Corte de Neve e Sombras

Capítulo 7

Estava ficando cada vez mais difícil de respirar, porque sua querida irmã gêmea havia o incumbido de levar Íris. E além de desconfortável, tanto da parte dela, como da parte dele, estava um pouco constrangedor, porque ele tinha mãos de artista, e um artista é bem detalhista. Então não tinha como não reparar na cintura da Íris, que parecia uma ampulheta; nas costas dela; nas coxas um tanto finas enquanto ele a segurava; e Pelos Deuses! Ele, como qualquer outro macho, não poderia deixar de não prestar atenção em seu colo se encostando no peitoral dele, que era muito bem demarcado por sinal.

- Você quase me matou de susto! – disse Íris quebrando o silêncio.

- Não era a minha intenção... – falou Órion com um sorriso inocente.

- Era sim. Mas tudo bem, contanto que você não me deixe... cair – Íris apertou suas mãos em torno do pescoço dele, fechou os olhos e encostou em seu ombro.

- Tem medo de altura?!

- Eu... Teeenho uma certa... fobia...- disse ela com os olhos fechados.

- Trauma?

- Sim.

Órion não havia reparado que ela tremia dos pés à cabeça, porque estava concentrado em outras... particularidades.

- Por que não nos disse?! Poderíamos ter feito a viagem de outro modo. Gostamos de voar pra aproveitar as paisagens e exercitar nossas asas, mas há um jeito muito prático de transitar entre mundos.

- Eu não sabia, e também não queria incomodaar... Por favoor, não diga a Zaniah que lhe contei issoo. – ela tremia ainda mais, e ele não teve outro jeito há não ser puxá-la mais pra perto de si.

Íris parecia um animal ferido, e naquele momento, ele teve vontade de a proteger *O que está acontecendo comigo?! Que pensamento ridículo! *

Órion conferiu pra ver onde Zaniah estava, e como sempre sua irmã encontrava-se bem atrás dele, porque ela amava se distrair por qualquer coisa, e pra Zaniah era tão emocionante voar, que ela queria aproveitar o máximo possível.

Órion voltando a se concentrar em Íris, percebeu ainda mais perplexo que ela estava chorando baixinho. * Mas que diabos está havendo aqui?! * Pensou ele.

- Íris?!

Ela não respondeu, ainda com algumas lágrimas escorrendo. Ele se obrigou a falar pra irmã :

* Preciso me aliviar, vou desceu com a Íris aqui por perto, pode continuar a viagem.*

*Órion! Você nunca faz isso! Não posso deixar minha amiga com você... sozinhos.*

* É rápido Zaniah, e não vou fazer nada de errado com sua amiga. *

* Vocês machos não são confiáveis*

*Devia ter pensado nisso quando me intimou a carregar a Íris.*

Demorou um pouco mais a resposta dessa vez.

*Nos vemos na Corte Invernal* – disse Zaniah, e desapareceu no céu.

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Órion desceu bem devagar em uma colina. Íris parecia estar submersa em algum lugar de sua mente, porque ela não se moveu, continuava chorando baixinho e agarrando o seu pescoço.

- Pode me soltar Íris, não estamos mais voando – disse ele suavemente em seu ouvido.

Ela o agarrou ainda mais.

- Íris... Pode abrir os olhos ...

- Promete que não vai mais me deixar cair?

Ele percebeu que Íris estava em transe, porém falou:

- Prometo.

- Mas eu confiei em você, e você me deixou cair! – disse chorando.

- Não deixarei mais – e ele a apertou com carinho ainda em seu colo.

Passou-se alguns minutos, enquanto Órion falava palavras carinhosas, e soprava suas lágrimas até secarem, quando aos poucos, Íris voltou a si. Ainda em seus braços, abriu os olhos devagar.

- O que aconteceu?!

- Você teve um ataque de pânico.

- Ah...

Eles estavam com os rostos tão perto que davam para sentir a respiração um do outro, e hipnotizados com a situação , Íris teve dificuldades de desviar os olhos dos dele. Engoliu em seco, e logo tentou sair do colo de Órion, se colocando de pé.

- Calma... – disse Órion.

Ela o olhou meio atordoada, meio zonza, e tudo começou a girar. Órion não a largou nem mesmo ela de pé diante dele.

- Íris, mantém o foco nos meus olhos.

Isso ela poderia fazer. Eram olhos tão lindos como faróis, que não dava pra se desvencilhar tão facilmente. E logo voltou a si mesma completamente.

- Eu... – ela disse se afastando dos seus braços – Obrigada. E me desculpe.

- Tudo bem. – Órion parecia um tanto atordoado pela situação – Não precisa se desculpar. Isso que você tem... é algo frequente?

- Não. Faz tempo que não tinha esses ataques... – vendo que poderia falar demais, mudou de assunto – Zaniah... Onde está?!

Órion ficou um pouco confuso com a súbita mudança de assunto, mas respondeu:

- Já deve estar na metade do caminho. Mas vamos chegar primeiro que ela.

- O que?!

Vendo que Íris se assustou, ele logo disse:

- Tenho os meus métodos – e antes que ela pudesse falar, Órion pegou a sua mão, e com a outra mão livre fez um estalo, e tudo que ela se lembrava não era da transição de mundos que pareciam borrões, mas da mão pulsante e quente segurando a dela.