Capitulo 3

1.5K 73 13
                                    

Fazia 34 horas que eu soube do acidente e estava me sentindo perdida e não sabia o que fazer, aquele hospital era um horror, não tinha nem sala de espera e ainda não podia transferir para outro ainda. Consegui que o hospital não divulgasse o nome da minha irmã para o jornal, pois sei que ela ia odiar ser notícia, ela detesta ser fotografada e odeias jornais,
acho que é paranóia da cabeça dela, mas deixo para lá. Eu não tinha conseguido comer nada, tudo me dá repulsa. A Nana teve alta à tarde, tinha a levado para casa de uns parentes dela, eu não tinha como cuidar dela e nem sabia fazer isso, a adoro, mas sei minha cabeça não esta boa. Liguei para Rebeca, a secretaria de Cal e pedi para transferir os compromissos dela para os advogados do escritório, pois tinha vários, pois tínhamos que viajar com urgência e iríamos ficar fora um tempo, Ela queria falar com Carla, não aceitando muito bem, mas falei que estava com pressa para pegar um voo e a despachei, ninguém tem nada com a nossa vida. Eu não sabia mais o que falar mais com ela, pois não sabia nada dos negócios de minha irmã. Sei que era errado mais precisava fazer alguma coisa para sair dali, meu telefone toca, Priscila, o que falo agora , meu Deus que angustia , decido não falar nada e atendo com a voz mais normal possível.
- Bianca onde você está? Todas nós estamos te procurando. Vai ter uma festa hoje e vai ser o máximo, Márcia me ligou e pediu para te localizar, ninguém conseguiu falar com você. - Ela não me deixa nem falar de tão eufórica.
- Priscila respira pelo amor de Deus. Mas que bom que vai ter festa estou cheia de vontade de uma balada mesmo, vai ser onde?
- No condomínio da Márcia na casa daquele gato que mora ao lado dela. O salão fica afastado das casas lembra?
- Sei onde a Márcia mora e estarei lá pode contar comigo, encontro com vocês mais tarde lá.
Uma festa era tudo que eu precisava para esquecer o que estava acontecendo na minha vida, essa doideira toda, fui direto para casa, está tudo quieto tão estranho estar sozinha o tempo inteiro, parecia um vazio interminável dentro de mim, não quero sentir isso é muito ruim, não gosto dessa tristeza toda. Mas quer saber não quero pensar ou analisar nada agora, tomo um banho, e arrumo colocando um mine vestido azul da Exacto com detalhes na frente e nas costas com um decote profundo e completei o visual com uma maquiagem leve e um sapato alto da Exacto também amo essa marca, me deixa sensual. Estava linda como sempre, pego uma bolsa e me viro para sair e o telefone celular que me entregaram no hospital que coloquei para carregar começa a tocar e pego para atender, no visor aparece o nome de Thiago, não me lembro de ninguém com esse nome, mas atendo.
- Carla? Uma voz profunda e autoritária fala sem nem me dar oi.
- Quem é você? Posso saber? - Devolvo a pergunta.
- Sou o namorado dela e você quem é? - Como assim?
- Você não é namorado dela, ela não tem namorado e ela não quer falar com você e com ninguém desapareça da vida dela.
Desliguei na cara dele e joguei o celular na parede com ódio imenso e espatifou todo no chão. Eu não acredito no que esse idiota falou, não é verdade, era mentira, não podia ser verdade, era impossível. Carla jamais ia esconder isso de mim, eu não podia acreditar nisso. Não podia me deixar me abater, respiro fundo e me controlo. Estava pronta e não queria pensar em mais nada, somente me divertir, preciso sentir alegria entrando em mim , preciso-me sentir viva, entro no meu carro e vou para o condomínio de Márcia, a festa já está bombando procurando as meninas e logo as encontro na pista de dança e lógico já estão um pouco altas, pego um uísque Black Label para mim e viro direto para entrar no clima e pego outro e vou até as meninas e começo a dançar e me sinto leve cada vez mais, a festa está cheia de gatos, mas nenhum me chama a atenção, quero apenas dançar. O garçom não deixa meu copo vazio, Márcia está com o dono da festa no canto no maior amasso Priscila com outro rapaz bonitinho bem a cara dela, pelo jeito eu vou me divertir sozinha hoje e viro outro copo e nem lembro mais quanto eu já bebi, mas me sinto ótima , leve e rodo na pista e tudo escurece ,fico desesperada nesta escuridão, me sinto caindo num abismo sem fundo, não consigo sair, nem afastar e essa escuridão me atinge e sinto que não tem mais saída para mim. Acordo e olho para os lados tentando saber onde estou e vejo várias camas e sei que estou no mesmo hospital que minha irmã, sinto o meu braço doer e olho e vejo que meus braços estão amarados e acho que é soro e me desespero sem saber o que pensar e grito em agonia, uma enfermeira entra correndo e tenta me acalmar, começo a soluçar e uma cachoeira de lágrimas descem pelo meu rosto, alguém aparece e me aplica alguma coisa e sinto meu desespero ir embora. Acordo novamente meio mole e uma enfermeira loira muito bonita com olhos azuis me encara e pergunta se estou melhor. Balanço a cabeça e penso que o que ela faz neste hospital sendo tão bonita e vejo ela se aproximar de mim.
