Eu corri, corri e corri, mesmo agora não aguentando dá mais um passo continuo correndo, ou pelo menos tentando, minhas pernas parecem está pegando fogo pela forma que queima, meus braços estão cheios de cortes devido as plantas, meus solados dos pés não duvido nada que estejam em carne viva, pois estou descalça, nos meus pés só tinham pequenas correntes de ouro, como uma tornozeleira, arranquei de mim assim que pensei que poderia ser um modo de rastreio, essa foi a única parada que fiz.
Não sei a quanto tempo eu corro, ando ou tropeço, só sei que o céu está começando a clarear, meu corpo está pesado, sinto-me tonta e com fome, o medo de ser pega é grande, mas quero acreditar que eles ainda não encontram alguma pista minha, que esse cheiro horrendo de podre os tenham despistado.
Minhas vistas começam a escurecer, eu não aguentava nem mais um passo, nunca tive que me esforçar tanto, sempre tive as coisas fáceis, sempre fui tratada com muita delicadeza que uma "princesa" merece, agora vejo como isso não está sendo algo positivo, se for analisar os fatos, nunca foi, aliás, não foi por bons motivos o qual fui tratada daquela forma por toda infância e adolescência.
Estava quase desistindo, me entregando ao cansaço quando vejo uma estrada. Sem pensar duas vezes caminho até lá aos tropeços, quando chego a beira da mesma, olho para ambos os lados, e como se a sorte estivesse ao meu lado vejo um carro vindo em minha direção, só poderia torcer que essa pessoa não fosse uma que faz parte da seita. Eu não sabia como pedir ajudar, ou que parasse, então faço a primeira coisa que vem a minha cabeça, paro em frente a ele e por muito pouco o carro não passa por cima de mim, freiando com tudo.
- ESTÁ LOUCA PORRA?- o motorista se altera, com razão imagino, mas realmente não sabia o que fazer.
- Me...me ajuda- é a única coisa que peço antes de ir ao chão completamente apagada.
(...)
Abro os olhos completamente confusa, minha cabeça dói, meu corpo todo dói, porém, sinto-me um pouco mais descansada. Olho ao meu redor, mas não reconheço o local ao qual estou, a parede é branca e azul claro, vejo uma cadeira fofa ao meu lado direito, tem uma máquina ao meu lado que não para de apitar, uma agulha enfiada no meu braço com um pequeno tubo que leva a um saquinho com água, continuo tentando encontrar alguma coisa com semelhança com algo que eu conheço, mas não encontro nada.Deixo isso de lado temporariamente quando a minha cabeça é invadida por lembranças, o dia que descobrir que tudo o que eu vivi é uma grande mentira. Como não percebi tudo antes, agora que sei de tudo, ou pelo menos eu acho que sei, percebo tudo que me cercava. O motivo de não podermos sair sem um guarda, no meu caso, nem sair podia, o porquê das meninas sempre que saiam voltavam tristes ou chorando, elas não tinham inveja pelos meus cuidados, tinham ódio porque eu não sofria o que elas sofriam, e para piorar, todas são minhas irmãs, meu sangue.
Pensar que elas sofriam, enquanto eu me sentia superior por ter as melhores coisas, coisas fúteis, como jóias, cremes, perfumes, mas que aprendi que eram o melhor que qualquer garota poderia querer, quando penso nisso, sinto nojo de mim mesma, mas eu não sou culpada, sou? Aliás, eu não sabia de nada, e se não fosse pela Ceci, uma hora dessas, minha vida teria se tornado um inferno.
Um choro compulsivo toma conta de mim quando lembro da minha Ceci, pensar que ela foi a única que sempre me amou de verdade, que sempre cuidou de mim, me encheu de amor e carinho, que preferiu trair tudo o que ela conhecia para poder me salvar, que se sacrificou por mim. Meu choro piora quando imagino o que ela sofreu antes de morrer, pois pelo pouco que sei daqueles que pensei que eram importantes para mim, sei que eles não aliviaram para ela. Então eu choro, choro por tudo, pela minha vida, pelo medo do que me espera, pela minha Ceci, pelas minhas irmãs.
O quarto é invadido por uma moça com uma roupa azul claro, em sua mão tem um seringa, entro em pânico ao pensar que aquilo possa ser algum veneno como o que Ceci me deu para matar os lobos, mas ela vai até ao saquinho de água e enfia agulha perto dele, aos poucos meus olhos e corpo pesam, não demorando a apagar.
(...)
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Reclamada Por Um Lobo
RomansaCriada em uma seita, Melina não conhece praticamente nada do mundo, desde cedo foi ensinada a servir ao seu mestre, para assim conseguir alcançar o seu plano astral. Agora aos dezoito anos, ela está pronta para se juntar a seu mestre e senhor em mat...