Capítulo 1

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- "Quanto a mim, não vou a lugar nenhum. O que é isto que está na mão de meu amado? Um cálice. Vejo que um veneno o levou à morte. Que mal-educado! Bebeu tudo e não deixou nem uma gota para me aliviar? " .... "Oh, um punhal! Que maravilha! Meu corpo é sua bainha.."

- Ah! Já chega Athena! Romeu e Julieta foram ridiculamente ingênuos.

- O amor faz isso com as pessoas Zaniah! – disse a sua prima mais nova, filha dos seus tios Nestha e Cassian.

- Se for para deixarem as pessoas tolas, é preferível a morte de fato.

- Não seja dramática prima... Achei que amasse Shakespeare!

- Eu amo Shakespeare, mas você sabe que não gosto do romance.

- Não vejo o motivo de não gostar, eles retratam os problemas internos de nossas almas...Veja, não é somente o romance, tinha uma rivalidade entre as famílias, o egoísmo deles separaram Romeu e Julieta.

- Se formos falar da estrutura política, nesse caso eu prefiro os livros dos nossos antepassados que retrataram exatamente isso, não preciso recorrer a romances inexistentes.

- Melhor você morder a sua língua, nunca se sabe quando o amor poderá bater na sua porta...

- Ah Athena! Quanto romantismo... Você deve ter herdado isso do seu Pai, porque da minha tia Nestha...

- Minha mãe é romântica... do jeito dela – ambas riram.

Athena desabou no sofá, que ficava perto da janela do quarto de sua prima.

- Você está de péssimo humor hoje. Afinal de contas, o que houve?!

Zaniah suspirou. Ela realmente não estava em seus melhores dias.

Olhou para Athena, que era 7 anos mais nova e ainda não tinha atingido a maioridade igual a ela e seu irmão gêmeo Órion, e iria demorar muitos anos até Athena chegar a fase adulta.  Athena tinha uma beleza devastadora, como uma Deusa da guerra, e de fato, mesmo ela adolescente, já era uma Amazona.

- Eu descobri algo, há algumas semanas... E não consigo decifrar...

Athena a olhou com curiosidade. Zaniah prosseguiu:

- Quando estava na biblioteca, vi um livro que nunca tinha visto. Só que ele não tem nada marcado... As páginas estão todas em branco.

- Então não é um livro, pode ser um caderno...

- Tenho certeza que é um livro. E tem códigos feéricos ocultos nele. Só que não consigo decifrá-los.

- Mas você é a única pessoa que eu conheço que consegue decifrar códigos. Lembro que sempre ganhou de Órion nisso.

Zaniah lembrava com satisfação dessas competições. Em uma das vezes, o Pai dela, Rhysand, havia dado no aniversário de 7 anos, dois cadernos com códigos feéricos, uma para ela e outro para o Órion, que por sua vez nunca conseguiu progredir uma página se quer, enquanto Zaniah, além de ter terminado, ganhou todos os presentes que o livro lhe dava, havia sido tão empolgante, que até hoje ela guardava com muito carinho em sua caixa de porcelana. Mas no atual momento, Zaniah se sentia frustrada.

- Devo ter perdido o jeito com isso.

- Impossível prima! Mas talvez deva ser algo desconhecido por todos nós... Poderia pedir ajuda há alguém que entendesse do assunto. Só não lhe dou a sugestão do Órion porque sabemos que ele é péssimo!

Ambas deram risada, e Zaniah disse:

- Não quero que ninguém saiba por enquanto Athena. E mesmo se Órion soubesse, não pediria ajuda dele. Não quero que meu irmão se intrometa, ele já é muito enxerido.

Corte de Neve e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora