Olhos Brilhantes

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O semblante de Eloá em minha direção é sério, tenho consciência que não será fácil sair daqui sem lhe dá informações, mas não quero conversar, não vou lhe dizer nada, da última vez que contei tudo o que eu sei e o que me aconteceu fui taxada de louca e queriam me internar em uma clínica, sem falar que iam espalhar fotos minhas.

- Não quero conversar, quero ir embora- meu tom de voz sai rude, minha respiração pesada e tenho um bolo se formando em minha garganta, sei que é errado tratar os outros assim, mas estou assustada.

- Calma, não precisa se exaltar, já falei que ninguém aqui vai lhe fazer mal- nego com a cabeça, queria correr, mas sei que Joshua está atrás de mim, em um devido momento ele se levantou e se posicionou ali- Melina, nós não somos idiotas, sabemos que algo está acontecendo e você está muito assustada, você está fugindo de algo ou alguém, uma pessoa não fugiria de um hospital sem motivo, entenda que nós só queremos ajudá-la, podemos tentar contatar alguém, um parente ou amigo- volto a negar com a cabeça, já estava chorando mais uma vez, isso é uma droga, eu que raramente chorava vivo chorando- podemos contatar a polícia para nos ajudar- arregalo meus olhos.

- NÃO- ela olha-me assustada com a minha reação, mas eu não poderia falar novamente com a polícia- não chame a polícia por favor- praticamente imploro, ela não poderia fazer isso comigo.

- Está fugindo da polícia Melina?- olho para Joshua, o qual me questionou, sua postura estava em alerta, me olhava com desafio e firmeza.

- Sim- resolvo não mentir- porque eles querem me internar, seja lá o que isso signifique, mas eu ouvi ele conversando com o tal doutor do hospital que eu estava usando drogas, mas nem sei o que é isso, ou que eu estava louca, mas eu não sou louca, só queria ajuda- meu choro se torna compulsivo ao lembrar-me de como me senti ao perceber que não iriam me ajudar e ainda brincavam com o que eu disse como se eu fosse uma idiota.

- Por que acham que você é louca? Você parece normal- Ayira se manifesta chamando a atenção para ela, estávamos tão centrados em minha situação que esquecemos da menina.

- Querida porque não vai vê o Olaf e brincar um pouco com ele- ela começa a negar o pedido da mãe, mas Eloá a interrompe- não é um pedido Ayira, é uma ordem, conversa de adultos agora.- a garotinha fecha a cara, mas levanta-se da cadeira.

- Coisa chata- resmunga e sai marchando da cozinha, acabo soltando um riso por causa da sua reação, mas ele logo some ao perceber que ainda tenho que enfrentar essas duas pessoas.

- Você poderia responder a pergunta da minha filha agora?- nego com força, eu não podia falar nada, iam me achar louca também, poderiam fingir que acreditam, mas depois poderiam falar com a polícia, ou com o hospital.

- Não, irão me achar louca também, então por favor me deixem ir, já agradeci e tudo mais, o que mais querem?- pergunto desesperada, estou sentindo-me sufocar com eles me pressionando.

- TE AJUDAR PORRA- Joshua explode, acabo dando um saltinho no susto e virando-me para ele- eu não sou a pessoa mais paciente do mundo Melina, então se você poder nos oferecer informações para te ajudar, a hora é agora, porque está na cara que você se considera estar em perigo e não tem para onde ir, e para o seu bem é melhor abrir a porra da boca- meu coração começa a disparar no peito, minha respiração se altera, o pânico me domina.

Eu vi, por uma fração de segundos, mas vi. Seus olhos, vermelho vivo e brilhante, exatamente como Cecília me alertou, ele é um deles, Joshua é um lobisomem renegado, o mestre deve tê-lo mandado para me levar, por isso ele não gosta de mim, deve achar que eu traí a sua seita a partir do momento que eu fugir, e agora está aqui para levar-me de volta, mas eu não vou, não vou.

Reclamada Por Um LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora