Selo amaldiçoado

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Tudo o que eles podiam ouvir naquela tarde eram gritos, intensos, agudos, audíveis até para um surdo. Carregados de uma dor excruciante e agonia profunda. Todos que pisavam naquele hospital se perguntavam o que diabos acontecia naquele quarto, o último do corredor. Onde Naruto Uzumaki fora transferido as pressas, deixando um rastro de sangue pelo corredor. A passagem barrada por chunnins que proibiam qualquer um de se aproximar atiçava ainda mais a curiosidade de todos os funcionários e pacientes. Os únicos que tinham acesso para aquele quarto eram o Hokage e a chefe do hospital. Ambos ficavam horas e horas por lá, em um completo e sombrio mistério.

Todos cochichavam, especulando, numa tentativa de saber sobre algo. Mas a única chance de uma resposta concreta era por meio de uma pergunta direta a Sakura, mas ninguém tinha coragem suficiente para tal, sabiam que a Rosada iria esmurra-los até a morte. Então só restava isso, especulações, que rapidamente se espalhavam pela vila.

Mais gritos, tão sofríveis quanto os anteriores. Era desesperador apenas por ouvir. Qualquer um que pudesse escutar aquilo se sentiria aflito.
Então, simplesmente parou. Tão rápido quanto começou. Era assim, em momentos ele parecia sentir a pior dor de sua vida, isso poderia durar horas, minutos, até segundos. Era totalmente aleatório. Então sumia, voltando tempos depois, repetindo esse ciclo que parecia interminável. Isso deixava Sakura ainda mais preocupada, havia algo de muito errado, percebia só de olhar.

Ele expelia muito sangue, as marcas pareciam queimar. Ardia, mesmo inconsciente, Naruto expressava a dor que sentia. Era desesperador. Algumas infermeiras não suportavam ficar perto, muito menos ouvir seus gritos. E todos ouviam, todos sabiam. Alguém, ali naquela sala, estava sofrendo, morrendo, bem aos poucos.

Naruto permanecia em coma. Sem dar nenhum sinal de que acordaria, sua recuperação parecia ter estacionado, estagnado completamente. Na verdade, sua tendência era piorar, aos pouquinhos, lentamente, ele estava morrendo. De uma hora para outra, estranhas marcas negras passaram a se estender pelo corpo do loiro. Começando pelas costas, tomando parte do tórax, e terminando no ombro esquerdo. Mesmo inconsciente, Naruto transmitia toda agonia que sentia. Ele se contorcia, urrava. Seu corpo começou a por pra fora sangue tão escuro quanto as manchas que consumiam seu corpo, e Sakura só podia olhar. As marcas pareciam queimar, devido a fumaça que saia. Ardia, mesmo inconsciente, Naruto expressava a dor que sentia. Era desesperador. Algumas infermeiras não suportavam ficar perto, muito menos ouvir seus gritos. E todos ouviam, todos sabiam. Alguém, bem ali, naquela sala, estava sofrendo, morrendo, bem aos poucos. Ninguém podia fazer nada por aquele que foi seu herói, que enfrentou Pain, que venceu Madara, selou Kaguya. Podiam apenas ouvir, deixar a aflição daqueles gritos percorrerem seu corpo como uma corrente elétrica. Sakura era uma dessas pessoas, ela só podia ver, bem diante dos seus olhos, Naruto morrendo. O medo esmagou seu coração outra vez, aquilo estava fugindo de suas mãos mais rápido do que imaginou.
Tudo que lhe restava agora era parar o sangramento com jutsu medico básico. Mas era em vão, sabia que só estava tardando algo que posteriormente séria inevitável. Os sintomas se agravavam com o passar dos dias, suprir isso era demasiado cansativo e pouco funcional. Sentia-se frustrada, derrotada, como se fosse uma batalha em vão, perdida. Mas não podia desistir. Por ele, por ela principalmente. Mais uma vez, ela estava trocando as bandagens sujas de sangue por outras novas, delicadamente, como se o mínimo contato fosse infligir dor ao loiro. Nesse momento, tudo que ela menos queria era isso, causar mais dor ao Uzumaki. Perdeu as contas de quantas vezes viu ele chorar de dor em apenas uma semana. Ele parecia estar no inferno, pagando algum pecado que ela tinha certeza que ele não cometeu. Naruto era alguém bom, com o coração mais puro que já viu. Não merecia nada daquilo.

— Era eu quem deveria estar aí... — lamentou.

Em seu interior, ela desejou inúmeras vezes trocar de lugar com ele. Livrá-lo desse tormento, mesmo que isso fosse a colocar em um estado que claramente não fosse sobreviver, ela faria, por ele.
Queria vê-lo bem novamente, brincando, fazendo suas idiotices costumeiras e com aquele sorriso que ela tanto amava.

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