Extra - Antes de Sequelas - Parte 2

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Deitado em sua cama. Ele cruzou seus dedos em cima da barriga, já havia trocado de posição diversas vezes mas não dormia. Insônia? Talvez. Não conseguia tirar uma certa pessoa da cabeça, não depois do que aconteceu naquela missão.

Já havia se passado algumas semanas desde então. Eles se viram todos os dias, Sakura vinha em sua casa, dormia, transavam, trocavam carícias. Isso durou um bom tempo, mas ela logo começou a vir menos depois de um tempo, chegou num momento que Sakura ia embora logo depois de transarem. Sem dizer nada, sem despedidas, ia tão repentinamente quanto chegou. Agora, Já fazia uma semana que ela não aparecia.

Isso o deixava inquieto, sentia um incômodo no peito. Naruto afundou seu rosto no travesseiro, por que se sentia tão... usado?

Essa era a palavra certa. Usado. Talvez por que, depois da melhor noite de sua vida, aconteceu coisas que o deixaram completamente confuso. Sakura o ignorava desde então, sempre ocupada, sem tempo para conversar.

As lembranças voltaram, e ele não conseguiu impedir.

"Quando amanheceu, ele abriu os olhos lentamente. A primeira visão que teve foi de sakura em seus braços, sorriu. Estava tão feliz, havia tido sua primeira vez com ela, e a melhor parte, ela se confessou.

Finalmente disse que o amava. Uma chama de esperança depois de longos anos, isso significava muito. Logo depois do que houve ontem, ele estava tremendamente esperançoso.

A mochila de Sakura estava aberta do lado de fora da barraca, Naruto quando saiu demorou a perceber. Ele queria não ter visto, encontrou algo que não queria.

O mapa que ele havia perdido."

— Sakura-chan... por que jogou fora minha barra e escondeu o mapa? — Ele se revirou na cama, queria ter tido coragem de ter pergunta naquele dia.

Mais lembranças vieram.

"— Naruto. — Sakura o chamou. Estavam se preparando para sair. — Não conte para ninguém o que houve aqui.

— Claro. — Ele a olhou com o canto dos olhos."

Sakura armou para eles ficarem juntos? Por mais idiota que fosse, era um ninja treinado, óbvio que perceberia. Mas, por que? Ele não entendia, se ela o amava, por que havia esse abismo entre eles. Uma fenda enorme que os separava, que parecia não existir quando ela vinha foder com ele.

Desde aquele dia, só se viam quando o assunto era sexo. Nada de conversar sobre o que rolou entre eles. Isso o incomodava, desde criança quis ter algo a mais com ela, agora era a chance perfeita mas parecia que ela não se importava.

Dava desculpas, o evitava. Aquilo magoava, esperou por tanto tempo por uma mísera chance que virou tortura. Esperar por Sakura o machucava, doia em seu peito perceber o que ela estava fazendo.

O que deveria fazer?

Ir até o hospital e falar de uma vez tudo que estava sentindo ou ficar aqui e agonizar por mais noites.

A resposta era nem óbvia. Ele era Naruro Uzumaki, não desistiria tão facilmente.

Ele foi até o hospital, cumprimento todos na recepção. Era conhecido, amigo de Sakura, entrou facilmente. Mas sua recepção quando entrou na sala da chefe do hospital não foi nada como ele pensava.

— O que faz aqui? — Ela falou enquanto ele ainda estava na porta. Se quer pisou dentro da sala, ele conhecia bem aquele tom, era de quem não o queria por perto, igual quando era criança.

— Vim te ver... — Respondeu.

— Eu disse para não me procurar aqui, Naruto. — Sakura estava irritada, bateu as mãos na mesa bem forte. — Droga, por que você é tão idiota?

— Temos que conversar... — Ele disse. — Sobre nós.

— Não existe um "nós", Naruto. — Sakura disse. — Não confunda as coisas.

Nesse momento ele sentiu como se tivessem jogado um balde de água fria. Como se todo chame de esperança tivesse sido apagada da pior forma possível.

Ele sentiu um gosto amargo na boca, e um frio desceu rapidamente pela barriga, foi magoado outra vez.

— Não aguento mais esse aperto no meu peito. — Falou. — Está me sufocando, toda noite eu fico acordado me perguntando quando vai ser a próxima vez que você vai aparecer.

— Naruto, aqui não é lugar e nem hora para isso. — Ela interrompeu. — Basta.

— E quando vai ser?! — Ele se alterou. — Você me ignora faz semanas, só me procura para...

Se calou, era difícil imaginar que não passava de um... pau.

— Depois conversamos sobre isso, eu estou muito ocupada agora. — Ela voltou a falar.

— Para de mentir pra mim. — A voz de Naruto estava embargada pelo choro reprimido. — Eu sei que você tem saído com a Ino.

— Está me espionando, Naruto? — Ela falou, indignada.

— É isso que importa pra você? — As lágrimas cairam. — Naquele dia... Você disse que me amava. Você me procurou mais vezes, me deu esperanças, agora não quer que eu vá atrás de uma resposta? — Ele disse.

— Eu achei que você tinha entendido que somos só amigos, Naruto.

— Você é cruel, Sakura. — Ele limpou o rosto. — Sempre soube dos meus sentimentos por você. Por que alimentou esse sentimento se sabia que não sentia nada?

— Aquilo... foi um erro. Tá? Eu me deixei levar pelo momento. Foi só isso.

— Erro? — Ele disse, com raiva. — Todas as vezes que me procurou também foram erros? Ou foi quando você escondeu o mapa? — Ele a encarava nos olhos.  — Será que foi quando me espiou no lago? — Debochou. — Todos esses momentos foram erros?

— Naruto, vá embora. — Ela ordenou. — Saia, por favor.

— Seu erro foi fazer amor comigo?

— Nunca houve amor, Naruto. — Outro balde d'água, mas sem a água gelada. Só o balde. — Esqueça o que aconteceu. 

— Não me peça isso... — Ele sussurrou. — Não me peça para esquecer quando minha mente só imagina você. Eu não consigo...

— Aprenda. Foram apenas algumas noites, acabou. É só isso. — Ela bateu o pé no chão. — Vá embora, não torne isso mais difícil.

O loiro a encarou, Sakura estava tão diferente. Tanto seu semblante quando personalidade. Parecia outra pessoa, alguém que ele não conhecia, melhor, fingiu não conhecer.

— Isso não é justo, sabia?

Sempre percebeu as atitudes estranhas da garota, mudanças de humor diferentes do normal. Mais seca, fria. Muitas vezes o tratava mal sem motivo.

— Não me obrigue a te expulsar.

Seu erro foi acreditar que ela o trataria diferente, que depois de algumas transas iriam se resolver e finalmente ficar juntos como sempre quis.

Mas agora... isso parecia tão distante. Como um sonho de infância que não realizou. Ela alientou suas esperanças para depois dar o golpe de misericórdia, foi tão covarde.

Ele só soube chorar, se sentir idiota e estúpido. Adormeceu depois de muitas horas em seu quarto, completamente sozinho e quebrado, como nunca antes.

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