Como explicar?

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Foi Dina quem o atendeu assim que ele tocou a campainha da casa onde sua melhor amiga morava.

— Oh, Ray! — a mulher prontamente saudou, um grande sorriso em seus lábios. — É bom te ver querido, entre!

Embora Ray conhecesse Emma desde pequeno, ele ainda se sentia envergonhado ao ir na casa da menina. Sabe como é, emos e seus problemas sociais.

— Por favor, ignore a bagunça. — a loira pediu, assim que fechou a porta. — Eu resolvi ficar com Carol esses dias de folga, e ela tem muita energia. — ela cantarolou, recolhendo alguns brinquedos de Carol.

— L-ay! ~ — não demorou para a criança encontrar o menino, e chiar de alegria. Ela veio engatinhando rapidamente em sua direção. — L-ay! Lay!

— Ei, Carol. — Ray bagunçou o cabelo ruivo da bebê, arrancando risinhos infantis. A semelhança entre ela e Emma era gritante, não era à toa já que ambas eram irmãs biológicas.

Dina riu docemente, antes de puxar Carol para seu colo.

— Um dia ela acerta seu nome, Ray. — ela brincou, cutucando carinhosamente o narizinho de Carol. — E então, veio falar com alguém em específico?

— Na verdade, eu vim entregar o caderno da Emma. — Ray respondeu, levantando o caderninho. — ela esqueceu na escola.

A mulher suspirou, fazendo uma singela careta preocupada, olhando para as escadas que davam para o segundo andar.

— Emma está tão estranha ultimamente. — Dina murmurou, abaixando a cabeça. — Avoada e distraída, e meio atrapalhada. Mais do que o normal.

Ray ofegou.

— E-então você percebeu também? — ele indagou, se repreendendo mentalmente por ter feito uma pergunta tão boba.

A loira apenas balançou a cabeça, ajeitando Carol no colo. Em seguida, ela lhe ofereceu um sorriso.

— Boa sorte, Ray. Espero que você consiga tirar ela daquele quarto. — ela disse, feliz. Ray assentiu.

— Dina! — Phil veio correndo dos fundos, seu cabelo com algumas folhas e galhos perdidos. — Anna está perguntando onde estão as luvas de jardinagem.

— Não estão no quartinho? — a loira perguntou, recebendo um balanço em negação de Phil. Ela bufou. — Yuugo deve ter colocado em algum lugar.

Dessa vez, ela se virou para Ray.

— Fique à vontade, Ray. Eu vou estar no jardim dos fundos com Phil e Anna. Eles estão plantando Astromélias.

Ray apenas balançou a cabeça, observando Phil, Carol e Dina cruzarem a porta dos fundos juntos.

O menino subiu as escadas em passos leves, não querendo fazer muito barulho para não alertar Emma de sua chegada.

Ele caminhou pelos corredores do segundo andar, seu olhar vez ou outra caindo nas fotos de família espalhadas pelas paredes. Ray parou na frente da porta do quarto de Emma, hesitando por alguns minutos.

O que Emma pensaria quando o visse? Ela ficaria furiosa por ele estar tentando investigar mais sobre sua vida? Ela-

— N-Norman...! - Uma gargalhada tirou todo o foco dos seus pensamentos. Espera, aquela risada era de Emma?

Ray se inclinou para frente, colando o ouvido na porta, tentando ouvir melhor.

— Emma! — outra gargalhada. De quem era aquela voz?

O que diabos...?

Mandando toda sua sutileza 'pro inferno, Ray abriu a porta do quarto de Emma com tudo, quase quebrando-a no processo.

Só para sentir seu corpo inteiro gelar ao ver a cena à sua frente.

Emma estava sentada no tapete felpudo do quarto, vários livros e papéis espalhados ao redor. Ela estava ofegante e corada, o sorriso brincalhão em seu rosto murchando no momento em que encontrou os olhos de Ray.

— Ray...?! — a ruiva gritou, pulando no tapete.

Mas não foi o fato de Emma estar cercada de livros velhos que fez o menino estreitar os olhos e fazer uma careta.

Porque ao lado de Emma, estava uma figura branca. Um menino. Ele também tinha as bochechas coradas - embora em um tom muito mais claro do que o da ruiva. - e uma expressão confusa e surpresa se espalhou em seu rosto assim que ele encontrou os olhos de Ray o encarando.

Quem diabos...?

— Ray, eu... — Emma começou, mas foi interrompida pelo barulho da porta sendo fechada. Ray se aproximou em passos lentos e calculados.

— Eu trouxe o seu caderno. — ele simplesmente disse, levantando o objeto. Os olhos de Emma pareceram brilhar de alívio. — Agora você vai me explicar o porquê de estar escondendo um garoto na sua casa.

O alívio de Emma sumiu na mesma velocidade que apareceu, todo o seu ser sendo invadindo por um nervosismo que fez sua barriga revirar.

Como explicar?

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Uma curiosidade: Astromélia significa amizade duradoura.

AGORAM FAÇAM SUAS TEORIAS, ESTOU INDO EMBORA.

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