Lar doce, lar

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Melina

- Você realmente está bem?- torno a perguntar-lhe, só para ter certeza.

- Já disse que sim!- diz entre dentes, seu tom levemente contrariado, resolvo ficar calada já que é óbvio que ele não esta bem.

Eu não sei em que momento as coisas mudaram. No primeiro momento ele estava todo sorrisos, emocionado, carinhoso, o Erick de sempre, fiquei extremamente feliz por ver que foi ele tinha ido me buscar, que ele estava ali e se importava, que as coisas não aparentavam está estranhas, ainda mais após três anos sem contato, porém, acredito que estava enganada, pois no segundo momento, ele ficou tenso, sério, levemente contrariado, agitado me apressando para podermos ir.

Agora ele está agindo com esse jeito bruto, apertando o volante como se estivesse se controlando, está tão perto da porta que parece que estou com alguma doença contagiosa, como se não suportasse está perto de mim, mas resolvo não pensar muito nisso, não quero que sua atitude repentina estrague a minha felicidade de estar de volta a minha família.

Passamos o resto do caminho em um silêncio incômodo, pelo menos por mim. Pensei várias vezes em puxar assunto, mas Erick não parecia de forma alguma apto a uma conversa, então desisti, resolvendo me concentrar em um joguinho de celular.

- Chegamos- estava tão concentrada no jogo que nem percebi o tempo passar, mas quando ergo os olhos vejo a enorme casa dos Jenkins, nada mudou, parece que o tempo não havia passado.

Volto meu olhar para o Erick, mas o mesmo não está mais no carro. A porta estava aberta, mas o mesmo estava na parte traseira com o porta malas aberto começando a tirar as minhas malas de forma apressada. Puta merda! A situação entre a gente para ele está tão ruim assim?

Saltei do carro completamente revoltada com ele, ao ponto de bater a porta com força. Erick para de súbito com a minha mala de mão.

- Qual é a porra do problema?- me aproximo dele e o mesmo dá um passo para trás, trincando os dentes.

- Nada caramba- sua voz se eleva, parecendo mais grossa que o normal, posso jurar que seus olhos oscilaram para o amarelo, Erick fecha os olhos, respira fundo e quando torna a abri-los parecem suaves- não se preocupe está bem, não é nada com você, estou com alguns problemas, é só isso.- naquele momento ele parecia o Erick de sempre, um pouco abatido, mas o Erick.- aqui- me entrega a mala- a gente se vê depois Cachinhos.- e com isso ele fecha o porta malas, entra no carro e dá partida, me deixando atordoada.

Não era desse modo que imaginei nosso reencontro, não mesmo. Foi pior do que eu pensava, acho que não tem mais volta, qualquer amizade que poderíamos ter foi estragada no passado, aquele começo foi só a emoção do reencontro. Ok, não vou pensar nisso, não agora, não tão cedo, isso não vai estragar meu dia.

Solto uma respiração profunda, encaixo a mala de mão na de rodinha e seguro a alça das duas, começando a arrasta-la para a porta da frente. Cadê todo mundo, que não aparece ninguém para me ajudar? É assim que sentiram saudades? Certo, estou sendo dramática.

Obtenho a minha resposta assim que a porta se abre, o grito alto de Bem Vinda faz com que lágrimas se acumulem em meus olhos. Eu senti tanta falta dessas pessoas, as conversas pelo celular, ou rápidas visitas não eram suficiente para aplacar o sentimento angustiante que havia dentro de mim.

- MEEEEL- sinto o impacto e os pequenos braços de Ayira envolvem a minha cintura, quer dizer, não tão pequenos assim. A mesma já está enorme agora com seus oito anos, parecia ficar linda a cada dia, lamento não ter estado por perto para vê seu crescimento até aqui, mas o importante é está aqui agora, aproveitando a minha irmãzinha- você não vai mais embora não é?- me encara esperançosa com seus olhos verdes acinzentados, a todo momento agarrada a mim.

Reclamada Por Um LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora