar? — Ray perguntou.

— Oh, sim! — Norman estalou os dedos, como se lembrasse de algo. — Certo, tópico três: Por que só a Emma consegue me ver?

— No caso, você também pode vê-lo agora, Ray. — a menina tagarelou. — De qualquer forma, nós acreditamos que seja porque estivemos, de alguma forma, ligados à vida de Norman antes de ele morrer. 

Ray parou abruptamente, seus dedos no ar, não chegando nem a tocar na teclas do teclado. Ele olhou pasmo para Emma, depois para Norman, depois para Emma de novo.

— Você está me dizendo que nós já conhecemos o Norman? — o menino indagou, quase gritando.

Emma apenas assentiu com a cabeça.

— Isso é loucura! — Ray exclamou, agitando os braços. — Eu nunca vi ele na vida! — ele se virou para o fantasma agora. — Sem ofensas.

Norman pareceu não se importar, porque apenas deu de ombros, uma expressão de indiferença no rosto.

— Não ofendeu. Eu também não me lembro de te conhecer. Se bem que eu nem sei quem eu fui em vida, logo minha opinião foi automaticamente anulada. — ele brincou.

— Mas nossa teoria faz sentido, Ray. — Emma esclareceu. — Veja, minha mãe vive entrando no quarto e em nenhuma das vezes ela viu Norman. Nós temos que ter alguma ligação com Norman e sua vida passada.

Ray resmungou alguma coisa sobre "Teorias são apenas teorias, não se deve levar a sério", antes de voltar seu trabalho com o computador.

— Acho que vocês devem adicionar um quarto tópico em sua lista. — ele disse de repente, Norman e Emma olhando para ele em confusão. — Quatro: Qual é a pendência de Norman? Quer dizer, — o moreno começou, vendo a confusão da ruiva, enquanto o fantasma apenas parecia pensativo. — se estivermos levando a sério a teoria de que Norman está com alguma pendência...

— Nós precisamos saber 'o qur' é essa pendência. — o espectro terminou, Ray balançando a cabeça em concordância.

— Mas para isso nós precisamos voltar para o tópico dois: Quem era Norman em vida? — a menina ponderou, pegando a linha de raciocínio dos dois amigos. Ela se virou para Ray. — O que você conseguiu com as pesquisas?

Ray suspirou cansado, inclinando a cabeça para trás e apoiando as costas na cadeira. Ele estalou os dedos.

— Nada. — o menino por fim declarou. — Alguns acidentes aqui e ali, mas nenhuma das vítimas bate com a aparência ou idade do Norman.

Silêncio. Emma abaixou a cabeça pensativa, enquanto o fantasma encolhia os ombros, se sentindo derrotado.

— Obrigado de qualquer jeito, Ray. — Norman disse ao menino, pousando a mão em seu ombro. — Você tentou seu máximo, e eu aprecio isso. Obrigado, realmente.

Ray trincou os dentes, se recusando a admitir que não havia conseguido obter o que queria.

Mas o que ele queria?

Ajudar o Norman, não é óbvio? Sua mente debochou.

Sim, ele queria ajudar Norman. Como? Ray ainda não sabia, mas ele vai achar um jeito.

— Exploração! — Emma exclamou de repente, levantando do puff e o fazendo cair. — Vamos explorar as ruas, levar o Norman para fora!

Ray e o fantasma trocaram um olhar confuso, arrancando um bufo da ruiva.

— Vamos sair com Norman, levar ele para as ruas. Podemos visitar casas, e construções, lugares no geral! — ela continuou, agitando as mãos. — Talvez se fizermos isso...

— Eu possa me lembrar de algo. — Norman completou, seu rosto brilhando em compreensão. — Isso é brilhante, Emma!

— É claro! — Emma concordou. — Você já morou aqui, ou na região. Se visitarmos pontos turísticos, talvez algo em suas memórias clique e você se lembre de algo.

— Mas, — Norman arriscou. — e se isso não der certo? Há grandes chances de eu não sentir nada visitando todos esses lugares.

— Essa é nossa melhor chance. - Ray interrompeu o desvaneio do novo amigo (ele já pode chama-lo assim?) — Então é melhor começarmos a trabalhar.

Emma inclinou a cabeça para o lado, confusa.

— "Começar a trabalhar?" — ela repetiu.

— Vamos fazer um tour pela cidade com o Norman, e para isso temos que elaborar um mapa de que pontos queremos visitar. — o moreno disse, um sorrisinho irônico nos lábios. — Pegue seu caderno e lápis, Emma. Nós temos trabalho a fazer.

Oh sim, ele iria entrar nessa com Emma e Norman, custe o que custar.

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