Parte 2

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Eram quase onze horas da noite quando o carro de Mary parou frente ao luxuoso hotel. A animação do começo tinha diminuído, entretanto, dúzias de convidados e curiosos ainda se encontravam de um lado e de outro da entrada.

– Você está pronta? – perguntou Alice, ajeitando o cabelo solto no banco do passageiro.

Mary olhou seu reflexo no retrovisor, arrumou sua cabeleira corte social cor castanho-grisalho, e com uma sensação excitante na barriga, respondeu:

– Perfeitamente.

Dito isso, elas abriram a porta e saltaram pra fora para o ar frio da noite. Um dos empregados do hotel já estava pronto para receber.

– Boa noite, senhor. – disse polidamente. – Seja bem-vindo.

Mary apenas acenou com a cabeça e entregou as chaves do carro pro rapaz.

Ótimo. Ele não notou.

Alice, com seu vestido preto de veludo, decotado, de mangas compridas e colar de pérolas simples no pescoço, contornou na frente do carro indo na direção de Mary.

– E aí? – sussurrou.
– Até agora, tudo certo. – devolveu Mary do mesmo modo, arrumando o paletó do seu smoking um pouco folgado.

A loira alta sorriu, acomodou a bolsinha debaixo do braço e chegou-se mais perto de Mary esticando os braços.

– O cabelo e a barba com bigode estão perfeitos. – disse, ajeitando a gravata borboleta da morena.

Os lábios sem batom de Mary abriram-se num sorriso, e ela falou:

– Foram algumas horas bem gastas no salão masculino.
– Não esqueça. Nada de mexer muito estes quadris.
– Sim.

Elas respiraram fundo, e a loira pegou de volta a bolsinha na mão esquerda.

– Vamos lá? – perguntou a Cooper.

Mary ofereceu um braço direito, e Alice botou o seu esquerdo entre ele.

– Vamos.

O empregado levou o carro para o estacionamentos, conforme elas deslocavam-se para a entrada do suntuoso hotel, furando a pequena fila dos convidados, o recepcionista,  um homem de aspecto notável, alto, com uma barba preta quadrada, pálido e bem vestido, tinha acabado de atender os convidados anteriores, e sem perceber a infração, logo olhou pra elas.

– Boa noite, senhores. – cumprimentou cortês, segurando um tablet. – Nomes, por favor.

As repórteres se entreolharam rapidamente.

– Cooper – disse a loira. – Alice Cooper.

Não demorou muito para o homem achar o nome dela, o primeiro do alfabeto na lista. Ele levantou os olhos da tela acesa.

– Certo, senhora. – confirmou. Olhou para Mary. – E o seu, senhor?

Elas sentiram juntas uma pontada no estômago. Mary começou a pigarreiar, um harrum teatral, na intenção de preparar suas cordas vocais para um tom mais grave.

Alice ergueu o queixo.

– Harold Cooper. – a loira apressou-se em dizer. – Meu acompanhante.

Mary parou de tossir, e encarou em expectativa o homem enquanto este tornava sua inspeção para a lista. Depois de alguns segundos, voltou balançando a cabeça.

– Desculpe, senhora. – falou ele. – Não há este nome aqui.

Alice fechou a cara. Mary, vendo seus planos serem suplantados, curvou a cabeça, e girou no calcanhar, mas logo a mulher puxou o seu braço cruzado, posicionando-a para o lado dela.

Collision With LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora