Ainda chovia, a cada gota, uma lágrima acompanhava. Ela fungou baixinho, não queria chamar atenção do loiro. Já havia tomado muito do tempo dele, quando o viu, nem se quer pensou. Pulou em seus braços, desesperada por amparo. Ele a trouxe para a casa dele, lhe deu uma toalha, secou seu cabelo. Ofereceu suas roupas, foi tão cuidadoso. Ela não queria se aproveitar dele. Limpou o rosto com o pano já molhado, os olhos vermelhos mostravam que chorou bastante. Ainda doía, muito. Mas aquela pessoa de costas diminuiu sua dor. Como sempre fez, mesmo sem pedir ou merecer, outra vez, ele lhe deu o que ela precisava.
— Um abraço. — O loiro falou.
— O que? — Ela não entendeu o que ele quis dizer.
— Quando Ero-sennin morreu, Iruka-sensei me deu um abraço. Aquilo aliviou bastante o que eu estava sentindo.
Ela se lembrou de quando ele recebeu a notícia, estava lá. Viu o quanto ele sofreu, podia ver nos seus olhos escuros e na expressão azeda. Mas não fez nada para ajudá-lo, como ele estava fazendo agora, não merecia ser consolada por ele. Na epoca ela pensou que ele podia superar sozinho, imaginava como deve ter sido dificil para ele enfretar a morte de seu mestre sem apoio, Naruto sempre esteve sozinho.
— Pode ficar aqui o quanto quiser. — Ele voltou a falar. — Shikamaru não veio ainda, normalmente ele chega nesse horário.
— Tá chovendo bastante, ele deve estar dormindo. — Todos sabiam como o nara era preguiçoso.
— Você devia dormir também. Virou a noite no hospital.
— Parece que eu não fui a única a fica acordada. — Ela viu as olheiras em baixo dos olhos dele, eram recentes.
— Insônia. — Ele disse apenas isso. Mas ela suspeitava, Naruto passou a evitar falar muito, evitar ter qualquer tipo de contato muito pessoal. Ela suspeitava que aquilo era algo mais que apenas insônia.
— Ele estava melhorando... — Ela começou a falar. Desde que a encontrou, não disse uma palavra. Apenas chorou até cansar. Ele não interrompeu, a olhou com o canto dos olhos, prestando atenção em cada palavra. — Seu estado melhorava com o passar dos dias, então por que isso aconteceu... é tão injusto. Ele se esforçou tanto... estava tão contente, tão feliz. Por que?! — Aquela era uma pergunta retórica. Não foi para Naruto, nem para ela mesma. Foi jogada ao ar, e assim ficou.
— Você acha... que a vida foi injusta com ele? — Naruto perguntou, depois de uns minutos de silêncio.
— O-o que? — Ela falou, confusa. Que pergunta era aquela?
— Acha que Uri ter morrido foi injusto?— Naruto tinha um olhar estranho, era vazio. Sakura observava queita. — Eu acho que a vida foi gentil. Pra alguém que já nasceu condenado ao sofrimento, morrer feliz, como você disse que ele estava, foi um ato gentil da vida. Eu tenho certeza que em seus últimos momentos de vida, ele se lembrou de você com um sorriso. Lembre-se dele assim também, acho que ele ficaria feliz.
Ela lacrimejou, aqueles palavras lhe tocaram fundo. A rosada mordeu a boca, tentando não chorar outra vez. Sua mente foi bombardeada por lembranças que teve com aquele menino, eles conversando, rindo. Ela guardaria aquilo no mais inconsciente de sua mente, pra nunca esquecer.
(...)
Shikamaru estava preocupado, aquele boca curvada denunciava isso. O Nara carregava uma carranca pela ruas de Konoha. Kakashi o pediu com urgência para ir até sua sala ainda cedo. Ele ficou encarregado de receber Temari quando ela chegasse e recebesse o relatório. Mas havia algo estranho, ele notou. Kakashi reuniu os anbus e designou alguns jounins para guardar a vila enquanto estivesse fora, parece que ia ter outra reunião dos Kages. As palavras de Naruto estavam martelando em sua cabeça, e por pensar no loiro, estava ele em sua frente com algumas sacolas de comida.
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Sequelas
FanfictionMais uma vez, Sakura se viu ao redor de uma cama de hospital. Observando o corpo em repouso depois de horas de tratamento intensivo. Passou a mão lentamente pelo rosto coberto de ataduras, acariciando gentilmente os bigodes de raposa do ex companhei...