Reclamada Por Um Lobo

Aflição

Erick

Meu lobo está agitado, algo dentro de mim está deixando apreensivo, e a demora da Melina está me preocupando, apesar dela está com o Gustavo. Observo uma enfermeira entra com um carrinho duplo, com duas trouxinhas rosas, tenho certeza que aquelas são minhas sobrinhas, mas mal tenho tempo de aprecia-las.

"Vá atrás dela- meu lobo pede desesperado- AGORA".

Não espero por mais nenhum segundo antes de sair atrás da Melina, foda-se que ela está com o Gutto, meu lobo pode senti-la pela ligação, e se ele está me alertando é porque minha garota não está bem. E isso se confirma assim que chego ao corredor que vai em direção ao refeitório e a saída. Meu extinto me leva para a saída, e o forte cheiro do medo me deixa em alerta.

Ah cinco cheiros diferente, entre eles o de Gustavo e o de Melina, está última com o seu aroma misturado ao pânico, o de Gustavo havia ódio. Analiso rapidamente a situação, quando tenho uma ideia do que aconteceu começo a correr na direção que o cheiro vai, escuto Eloy gritar atrás de mim, mas ignoro transformando-me, para que assim eu possa correr mais rápido.

Avisto um carro preto andar com toda a velocidade pela trilha, aumento a minha corrida. Quando estava praticamente na lateral do carro escuto um homem me anunciar, mas o que deixa com ódio é a voz do merda de Gustavo atirar. Não consigo assimilar direito após sentir um queimor atravessar a lateral do meu corpo, ao fundo escuto o grito de Melina chamando por mim, enquanto meu corpo cai ao chão rolando uma pequena ribanceira.

Após o choque físico, meu corpo retorna a forma humana, mas eu não me importo. Eu me sinto perdido, sem chão, não conseguia pensar em nada, a não ser que eu sou um inútil. Meu peito se aperta, e o local do tiro queima, mas eu não ligo, eu falhei com a Melina, eu que sou seu companheiro, eu que prometi cuidar dela e protegê-la falhei com minha menina, com a minha cachinhos.

- ERICK- escuto a voz do Eloy ao fundo, mas não me manifesto, continuo ali desolado, me sentindo fraco- porra irmão- ele aparece a minha frente, se abaixando para ficar em minha altura, encaro seus olhos.

- Eles a levaram, a minha menina Eloy, eles pegaram a minha Melina- começo a chorar sem vergonha alguma, pois ter vacilado com a Melina, sentir seu medo, saber que ela está em perigo me machuca.

Meu irmão me olha com compaixão, entendendo minha dor, então me puxa para um abraço. Me agarro a ele chorando com mais força, e ele me segura por quanto tempo eu preciso.

Quando me recupero, estou determinado. Coloquei um pouco da minha dor para fora, me sentia fraco, mas ficar aqui me lamentando e chorando não iria resolver. Levanto-me decidido aí atrás da minha companheira, o rastro ainda está no ar e tenho certeza que ficará por um tempo, posso ir aí seu encontro, nem que isso leve dias, mas eu vou encontrá-la e trazê-la para mim.

- Aonde você pensa que vai?- Eloy me sustenta quando eu cambaleio, eu estou zonzo e minha boca amarga.

- Atrás dela- tento caminhar novamente, mas minhas pernas não tem força, a bile sobe a minha garganta, e eu vomito um líquido negro amargo e com gosto de ferrugem.

Me dou conta do que está acontecendo, o porquê desses sintomas. Olho para baixo onde está localizado a lesão causada pelo tiro, um líquido negro com minúsculas partículas roxas escorre pelo buraco da bala. Puta merda, fui envenenado.

- Uma merda que você vai- rosno por ele tentar me impedir- não rosne pra mim seu cabeça dura, você ir atrás dela agora é suicídio- diz impaciente começando a se movimentar comigo apoiado nele, minha visão começando a ficar embaçada, em breve eu estaria com febre e alucinações, seguidos por um dor insuportável pelo corpo e por fim a morte- nós vamos para casa, onde Eleanor vai curar com você, então todos nós vamos criar um plano e ir atrás dela.- diz por fim.