- Você é Bianca Vasconcelos Vargas não é? -Seus olhos exalam curiosidade.
- Sim, porque está me perguntando? Minha voz esta grogue, estranha, pesada.
- Por nada é que temos uma paciente na UTI como o mesmo sobrenome e fiquei curiosa se eram parentes.
- Você sabe como vim parar aqui? - Não a respondi, pois não queria confirmar nada, já pedi para trocar o nome pelo jeito terei que fazer novamente.
- Você não se lembra?
- Não. - Porque perguntaria se soubesse as pessoas não param para pensar o que falam só pode.
- A senhorita deu entrada na madrugada totalmente bêbada quase em coma alcoólico e precisou tomar glicose, mas estava muito agitada.
Como cheguei a isso. Bebi tanto assim, não consigo lembrar simplesmente de nada.
- Você conhece há muito tempo o Matheus?
- Matheus? Não sei de quem esta falando. - Essa mulher não deve ser normal, como vou saber quem é esse se acabei de falar que não me lembro de nada.
- Engraçado, ontem quando chegou e o viu se jogou nele falando que precisa dele, estava desesperada e não queria o soltar.
Meu Deus quem era esse homem que ela estava falando agora a coisa ficou séria, será que agarrei algum médico sem saber o que estava fazendo, o que está acontecendo comigo em 24 anos nunca tinha perdido o controle desse jeito.
-E onde esse Matheus está? - Estou até com medo de saber quem é esse fulano que ela diz que agarrei.
- Vou avisá-lo que já acordou ele já deve estar saindo do plantão.
Ouço um barulho na porta e um arrepio percorre no corpo todo estou com medo de olhar e ver algo muito ruim que tenha feito , mas algo me chama e vejo os sapatos bancos e vou subindo e só vejo branco até me deparar com uns olhos azuis mais incríveis que nunca poderia esquecer e não consigo acreditar no que estou vendo , deve ser miragem, só pode como o cara de preto está aqui agora de branco, parece uma piada de mau gosto. Sinto uma lentidão no meu corpo e ao mesmo tempo sinto esquentar tudo a minha volta como se o seu olhar me queimasse. Não sei se estou passando mal ou é ele que me faz sentir assim.
Ele para perto da loira para falar algo, mas seu olhar não saia de mim e eu fico igual a uma boba, pois não consigo desviar daquele olhar, eu nem conseguia respirar direito. Sério o homem é lindo de morrer devia ser proibido alguém ser tão lindo, isso faz mal para saúde. Fiquei olhando e sério parecia que eu estava babando , quando vi a mão daquela loira no braço dele, senti uma raiva crescer dentro de mim que nunca tinha sentido. Queria voar e arrancar os seus olhos e suas mãos dele. Ele se despediu e aproximou da minha cama. Virei uma adolescente de 15 anos suspirando pelo cara, soltei o ar que nem sabia que estava segurando. Seus olhos continuavam em mim. A mão foi nos meus braços e começou a me desamarrar, passou a mão onde estava vermelho me fazendo sentir calafrio e um calor junto com um choque e tirei o braço.
- Como estamos Bianca? - Meu nome nunca apareceu tão lindo aos meus ouvidos.
- Melhor. - Respondo meio boba sem saber o que falar. Vê-lo ali a minha frente está me deixando fraca, sem noção de como me comportar.
