Capítulo 4

413 44 21
                                    

A manhã encontrava-se brilhosa no sábado, trazendo consigo um céu azul límpido. Embora o dia prometesse ficar melhor, as circunstâncias diziam o contrário.
Ainda circulava por todo o canto, sobre a morte trágica de Connor Kemper. Pessoas pedindo por justiça em todos os canais televisivos.
Nas notícias matinais, mostravam as declarações emocionantes, tanto de amigos, como dos familiares do jogador.

Mary olhava atentamente para uma declaração em especial, pela tv embutida na parede da cafetaria que ficava ao lado do jornal.

Jerathmiel, mais conhecido como Jerry, era o nome dele.

Oh como ele atuou tão bem durante o velório e enterro, ao lado dos Kemper. Quase pulando para ser enterrado junto com o morto.

Sim, a morena coletou algumas informações secretamente à respeito daquele jovem ator "prodígio".

- Mentiroso. - murmurou ela, sentada na mesa redonda, perto da vitrine.
- Quem é mentiroso, querida? - perguntou Francis, curioso, enquanto tomava seu café espumante, de frente pra ela.

Ele girou a cabeça pro televisor observando a tela por alguns segundos, logo depois voltou com um sorrisinho.

- E bonito. - disse ele. - Olhe este rosto. Parece até um anjo.

Mary riu, e Francis não pôde ficar de fora.

O celular dela vibrou em cima da mesa, e seus lábios vermelhos vibrantes abriram-se num sorriso, quando viu de quem vinha a mensagem.

- Hum... Adam. - brincou o amigo.

A repórter pegou pra responder.

- Pronto. - disse ela, após digitar. - Chegou agora na cabana. Noite trabalhosa no hospital geral de Riverdale.
- Pobre Dr. Masters. - falou Francis, num tom sincero.

A morena suspirou, dando um leve sorriso, e continuou tomando o resto do seu café expresso na xícara.

Mary sentia falta de passar mais tempo com o noivo. A melhor escolha que fizera, foi ter deixado de ensinar História Cívica em New Hampshire, quando eles moravam lá. Agora, ela estava no ramo do jornalismo à 2 anos. O que teve um efeito totalmente satisfatório, pois assim, ela podia ocupar-se mais, de modo que não ficasse na sua casa, solitária, esperando por Adam.

Na verdade, ser uma repórter esteve na mente dela por um tempo; contudo, História foi seu grande primeiro amor. Mas, quando veio a oportunidade única de entrar para o meio de comunicação, ainda em Hampshire, a morena não deixou escapar.

- Ah -  disse Francis, com animação. - fui escalado pra cobrir a homenagem que o prefeito de Greendale fará amanhã no estádio de Beisebol, para Connor.

Mary deu um tapinha na mão de Francis.

- Olha só você! - falou ela, com grande sorriso. -  Depois de mim, o melhor repórter desta cidade, é você.

Francis gargalhou graciosamente, e olhou rapidamente pra fora através da interface de vidro.

- A bruxa ruiva de Salem, chegou.

Mary girou metade do corpo pra ver, em seguida, voltou com uma careta.

A ruiva passava quase logo em frente, distraída no celular.

- Temos de admitir - prosseguiu ele, ainda olhando a outra mulher. - ela é glamourosa. Veja aquela saia lápis de couro, que graça!

Mary levou a xícara aos lábios, olhando a ruiva por cima da porcela.

- Oh - falou Francis, puxando a manga do terno, verificando a hora no relógio de pulso. - temos de ir, queridinha.

                        * * *
O destino de Francis Wotton, ficava no sexto andar, que é onde ficam os repórteres do departamento político do jornal. Foi para onde seguiu, depois que Mary saiu do elevador no primeiro andar.

Segurando sua bolsa no ombro, ela andou tranquilamente em direção á sua mesa, no espaço que parecia estar mais iluminado, pela luz natural vinda das janelas do escritório aberto.

Zelda estava sentada no seu lugar, numa conversa, ao que aparecia para Mary, animada, com Elspeth e Melvin.

Como era diferente ver a ruiva totalmente à vontade. Aqueles lábios rosados, abertos num sorriso agradável de se ver. Parecia outra pessoa.

- Olá, coleguinhas - saudou Mary alegremente, depositando a bolsa na escrivaninha.
- Oi Srta. Wardwell! - disseram Melvin e Elspeth, amigáveis.

Zelda tornou sua atenção para a tela fina do computador, sem dar um palavra.

- É... - começou Melvin, um pouco desajeitado. - é melhor voltarmos a trabalhar.
- Concordo - apoiou Elspeth, depressa.

Mary puxou a cadeira giratória, tendo cuidado com o seu vestido preto, tubinho formal, e sentou.

- Srta. Spellman - disse Elspeth, antes de sair. - nos vemos no intervalo.
- Certo. - confirmou a ruiva, voltando a olhar pra jovem
. - Até lá, querida!

O telefone fixo de Zelda, tocou.

- Jornal The Greendale Gazette, repórter Zelda Spellman, falando.

A morena olhou pra ruiva, disfarçadamente, enquanto ela balançava a cabeça positivamente, em seguida, desviou rapidamente.

- Tudo bem. Estou subindo.

Zelda desligou, com uma expressão preocupada no rosto.

Então, tomando fôlego, ela levantou pra deslocar-se para o elevador. Naquele momento, não tinha mais ninguém nos telefones. Mas ela ouviu um tocando, gradativamente, conforme caminhava na metade do caminho.

- Espere. - exclamou Mary, enquanto dava passos largos com seu salto. - Vou com você.

                         * * *
- Sim, Chefe. - disse Zelda, quando abriu a porta do escritório. - Estamos aqui.

Elas entraram, e Mary fechou a porta logo atrás.

A situação do chefe editor, era de puro estresse. Seu ralo cabelo da frente meio bagunçado. Mangas enroladas até o cotovelo, com o colarinho frouxo da camisa, e o  rosto vermelho de enfurecimento, atrás de sua mesa.

- Olhem - ele jogou um jornal na ponta da mesa.

As duas se aproximaram da mesa, e leram Greendale Daily News. O jornal local concorrente.

Zelda pegou o papel, e abriu numa seção onde havia imagens ótimas desde o velório até o enterro. Mary ficou perto dela, visualizando também, em seguida, afastou-se um pouco, apoiando uma mão no queixo.

- Aquele filho da puta do chefe editor - disse ele num tom alto -  Só faltou fotografar o rosto do morto no caixão.
- Eu bem que procurei pelo sujeito que vi no outro dia. - falou Mary. - Hawthorne. Mas não tinha sinal dele lá.

Sr. Webster passou a mão no rosto, e suspirou.

- Já chega de ficarmos atrás. - disse ele um pouco mais calmo. - E pra isso, conto com vocês duas.

Zelda lançou o jornal na mesa, depois cruzou os braços.

- Como? - disse ela, enrugando a testa, com lábios num traço reto.
- Mary mencionou o nome de um jovem... como é o nome dele mesmo?

- Jerathmiel. - disse as duas ao mesmo tempo.

A morena voltou com a expressão de surpresa pra ruiva. Porém Zelda, manteve-se focada olhando pra frente.

- Sim, sim. - confirmou o chefe, balançando positivamente a cabeça. - Ele mesmo. Se seu faro estiver certo, Mary, nós podemos levantar este jornal.
- Farei o que for preciso, chefe. - disse Mary, determinada.

Webster passou o olhar direto pra ruiva, com testa enrugada esperando uma resposta.

Ela tinha opção? Afinal, seria essa a chance pela qual não poderia desperdiçar. Seria esse agora o grande recurso, o impulso, que tanto ansiava para sua carreira. Nem que pra isso, tenha que aguentar uma parceria indesejável.

Então, Zelda descruzou os braços, e erguendo a cabeça, finalmente falou, com bastante obstinação.

- Conte comigo, Sr. Webster.

Collision With LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora