Adeus, Naruto...

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Aquele lugar já não era tão estranho, quase que familiar. Estava um pouco diferente, mas ainda tinha aquele aspecto sombrio e abandonado. A escuridão ainda reinava, mas diferente de antes, chovia corpos do céu, de onde eles viam?

— São as pessoas que você matou. — Aquela voz infantil respondeu seu pensamento, afinal estavam em sua mente.

— Foi necessário... — Era como se ele tivesse dando satisfações ao seu antigo eu, aquele menino esforçado e inocente, que não entendia as crueldades desse mundo, apesar de sofre-las.

— Eu sei, estive com você esse tempo todo...

Pela última vez, Naruto estava ao lado da sua versão pequena. Os dois sentados numa espécie de templo olhando para a pilha de corpos que se formava a cada cadáver que caia.

Eram muitos, um atrás do outro.

— Depois que a gente morrer, acha que vai mudar alguma coisa?

Os pequenos olhos azuis estavam marejados, mas ainda continuam aquele brilho de esperança que seu eu mais velho já havia perdido. Naruto abriu a boca para responder, mas se calou. No fundo, ele também tinha essa dúvida.

— Eu estou me sacrificando para que eles conseguiam chegar até o rei. No estado que eu estou, não havia muito o que fazer... — Os cadáveres já formavam uma enorme pilha, que estava chegando ao que deveria ser o céu, lá no alto. — ...Agora eu já não posso fazer quase nada, por que já fiz quase tudo.

Aos poucos, aquele lugar se desfazia no ar, como cinzas de um papel em chamas.

— Você precisa voltar... eles precisam de você. Sakura precisa de você. — O mais novo  balançou pelos ombros, tentando trazê-lo de volta. — Ainda dá tempo de fazer algo. Nós nunca desistimos, lembra? Você ainda não morreu, veja. — Ele apontou para os corpos que continuavam caindo. — Você precisa voltar. Precisa acabar com isso definitivamente. Pra sempre.

Tudo se desfazia no ar, a escuridão, o mar de sangue que agora mais parecia um rio seco, o templo, e o seu eu mais novo... aos poucos, pedaços dele ia sumindo.

— Realize meu último sonho, não deixe que mais ninguém morra...

Ele se desmanchou diante do seus olhos, o mais velho até tentou pegar suas cinzas, mas ela escapou por entre seus dedos. A escuridão ruiu, uma luz branca cegou seus olhos, aquele lugar deixava de existir. Naruto correu para a pilha de corpos, escalou cadáver por cadáver, até o topo. Ainda tinha algo a ser feito.

(...)

Quando recobrou a consciência, sua visão estava embaçada. Mas ela reconhecia aquelas caudas em qualquer lugar...

— K-kurama...? — Sussurrou baixinho. Olhando ao redor ainda confuso, Naruto pode ver toda destruição que causou. Seus amigos estavam todos ali, machucados, parecia que eles estavam em uma grande batalha. Kurama, em sua versão humana, segurava Naruto com seu corpo e suas caldas, como se tentasse parado. Olhando atrás dela, ele podia ver, Sakura muito machucada, usando seu corpo como escudo para proteger uma criança... Dele. — O que eu fiz...?

Ele levou a mão até a cabeça, aos pouco a raposa o soltou. O loiro cambaleou para trás, estava fraco, cansado, não aguentava o peso do próprio corpo. Ele tentou falar, mas engasgou com o próprio sangue.

— Naruto! — Escutou a voz da sua antiga companheira de time, que correu em sua direção.

— N-não, não se aproxime... — Ele tossiu sangue, muito sangue. Estava um caco, completamente surrado, roupas rasgadas, ensanguentado, Kurama sentia sua força vital sumindo aos poucos.

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