Ponto final

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— És tão inútil que necessitas envenenar-me para vencer? -debocha.

— Eu já venci, eu sempre venço. -afirma.

— Mentira! Eu lhe venci no jogo e mesmo assim desapareceste com a minha página correspondente! -aponta em sua direção com ódio.

— Era mais divertido ver-te descobrir tudo por si só. Foi por esta razão que deixei com que partisse. -confessa em tom calmo.

— És um demônio... -diz em voz fraca com um olhar enojado.

— Um demônio que por mais que lutes, não deixa de amar. -sorri ladino.

— Ao contrário de ti, eu sei amar. -afirma convicta de sua fala.

— Sabes mesmo Perséfone?! Antes de descobrir que éramos noivos, te perguntei se gostavas de alguém e me mentiste, e eu fui tolo em recusar a provar tua veracidade. -revela Hades em tom dolorido.

— E tu que me cobraste filhos e quando te os dei me afastaste deles?! Meus filhos cresceram sem uma mãe! -grita tentando conter sua ira.

— E todavia continuam pois aparentemente te esqueceste dos mesmos. Sabias que Calypso está aprisionada no corpo de uma mera mortal por tempos?! Ou que Thanatos e Lathifa esperam uma filha?! Claro que não sabes pois estava buscando algo para magoar-te ao invés de focar nas coisas boas! -ruge ditando a verdade que ela lutava por negar.

— Descobrir que tudo ao seu redor é uma farsa não é algo fácil... saber que todos te enganaram, que omitiram coisas... isso me destruiu, Hades. -diz dolorida.

— Meu amor por ti nunca foi uma mentira Perséfone, pensei que soubesse disso. Posso ser uma pessoa de caráter complexo mas nunca menti pra ti, principalmente quando digo que "eu te amo". -sua fala é calma mas com certo ar de decepção.

— Me desculpe mas não acredito mais em você. -o olha pela última vez.

— Quando quiser de fato conversar, sabes onde encontrar-me. -sua voz sai longe e de forma fraca.

— Sabe que não irei. -negava-se a ver a realidade.

— Sempre acabas voltando para mim, mesmo que o negues. -diz por fim.

As palavras de Hades a deixaram confusa. Por um momento sentiu que era uma adolescente problemática e não uma mulher em busca de respostas, mas afinal, qual era a questão que faltava ser solucionada? Nem ela mas o sabia. Buscava um objetivo para sua existência mas somente achava motivos para acabar com a mesma.

Estava em um transe tão profundo que mal notou que quando abriu os olhos e nada viu por ali. O colar sim estava em seu pescoço porém nenhum rastro da presença de seu marido, fazendo-a deduzir que todo o diálogo saíra de sua cabeça. Como se uma parte dela dissesse que estava cometendo erros muito graves em relação à sua família e demonstrando mais uma vez que Perséfone não conhece Hades de fato. Ela o via como todos falavam que ele era ,um monstro, que era alguém perverso... mas não conseguia sentir o amor que ele tinha por ela apesar de seus grandes maus-tratos cometidos a tempos atrás.

Como a voz em sua cabeça disse, Afrodite chegou apressado já abraçando e dizendo que sentiu saudades da mesma. Ele estranhou o fato de ser correspondido mas acabou aceitando de bom grado inalando o cheiro de flores mortas que provinha dela.

— Minha doce flor, senti tanto medo de algo ruim lhe acontecer. -revela analisando-a em busca se algum ferimento.

— Estou bem padrinho, o senhor como está? E Deméter, por que está agindo assim? Conte-me tudo. -segura em suas mãos olhando no fundo de seus olhos.

— Estou melhor agora que lhe vejo bem. Tua mãe... digo, Deméter, parou seus deveres divinos pois Hades recusou-se a dizer onde estavas e disse que precisava de paz e não a teria ao lado de Deméter. -acaricia sua mão.

— Fez bem. -olha para o mar relembrando da "aparição" de seu esposo.

— Quero pedir-lhe mais uma vez perdão pelo que fiz. Só queria que fosse feliz e esquecesse Hermes que não notei que realmente chegou a amar Hades. -seu olhar encontra o quebrado da mulher a sua frente.

— Isso não importa mais, nada mais me importa. -diz sem ânimo abaixando o olhar.

— O que quer dizer com isto, querida? -busca seu olhar mórbido.

Perséfone olhou agora analisando os belos detalhes do deus da beleza podendo ver seus olhos rosados formarem uma expressão dolorosa, afinal, ele sabia o que pretendia a deusa.

— Vou em busca da minha paz, Dindo. -sorri fraco.

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