Sabedoria

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Na manhã seguinte, Cora decidiu passear com Perse e Cerberus pela floresta Lunnar. Todavia era cedo e não havia movimento nas extremidades do local, dando um ar de calmaria mas ao mesmo tempo, um ar de mistério.

Ao fim da mesma, a casa de Hecate pôde ser vista, tendo a deusa da magia em sua porta com um belo sorriso.

— Sabia que viria, alteza. -sorri ao vê-la.

— Desculpe mas só estava caminhando com....

— Sei disso, mas também sei que buscas algo. Deseja entrar? -dita sabendo de suas escolhas futuras.

— Não quero incomoda-la e também estou de saída...

— Não és incômodo. Cerberus! Tu e Perse vigiarão a porta, e tu minha querida deusa, venha comigo.

Mesmo sentindo-se temerosa e um tanto suspeitosa das atitudes da deusa mágica, aceitou e adentrou vossa casa que mesmo sendo simples, era elegante e de um refinamento impecável.

Hecate lhe ofereceu uma xícara com ervas doces e um prato de deliciosas cerejas avermelhadas, mas apesar do saboroso gosto de ambos, surpreendeu-se ao encontrar duas pedras ao fim de sua bebida.

— Kyanos Sthenos, mais conhecida como pedra da liberdade. Transmite poder, força interior.

— E esta outra? -observava a pedra em suas mãos.

— Kókkines Flóges, pedra da fênix, significa renascimento, luta e soberania. -diz enquanto a sua observa.

— E por qual razão estavam em meu chá? -questiona a deusa.

— Não as coloquei se és o que pensas. O destino assim o quis. Sei como te sentes, Cora, tenho conhecimento de tua dor mas também vejo vossa ira.

— Como? -confusa, pergunta.

— Queres ser livre porém te prendes. Feche teus olhos e sinta... ouça o que falam ao teu redor. Ouça-os e entenderá. -serenamente lhe explica.

Confusa ela buscava respostas, buscava o alívio de sua alma, até ouvi-los.

Era uma voz doce que lhe cantava, mas não pertencia a vossa mãe ou a uma de suas ninfas. Entretanto, sua voz era familiar, de algum modo já a ouvira cantar esta canção.

"Você era a sombra para minha luz.
Você sentiu nossa conexão?
Um novo começo, você desaparece.
Com medo de que nosso objetivo esteja distante. Quero nos ver vivas.
Onde você está agora?
Foi tudo minha fantasia?
Onde você está agora?
Você era apenas imaginária?
Onde você está agora?
Atlântida... No fundo do mar.
Onde você está agora?
Outro sonho...
Os monstros correm atrás de mim.
Estou cansada. Tão perdida.
Nestas águas rasas, nunca encontrarei o que eu precisava.
Eu estou desapegando.
Um mergulho mais profundo, eterno silêncio do mar.
Estou respirando. Viva.
Onde você está agora?
Onde você está agora?
Sob o brilho mas as luzes estão desbotadas.
Você pôs calor no meu coração. Onde você está agora?
No fundo do mar.
No fundo do mar.
Onde você está agora?
Outro sonho.
Os monstros correm selvagens dentro de mim.
Tão perdida. Estou cansada"

Junto da melodia, podia-se ouvir sussurros chamando-a por outro nome. Todos seguiam o mesmo ritmo e estavam suplicando por sua misericórdia. Confusa pensou, até um outro ressonar extremamente familiar que a fez estremecer, aparecer perto da mesma, era seu pai. Ele a chamava mas a mesma não podia vê-lo ou identificar totalmente o timbre de suas falas, estava perdida em meio a vozes e lembranças.

"— Desperte deste pesadelo, criança. Vamos, acorde."

De imediato abriu seus olhos assustada e ofegante, podendo sentir gotas de suor descerem por sua têmpora. Observando Hecate por alguns instantes, tinha tanto a perguntar, mesmo que não houvesse necessidade pois a deusa sabia que o faria, porém somente um nome saí de seus lábios rosados. Um nome que deu-lhe certeza de que precisava de muitas mais respostas do que imaginava.

— Perséfone. -diz em um sussurro, onde seus olhos esmeralda se tornaram, vermelhos.

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