Profano

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•Não esqueçam de dar estrelinha e comentar o que estão achando do rumo da história. Espero realmente que estejam gostando! Amo muito você e por favor me perdoem caso haja algum erro ortográfico. Nos vemos no próximo capítulo, beijos e borboletas🦋💙•

De banho tomado e utilizando novas peças de roupa, a jovem flor encontrava-se calada observando o piso, enquanto havia uma mesa farta ao centro tendo Hades a sua frente.

— Imaginei que tivesse fome. Vertigia disse-me que estavas anêmica. -observava seu estado.

Ela não conseguia falar. Toda vez que tentava, sua voz parecia não pertencer mais a mesma, fugindo para longe de tanta dor, tanto medo. O trauma a deixou muda.

A morte vendo que sua bela flor não se manifestava, apenas se levantou de sua cadeira aproximando-se da mesma, vendo-a esquivar-se. Sentia seu medo, sua dor, sua raiva oculta.

— Quero que comas este prato inteiro. Depois quero fazer algo, então sinta-se servida. -diz enquanto buscava algum sinal de sua fala.

Tentou uma, tentou duas, tentou três, e milhares de vezes mas mal conseguia colocar uma porção mínima na boca sem afogar-se em lágrimas. Deprimida e neurótica, isso poderia definir seu estado, era como se entrasse em uma depressão psicótica onde mal respirava. Entretanto, o que despertou o interesse de Hades foram suas lágrimas, afinal, lágrimas puras sempre foram mais saborosas e significativas.

Após comer com muita dificuldade e se esforçar para ao menos esvaziar metade do prato, foi guiada para a cama onde sentou-se.
Talvez ele quisesse somente carinho, nem tudo relacionado a cama seria sexo, certo? Questionamentos assim habitavam a mente da garota amedrontada que desejava com todo o seu ser que ele não a tomasse como o fizera durante sua punição.

— Feche os olhos. -diz seguro de si, dando-lhe ambas mãos fazendo-a ficar de pé a sua frente.

Receio. Hades não ousaria machuca-la novamente, não podia, era sua flor....

Mesmo relutante os fechou e o viu. Pôde ver o mesmo a punindo como uma qualquer, deixando-a sem banhos e com aquele cheiro nojento, sem refeições regulamentadas, uma pequena vasilha com ervas e um pouco de água somente. Viu como puxava seus cabelos e batia em seu rosto enquanto proferia ofensas, viu quando fôra açoitada com um chicote te ferro em brasa com pontas espinhentas. Viu como vários soldados se divertiam com seu corpo enquanto a mesma gritava pedindo por misericórdia, assim como também os viu serem mortos depois de a estuprarem. E tudo aos olhos do homem que jurou protege-la.

Enquanto ela entrava em uma crise de pânico, ele buscava o dia de sua traição na mente mais uma vez invadida. Buscou por um tempo até encontrar o exato momento, não podia acreditar que Hermes se personificou em seu físico, e ainda mais que Cora o confundiu. Mesmo vendo o óbvio, se recusava a crer que havia o confundido com um moleque que usava sandálias com asas pequenas, mas uma voz sussurra em seu interior fazendo-o questionar tal fato.

"Olhos de pureza não enxergam atos de maldade."

E então por um momento sua ficha caiu. Cora era tão pura que mesmo mantendo relações carnais não se tornou profana, pelo contrário, isso somente a purificou mais. Ela nunca mentiu, mentiram para ela.

Sentindo o peito doer e o arrependimento chegar, abraçou-a e beijou seus lábios. Queria lhe recompensar pelo dano causado então tentou dar-lhe o que havia de puro em si, o amor.  Tentou toca-la porém a mesma se afasta acabando por ficar encurralada entre a cama e seu marido. A flor caí em prantos novamente.

— Não chore minha querida, não quero lhe machucar somente desejo amar-te. -tenta acalma-la.

Todavia a mesma continua a se afastar, logo fazendo-o entender que teria de esperar se realmente quisesse tê-la mais uma vez.

Deitou-se e abraçou a jovem mesmo sentindo-a temerosa, ousou puxa-la para perto acariciando seus belos e longos fios avermelhados. Beijando-lhe a testa em busca de reconforta-la, e buscou descansar embriagado pelo cheiro sedoso e leve de sua amada rosa azul.

"Um sentimento é puro quando é espontâneo, sem singularidades ou imposições. Por este fator teu amor é profano, Hades."

Persephone Onde histórias criam vida. Descubra agora