EPÍLOGO

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3 Anos Depois...

Termino de aplicar o batom, afofo mais um pouco meus cachos, me analiso no espelho e fico satisfeita com a minha aparência. Enfim, vou até a cama, pegando a minha bolsa de mão e saído do quarto para a sala de estar, onde meus homens esperam-me.

- Até que fim- Antony fala com um saco de batata frita em mãos, o mesmo está vestido com seu pijama.

- Não é assim que se trata uma mulher moleque- meu marido o repreende, dando um tapa em sua nuca.

- Eu sei como se trata uma mulher, mas eu só quero que vocês saiam para eu ficar com a cobertura só para mim- se joga no enorme sofá preto, apertando o botão que há no braço do mesmo, fazendo a tela plana da TV descer. Nego com a cabeça ao vê o adolescente de quatorze anos.

Meu filho é lindo, com seu rosto esculpido, mesmo tão novo, seus olhos verdes, cabelo preto com o corte mais longo e fios ondulados. E a personalidade, do próprio Erick, quem não soubesse acreditaria que ele realmente tem o DNA do pai.

Erick e eu tomamos a decisão de adotar o Anthony dois anos atrás, ele foi uma das crianças resgatadas da seita, na época ele tinha nove anos e com certeza já havia sido introduzido naquele meio, não em prática, mas em visibilidade, o que com certeza contribuiu em sua personalidade forte.

O que chamou a minha atenção no meu menino foi o fato dele ter sido devolvido duas vezes para o abrigo, por conta da sua rebeldia. Anthony sofreu bullying e exclusão no meio dos outros, aparentemente ele era filho de um dos cabeças da seita, devido a isso alguns garotos e garotas, que já estavam se desenvolvendo dos traumas e começando a interagir e se envolver na sociedade, resolveram fazer dele um ponto para descontar suas revoltas, precisavam culpar alguém pelo ambiente que em viveram, como não tinha os responsáveis, descontou no mais próximo deles, apesar dele não ter culpa de nada.

Sabe aqueles cachorros que por não ter recebido carinho, só esporro, e quando alguém tenta demostrar algum afeto ataca? Esse era o Anthony quando Erick e eu nos aproximamos. Ele fazia questão de ser um respondão, de xingar, de destratar, mas isso não me afastava, eu vi nos olhos dele uma criança perdida e assustada.

Embaixo daquela casca dura, eu me vi quando sair pela primeira vez nesse mundo, perguntando-me se um dia eu teria uma boa vida, se seria feliz, encontraria alguém a quem confiar e ser amada. Foi por isso que insistir nele.

A adoção não foi difícil, não tinha tanta burocracia quanto uma adoção humana, é claro que analisamos com cuidado os candidatos, porém, nós focamos em: amor, carinho e estabilidade financeira.

Enfim, a dificuldade veio depois.

Anthony me deixou louca, desfazia de tudo, fazia questão de deixar tudo bagunçado, qualquer coisa que Erick ou eu fazíamos por ele, o mesmo desmerecia ou fazia pouco caso. Meu marido se manteve paciente até o momento que eu me esgotei e chorei, quando o Thony fugiu, foi naquele momento que eu quis desistir, mas Erick não permitiu.

Flashback

Passava da meia noite quando Erick adentrou a casa segurando o braço do Anthony, sem paciência nenhuma ele o jogou no sofá, mas ainda assim com cuidado para não machucá-lo. Eu fui em sua direção para checar se estava tudo bem, para tentar confortar ele apesar de tudo, mas meu marido me impediu.

- Não- olho para ele irritada- ele não merece a porra da sua preocupação, não quando ele não se importa- olho para o menino emburrado no sofá, parecendo revoltado, mas ao mesmo tempo triste- nós fomos pacientes, nós demos espaços, tentamos fazer uma amizade surgir, demos atenção e carinho só recebemos porrada desse ingrato.- Erick explode, eu sei que ele está no seu limite, e me sinto culpada por ter desabado e causado isso nele.

Reclamada Por Um LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora