— To koutí tis Pandóras. Está trancado. -dizia enquanto tentava abrir a caixa em suas mãos.Caminhou pelo quarto vazio até um pergaminho grudado a parede lhe chamar a atenção. Parecia ser bem antigo e continha certa quantidade de poeira, mas isso não impedia a moldura dourada de destacar-se.
— "Aquele que busca a liberdade precisa conhecer bem sua prisão."
Não entendendo muito, procurou algo que tivesse uma co-ligação enquanto repetia o dizer "conhecer sua prisão". Claro! "Conhecer sua prisão", ou seja, tudo alí era uma ilusão, deveria de buscar por trás daquilo.
Observando os cantos da parede envelhecida acabou por encontrar uma chave a qual usou para abrir a caixa vendo que não continha nada. Hades estava lhe pregando peças.
Entristecida sentou-se no chão pondo-se a chorar enquanto gritava, seu jogo estava perdido... até uma de suas doces lágrimas inundar o piso fazendo-a relembrar dos momentos tranquilos em Nimphea. Queria tanto retornar, desejava rever suas amigas, os animais dos bosques. Ela queria sua vida de volta, queria poder amar sem ser ferida.
— Agora eu lhe entendo, Mamãe. Homens são realmente decepcionantes, e sabe o pior?! É que por um segundo eu cheguei a ama-lo de verdade... como fui estúpida!! Hades não ama ninguém!
Por mais que Perséfone tivesse traumas, dores, não mentiu ao dizer que realmente amava Hades. Quando seu matrimônio deu-se início, tudo era tão bom, era melhor que os Vales de Eco. Seus braços era o seu abrigo, seus lados possuíam o gosto mais saboroso do que as maçãs douradas de Métis. Até mesmo em suas relações carnais, mesmo sentindo um leve incômodo no início apreciou o ato, gozou do corpo de seu marido e o desejou assim como ele o fez com ela.
— Porque tinhas que mudar tanto, Hades? Nossa eternidade poderia ter sido maravilhosa e agora olhe para nós, como dois rivais lutamos. Sei que em teu interior és um ser de bom coração, mas preciso descobrir a verdade por trás de tuas mentira. Eu queria que isto fosse diferente mas infelizmente não é, e enquanto houver vida, enquanto restar um sequer resquício de pulsação haverá esperança, haverá luz.
Neste momento tudo ficou em branco em quanto as paredes revelavam painel de vidro com belas asas brancas em seu interior: Fterá tou Íkaros, asas de Ícaro.
Mesmo vendo com os próprios olhos não podia acreditar, este seria um meio de escapar do submundo mas, então se Perséfone perdera, por que Hades lhe daria uma rota de fuga? Dentre estes e outros diversos questionamentos lembrou-se de que este era o coração de Hades e com isso notou que as asas representavam liberdade, enquanto a caixa uma descoberta. Entretanto, se esta era a caixa da primeira mulher, o que havia de buscar em um portador vazio?
Se asas simbolizam liberdade, a caixa de Pandora representa...
— O único "mal" que restou na caixa, o único que não escapou quando a mulher os libertou, a esperança.
E A esperança é a luz.

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Persephone
FantasyFilha da dor e do desejo, dona do olhar das matas, cabelos em tons de fogo, pele como nuvens e lábios de rosa vermelha. Uma criança que se vê cortejada pelo destino e beijada pela casualidade: Se entregar a morte para obter vida. Até a flor mais bel...