Capítulo 37 - Viagem ao destino

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A guerra é emocionante. Pensar nela me dá um frio na barriga enorme e faz meu peito ferver. Sem dúvidas, o que me espera é grande. Mas passar horas no carro, olhando uns pra cara dos outros sem ter mais nenhum assunto, é extremamente entediante.

Paramos há poucos minutos pra Abby fazer a última sessão de cura em Adam. Ele finalmente está curado, suas costelas não estão mais quebradas. Já é quase final do dia, logo vamos fazer uma troca de motorista  e fazer o ultimo abastecimento do dia. Tinka está ao meu lado brincando com seu Nunchaku. Abby está na minha frente praticando seus poderes de cura com Elliot, já que em um ponto do seu nível de poder, ele não sente dor, ela faz cortes nele e depois tenta curar o mais rápido possível.

Will está quase deitado no banco e comendo jujubas. Ele percebe que estou olhando pra ele e me oferece uma, então recuso educadamente. E do meu outro lado, está Mike. Afiando suas espadas. E isso me preocupa, pois a ultima vez que o vi assim, ele estava cismado com alguma coisa, e hoje não parece ser diferente. Eu sinto algo vindo dele, mas não sei bem o que é.

Aproveito que estão todos distraídos e cutuco ele. Mike não para de afiar suas espadas, apenas se inclina pra mim e diz um baixo "hum?".

—O que você tem?— Sussurro baixinho.

Mike se remexe e para o que está fazendo.

—Acho que não adiante esconder, né? Tenho que aprender que essa ligação faz com que não tenhamos segredos.— Ele se vira pra mim, mas antes, olha pros outros.—Sabe que eu estava até esperando você perguntar?

Abro um pequeno sorriso.

—Podia ter facilitado e falado de uma vez.—Respondo ele.

Mike dá de ombros. 

—Antes de sairmos da casa do Tobi, eu fiquei curioso sobre o que ele tava lendo com tanta atenção. Eram muitas cartas e ele apenas disse que era a hora de ir. Então eu de fininho dei uma pequena olhada e achei uma que não tinha nada a ver com a missão, sem saber o que era, eu peguei.— Mike põe a mão no bolso e tira de lá um papel bem amassado.

Ele hesita um pouco, mas me entrega a carta.

Antes de ler o conteúdo, vejo o símbolo do orfanato que cresci. Tomo um susto com isso mas tento não demonstrar. Leio o conteúdo da carta. Fala sobre a irmã de Mike, parece que Tobi finalmente conseguiu contatar alguém que se lembre dela e disseram que um dia, ela apenas sumiu, eles a procuraram, chamaram a policia, mas nunca encontraram ela. Não sabem se ela fugiu ou foi levada.

Isso é muito sério.

—Será que ela fugiu?—Pergunto a Mike, mesmo sabendo que ele não tem a resposta, mesmo sabendo que não há como ele adivinhar com base no conhecimento sobre a irmã.

—Eu não sei.— Ele diz sem me olhar, como se estivesse com o pensamento longe. Era a resposta que eu esperava, mas tinha um punhado de esperança em mim que acreditava que Mike saberia de algo mais.

Mike pensativo é algo interessante de se ver. A testa levemente franzida, os lábios um tanto rígidos, o olhar distante e o pequeno movimento na sua bochecha que indica que ele está a mordendo levemente. Mike é alguém importante pra mim, assim como os outros, mas já está na hora de admitir que eu me importe mais com ele do que com os outros. Talvez não com Abby, com ela é diferente, eu morreria por todos eles, mas por Abby e Mike, eu suportaria o pior do pior.

Quando eu tinha 12 ou 13 anos, eu comecei a ter interesse por garotos. Um pouco tardio, mas minha vida era o treinamento, eu não tinha muito tempo para socializar, até que a puberdade chegou pra mim e eu comecei a notar os garotos. Eu sabia o que isso significava, sabia que poderia me apaixonar, afinal, meus pais se amam, e eu sempre quis o que eles têm. Uma carreira, um amor, filhos e felicidade. Então eu perguntei pra minha mãe, como eu saberia se estivesse realmente sentindo amor, como ela e meu pai.

A profecia dos cincoOnde histórias criam vida. Descubra agora