Lar

572 57 36
                                    

— Nossa, isso aqui está com um cheiro horrível. — Shikamaru tapou o nariz. — A quanto tempo você não joga o lixo fora?

Os dois estavam a alguns minutos na residência do Uzumaki, e o mais perceptivel era bagunça que o local se encontrava. De fato, Naruto não era dos ninjas mais organizados, ou limpos.

— Eu ia fazer isso quando voltasse da missão, não pensei que fosse acabar em coma. — O Uzumaki torceu o nariz, o cheiro estava podre. Podia ver larvas se movendo dentro do saco preto.

— Tem roupas suas por todo canto. Merda, Naruto! Por que tem cueca sua na janela? — O Nara fez careta. — Arruma isso, cara.

— Não enche. — Naruto olhou calmamente por todo o cômodo, tinha bastante tempo que não vinha em sua casa. Aqui era seu lar, o lugar onde passou os dias mais solitários de sua vida. Era aqui onde ela podia deixar seu coração falar por si só, soltando seus sentimentos como se fosse correnteza de uma maré brava. Aqui dentro ele chorou, sentiu a solidão de não ter uma família, sentiu a escuridão tomando seu corpo. Também foi aqui que ele decidiu fazer algo para mudar tudo isso, ignorando seu sofrimento.

Na cômoda ao lado da cama, o porta retrato do time sete. Seu antigo time, ele fitou a fotografia de seus companheiros mais novos e dele mesmo, cerrando os dentes para o Uchiha. Ele quis sorrir, mas sua boca nem se mexeu, onde estava a nostalgia que deveria sentir? procurou no fundo da alma, foi até em suas lembranças da época gennin. Não encontrou nada que o fizesse ter ao menos saudades. Shikamaru o observou se aproximar devagar da cômoda, mas escorregou assim que pisou num pote de ramén. Quase indo ao chão, mas foi segurado pelo Nara.

— Calma ai, Naruto. — Shika o ajudou a se colocar de pé. — Toma cuidado.

Não conseguia nem mesmo andar sozinho. Mordeu a boca, estava machucado, inutil aos proprios olhos. Era debil, um fracasso. Olhando de relance para a foto, ele observou seus dois companheiros. Sasuke viaja pelo mundo todo, agindo e fazendo o que queria com permissão de Kakashi. Sakura chegou no auge de sua carreira como ninja médica, o status que almejou desde que a guerra acabou. E ele? o que ele conseguiu? Nada. Outra vez, sentiu raiva.

— A gente tem que arrumar essa bagunça. — A voz de Shikamaru cortou seus pensamentos.

— Tem razão. — Com uma única mão, o loiro fez os celos necessários. Explosões de fumaça apareceram por toda casa, clones idênticos seguravam pás, vassouras, alguns sacos de lixo, outro com avental, pronto pra lavar a louça suja. — Sabem o que fazer.

Eles rapidamente agiram, todos trabalhando nos afazeres de casa. Perfeitamente organizados e sem atrapalhar um ao outro.

— Ótimo, séria um saco ter que limpar tudo isso. Não é, Naruto? — O Nara observava os clones limparam tudo rapidamente. — Naruto...? Ei, cara, tá tudo bem?

— Sim, sim. Eu só... me senti um pouco tonto. — O loiro sentou na cama, sentindo tudo girar. Seu tórax queimava. — Tá tudo bem, acho que eu me movi rápido demais.

— Claro. — Shikamaru apenas deixou isso de lado. — Que tal uma partidinha de shogi enquanto seus clones arrumam essa bagunça? Pra passar o tempo, vai ser um saco ficar o dia todo aqui sem fazer nada. — Não era novidade pra ninguém que o gênio dos Nara era um preguiçoso sem precedentes.

— Cara, eu sou péssimo nisso.

— Que nada. Pra um idiota, você pode se sair bem. — O Nara provocou. — Eu jogava com Asuma-sensei antes dele falecer, mas ele sempre desistia depois de perder a primeira partida. Você é conhecido por ser persistente, esse jogo precisa de pessoas como você.

— É mesmo? Sendo assim, vamos jogar. — Naruto abriu espaço na cama, o preguiçoso sentou e colocou o tabuleiro entre eles. — Vamos deixar isso mais interessante?

SequelasOnde histórias criam vida. Descubra agora