- Você deve estar se sentindo fraca, vou pedir um café para você poder se sentir melhor. - Fez um sinal para a loira pedindo um café.
- Falta de educação a minha , não me apresentei, Sou Matheus e estava aqui quando você chegou.
Ele era o Matheus que agarrei e não queria soltar, agora as coisas estavam mais claras para mim, na minha bebedeira fenomenal devo o ter reconhecido e por isso me atirei nele pensando na nossa noite.
- Desculpa por tê-la amarrado na cama, mas estava muito agitada, foi para sua própria segurança, poderia se machucar. - Estou muda parece que perdi a capacidade de me comunicar, tento me acalmar e forço a falar.
- Então seu nome é Matheus, naquele dia você saiu sem dizer seu nome.
- Falei sem pensar, os olhos dele brilharam e um sorriso ficou desenhado no seu rosto ficando ainda mais lindo se era possível.
- Naquele dia sai sem fazer muitas coisas Bianca.
Senti um frio com aquela voz que parecia mais rouca ao responder, seu olhar me percorrendo fez minha pele ficar quente na hora, eu já estava molhada só com aquele olhar que ele me deu parecia que ia me comer. Precisava levantar daquela cama se não acabaria puxando ele para cima de mim. O café chegou e eu quase enfartei de susto com a enfermeira tão perto de mim, nem a vi chegar.
Senti-me uma tola, mas queria novamente aquelas mãos em mim. Só de pensar nisso eu já sentia minha boceta piscar de vontade. Desviei o olhar para não me entregar, não estava me entendendo.
- Bianca você já está de alta e pode ir para casa. Mas gostaria de conversar com você hoje se fosse possível, pode ser?
- Pode. Mas gostaria de ir a casa tomar um banho, poderia ser outra hora, mais tarde um pouco?
- Poderia me encontrar na hora do almoço então?
- Posso.
- Vou te dar o meu telefone e a gente se encontra onde for mais perto e melhor para você.
Saio do Hospital pensativa sobre o que ele quer falar comigo, será que era a respeito da Carla que estava internada ou da nossa noite juntos. Minha cabeça estava a mil, com tudo que estava acontecendo, pego um taxi em frente ao hospital, pois meu carro ainda estava no condomínio onde foi à festa ontem, fui direto para casa tomar um banho o resto depois eu resolvo com calma.
Tomo um banho para tirar aquela sensação de hospital do meu corpo, coloco uma roupa simples, desço para cozinha para fazer um lanche e depois ligar para Matheus, agora seu nome não sai da minha cabeça, essa sensação é muito estranha para mim, no segundo toque ele atende sua voz causa uma reviravolta em meu estomago, ele fala se posso encontrá-lo em um local perto do hospital, pensei que ele fosse me convidar para almoçar com ele, sinto uma frustração, mas deixo passar, pois também tenho que saber notícias de Carla. Quando chego ao local fico aborrecida, pois o lugar é simples, mas quando o vejo nem lembro mais do local onde. Minha senhora das calcinhas nervosas como esse cara anda assim tão lindo minha calcinha já está encharcada só de olhar para ele é pensar no que eu poderia fazer com ele agora.
Quando sinto o seu olhar em mim, meu corpo arrepia e observo ele levantar e caminhar ao meu encontro, seus olhos são como larva a me esquentar toda da ponta do pé até o último fio de cabelo e se concentrando em minha buceta saltitante de desejo por ele.
- Tudo bem Bianca?Sua voz esta rouca ou é impressão minha.
-Tudo bem! Sinto minha respiração sair difícil. Como ele consegue isso, fico nervosa com ele tão perto assim.
Ele pega em minha mão e me leva para uma mesa perto e pede alguém uma água e dois copos descartáveis. Acho que nunca na minha vida usei um copo descartável. Meus olhos buscam o dele que estão mais sérios.
- Bianca pedi a você para encontrar comigo, pois vi que você não está consciente do que realmente aconteceu com sua irmã ,a seriedade de seu estado . O que pude ver até agora parece que ou não estava a par do que está acontecendo ou não está levando a sério isso.
- Não é isso. Não entendo o que está acontecendo, tudo é muito estranho para mim.
