Capítulo 24- A cor dos olhos

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Estávamos os cinco sentados em troncos de frente com a lousa improvisada de Tobi. Ele havia se atrasado hoje. Disse para todos nós encontrarmos na nossa nova sala de aula ao ar livre, as 7:00. E lá estávamos nos, com olheiras e cara inchada, porém na hora certa as 7:34.

-Será que ele não se confundiu?-Will perguntou.

-Não, ele foi claro. Disse que iria na cidade e voltaria antes das 7:00 e que era para estarmos todos de pé aqui. -Adam falou enquanto escrevia em seu livro.

Tobi trouxe para ele um livro com capa de plástico enorme e totalmente em branco, e Adam anda trabalhando nesse livro dia e noite. Ele quis presentear cada um de nós, pelo nosso esforço. Ele deu para a filha um broche que arrancou lágrimas de seus olhos. Para Mike ele deu um mapa com alguns lugares marcados. Eu não entendi, mas Mike pareceu muito agradecido. Para Will ele entregou um fichário com informações sobre a árvore genealógica dele. E para mim, uma carta. Escrita pela minha mãe.

Após o sequestro, quando minha mãe se recuperou, ela e meu pai sumiram. Eu não tive nenhuma notícia deles desde então. E ter uma carta escrita por ela, que eu nem consegui me despedir, foi muito importante. Na carta dizia que ela estava orgulhosa de mim, que ela e meu pai estarão me ajudando de longe, e quando tudo acabar, nos voltaremos a ser uma família feliz. Nós três.

Isso faz algumas semanas. Tobi e meu pai foram ao orfanato a procura de pistas, mas eles não conseguiram nada. Eu não tinha registros. Imaginamos que tem o dedo de Diana nisso. Por que diabos ela destruiria meus registros se pretendia me contar a verdade sobre meus pais biológicos?

Lembro daquela mulher, da sua risada, da sua voz doce ao falar a que era minha mãe e de como ela mudava de personalidade quando se tratava de matar meus amigos. Aquela mulher não parece nada comigo. E se eu ficar louca como ela? Tobi fazia parte do ciclo dela, ele a seguia. Ela não era uma pessoa maluca. Então, ela se tornou esse monstro com ideais extremistas e olhar assassino.

-O que foi?-Abby me perguntou tocando meu braço.

Eu a olhei. Era bom olhar para Abby. Para seus olhos cinzas e calmos. Era relaxante. Instintivamente, olhei para Mike. Ele me olhava com cautela. Temos treinado juntos desde o beijo, temos nos olhando bastante, e até conversado um pouco. Mas cada vez que meu coração acelerava quando seus olhos fitavam os meus, eu lembrava da ligação e dava um jeito de fugir.

Como exatamente agora. Meu coração palpita forte no meu peito, vejo o peito dele subir e levantar com sua respiração. Eu viro a cara e me concentro em Abby. Na sua pergunta.

-Apenas estou preocupada.-Digo a ela.

Abby assente.

-Olha, eu sei que não é isso. Mas tudo bem se não quiser me contar. Você está com medo, e tem o direito de estar, tá bem?-Ela disse devagar.

Eu amo todos aqui, mas Abby e Mike, por causa da ligação, são mais especiais. Eu nem tento mais esconder nada deles. É inútil. Abro um sorriso para Abby e também a toco, para que ela possa sentir o quanto sua preocupação me deixa feliz.

E parece ter funcionado.

-Trouxe café da manhã!-Tobi aparece do nada jogando sacolas de mercado na nossa frente.

-Está atrasado.-Mike repreende.

-Não. Atrasado ele estava há meia hora.-Adam corrige.

-Você não pode nos comprar com comida...aí meu Deus, você trouxe o patê que eu mais gosto!-Will falou enquanto revirava as sacolas e Adam da um chute nele para ele se tocar.-Ai!...quer dizer, nem esse sanduíche natural com três camadas de peito de peru pode nos comprar!

A profecia dos cincoOnde histórias criam vida. Descubra agora