Capítulo 28

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Na manhã seguinte, sentada em sua cadeira na redação do The Greendale Gazette, Zelda tentava trabalhar normalmente. A ocupação parecia cair-lhe como uma luva, diante de todos os seus problemas que tivera no dia anterior.
A luz preenchia o espaço daquele escritório aberto de janelas altas. Ecos de passos, vozes, telefones tocando e rádios reverberando pelo espaço aberto enquanto ela trabalhava.

O barulho suave do fax em cima da escrivaninha trouxe-a de volta para a realidade. Distraída, estendeu o braço e pegou as páginas que acabavam de chegar pelo aparelho. Enquanto o aparelho de fax continuava atirando páginas e mais páginas, a repórter pegou o celular da superfície da mesa, olhou para a tela e franziu a testa. Uma mensagem de Marie. Ela leu.

Bonjour ma dame! Tive uma intercorrência inesperada nos nossos planos. Problema esse que me trouxe até aqui no Haiti.
Sinto muito suspender nossas investigações, talvez eu demore neste país…
Toda sorte a você.

Zelda soltou um forte suspiro. Os planos mal tinham começado, pensou a repórter. Tornou para o fax, e quando ia apanhar os papéis, ouviu um barulho vindo de trás. Virou a cadeira giratória, e viu um dos repórteres ajuntando alguns papéis do chão, mas seus olhos também observaram a possível causadora daquele incidente.
Em longos passos Mary andava como um furacão naquele escritório aberto, passando pelas mesas dos colegas jornalistas, indo para a sala da copa com um papel na mão. Zelda a observava até a mulher sumir. Intrigada, levantou da cadeira, e seguiu a outra repórter. Antes de entrar na copa, ela passou a mão pela saia e ajeitou a camisa de seda
Entrou na copa sem a morena notar. Mary falava com alguém pelo telefone. A ruiva pausou ficando em silêncio alguns poucos metros atrás dela.

— A mochila não é uma das provas conviventes contra ele, Alice. Sim, entrei na casa dele, porém, não foi possível registros de imagens do lugar, surgiu um imprevisto urgente. Saí de lá às pressas. — Mary deu uma pausa. — Me escute. Depois nos falamos melhor. Até depois.

Mary desligou o telefone, respirou fundo, enquanto botava os pensamentos em ordem.

— Eu poderia saber de quem se trata? – perguntou Zelda como se fosse uma pergunta casual.

Mary tomou um susto. Olhou para trás, através do ombro.

— Se Sabrina está envolvida nisso — continuou Zelda. — precisa me informar o que ocorreu.

Mary voltou-se pra ruiva. Deu um oi tenso, nem tentando esconder sua irritação. Assim que a morena se virou, Zelda a fitou. Depois do olhar arregalado ao ser surpreendida pela beleza de Mary, ela disfarçou admiravelmente bem seu interesse. A morena usava um lindo vestido preto até os joelhos, calçada de salto alto, exibida seu simples e charmoso delineado, e os lábios preenchidos com seu chamativo batom vermelho.

Zelda caminhou lentamente em direção à mulher. Havia elegância na maneira como ela se movia. Quando parou alguns centímetros da outra repórter, pôs a mão no quadril. Mary observou ela. Zelda tinha uma graça no queixo arrogante e na cabeça erguida, que inspirava certo respeito e admiração. Os olhos da ruiva procuraram por uma resposta, mas tudo o que viram na Sra Wardwell, foram os maxilares contraídos, e uma expressão severa em seu rosto. Ela conhecia a outra repórter o suficiente para saber que seu estado não estava normal. Enrugando a testa, chegou um pouco mais perto dela. Podia enxergar o pequeno vaso pulsando de forma irregular em sua têmpora, ao mesmo tempo que sentia o aroma irresistível da mulher que a fitava.

— O que está acontecendo com você? — questionou Zelda, sua voz estava mais baixa.

O tom de voz de Mary soou bem sério.

— Minha matéria não foi aceita pelo chefe editor.

Zelda olhou para os papéis que a morena segurava com a mão direita.

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⏰ Última atualização: Mar 20 ⏰

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