- Bianca entendo que pode ser estranho, mas tem que tentar entender , vou tentar explicar para você da melhor forma uma UTI é um centro médico para onde são enviados pacientes muito graves, como os que têm múltiplas fraturas e principalmente problemas cerebrais. Quando uma pessoa sofre um acidente grave, o organismo fica muito abalado, muitas vezes em pré-óbito, e pode ocorrer insuficiência de vários órgãos. Os aparelhos da UTI são usados para desempenhar as funções que os órgãos como coração e pulmões não conseguem. Os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a temperatura do corpo são monitoradas. Além disso, um aparelho é colocado na traquéia da vítima para ventilar os pulmões, e também há controle da pressão do ar jogado nos pulmões. A Carla está recebendo alguns medicamentos para abrir e fechar os vasos (vasodilatação) e para manter a oxigenação do sangue e, consequentemente, das partes nobres do corpo, como coração e cérebro. Ela está recebendo a alimentação através da veia como nós chamamos de nutrição parenteral, uma solução que contém proteínas e aminoácidos. Em alguns casos, também é colocada gordura. Para hidratar o corpo, a pessoa recebe um soro com sódio, potássio e glicose.
- Matheus minha irmã está morrendo?
- Não Bianca, calma estou dando uma explicação para entender melhor o estado dela. Traumatismos como o de Carla atingem mais de um órgão, e a gravidade depende da quantidade e de quais partes foram comprometidas. Quanto mais jovem o paciente, maior a chance de melhora. E o mais importante de tudo é preservar a atividade cerebral. Ela teve sangramento no abdômen e com isso menos sangue nas artérias, o quadro se agravou. Além disso, o inchaço no cérebro prejudicou a entrada de sangue no local. Por isso, ao atender ela está com traumatismo craniano, os médicos logo diminuíram a atividade cerebral por meio de sedativos e foi colocado um cateter, para medir e aliviar a pressão intracraniana, e foi aplicados remédios para regular essa pressão.
Ela tem um coágulo no cérebro, e foi preciso abrir um pequeno pedaço na caixa intracraniana para reduzir a pressão. A passagem permanece aberta até ela está estabilizada.
- Abriram a cabeça de Carla?
- Foi somente um pouco Bianca, é o procedimento normal nessas situações. A Carla ainda está em estado grave, mas respondeu positivamente aos tratamentos desde que deu entrada aqui no hospital. Há dois dias, as drogas que a mantêm em coma induzido vem sendo gradativamente diminuídas. Somente para a remoção que você solicitou segundo os médicos, os medicamentos deveram ser aumentados quando chegar ao outro hospital. Exames mostram a diminuição do edema cerebral e uma melhora na condição pulmonar. Devido a uma insuficiência renal, Carla ainda passou por duas sessões de hemodiálise, com duração de oito horas cada, e respondeu ao procedimento sem complicações.
Será que estou Bianca deixando clara a situação da sua irmã e a sua gravidade?Não sabemos o que pode acontecer quando acordar só que tudo a indica pode se recuperar, mas não podemos prever quando é nem como.
Bianca.
Ouvi tudo praticamente em silêncio e foi como se tivessem me dando facadas no peito e eu não tinha como me defender das agressões. Comecei a suar e nem sabia mais o que falar. Eu não sabia realmente o que tinha acontecido com minha irmã e acho na realidade que estava com medo de me inteirar de minha ficha cair. Meu Deus que ia acontecer agora! Minha irmã é o centro do meu mundo, não sabia que pensar ou fazer lágrimas escorriam pelo meu rosto sem freio e sem medidas, quero sair daqui não suporto mais ouvir nada disso. Ouvi alguém me chamar, longe e olhei para o lado e vi Matheus me puxando para os seus braços e o empurrei para longe de mim. Estava machucada, estava doendo demais, queria sumir.
- Bianca não faça isso. Você precisa se acalmar sei o quanto é difícil, mas tinha que puxar você para o chão, parecia que você nem ligava.
- Eu amo demais minha irmã e não sei o que fazer ela é que cuidada de mim e não sei se dou conta disso tudo. Levantei-me novamente e sai correndo daquele lugar, lágrimas corriam sem parar, minha cabeça latejava e meu corpo está em frangalhos. Senti um braço me segurar e puxar e dessa vez eu fui já não me aguentava mais em pé, tudo escureceu a minha volta. Acordo sem saber onde estou me sinto desorientada.

A VIRADA DO DESTINO DA SÉRIE CORPO E ALMA LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora