Questionamento

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Olhar para ele era hipnotizante. Prendia sua atenção e fazia com que sentisse coisas estranhas, um frio na barriga, uma coceira nas mãos. Soltava suspiros se lembrando da noite passada, e sorria bobamente sempre que seus olhos se encontravam.

Como Naruto era... incrível, dedicado, apaixonante. Ele falava o que sentia sem esconder seus sentimentos, era algo que ela invejava. Admirou, demorou tanto tempo para dar o devido valor que quase o perdeu. Certo que ainda era cedo, Naruto já não era o panaca de antes, e ela, com toda certeza, não era a egoísta indecisa que um dia foi.

Se lembrar do que fez a ele era recorrente, não saia de sua cabeça. Era sua dose de tortura diária, seu aversão por si mesma. Como por agir de tal forma? Tsunade ficaria decepcionada.

Observa-lo era seu hobby. Percebia tantas coisas novas, e reconhecia outras manias antigas dele. Como deixar potes de lamén jogado pelos cantos, falar enquanto dormia.

Era tão bom ouvir seu nome saindo daquela boca. A chamando, como sussuro, gemido. O que fosse, soava como canção. Tocava seu coração, rendia sua alma e roubava seu corpo.

Não tinha armas nem defesas, estava completamente nas mãos dele. Por mais diferente que ele estivesse, Naruto jamais faria o que ela fez.

Isso a deixava mal. Chegava a pensar que não o merecia, ele era bom demais para ela.

- Me desculpe... - Sussurou ao ar.

- Pelo que? - Naruto respondeu, confuso pela fala repentina.

- Por tudo...

Foi preciso quase sua morte para ela finalmente perceber, a sensação de quase o perde-lo ainda estava quente em seu peito. Era algo que ela não queria passar de novo, e jurou pelo amor que sentia por ele, que faria até o impossível para que isso não acontecesse.

Iria protege-lo, cuidar dele. Como ele sempre fez, e mesmo agora, fazia. Esse tempo todo, a burra idiota era ela. Se enganou, e pior ainda, o machucou.

O quão quebrado ele estava?

Ele já não sorria como antes, não era escandaloso, não usava roupas chamativas, desde que acordou, não o viu com seu típico laranja. Estava sempre com a mesma expressão que parecia esconder uma enorme tristeza, seu olhar era sempre baixo.

Acaricou os bigodes de raposa do ex companheiro de time, como fez meses atrás em cima daquela cama de hospital. Ele estava vivo, e apenas isso importava, dedicaria todo seu amor, iria cura-lo das feridas que ela mesma causou. Era o mínimo.

Tinha a chance que tanto queria, aprendeu com seus erros. E mesmo que no final não ficassem juntos, estaria ao lado dele, o apoiaria. Porque é isso que deve ser feito quando se ama alguém, é incondicional.

Deixaria livre para que voasse para onde quisesse, mas se um dia a procurasse, o receberia de braços abertos. Sakura descobriu-se no amor, aflorou um lado que não enxergava antes.

Um lado mais atencioso, ligada nos mínimos detalhes. Gostava disso, sentia que podia aproveitar mais de tudo, da vida, das pessoas ao seu redor.

Quando Uri morreu, foi difícil. Julgou-se incompetente, mas Naruto lhe mostrou uma nova perspectiva, fez acreditar que até na morte, havia beleza. Como a alegria do pobre menino em seus últimos dias.

Naruto... Naruto.

Ele não saia de sua cabeça. Como dar conta de tantos papéis se só pensava nele? - Ela rodou na cadeira.

Existiam coisas mais belas do outro lado daquela janela, e uma delas, estava em algum canto da enorme vila da folha. O que Naruto está fazendo agora? - Se perguntou. Queria acabar logo para vê-lo outra vez, então se rendeu as pilhas e pilhas de papel, assinando uma após a outra.

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