O Guarda-costas

Capítulo 40 - Ligação

     Entramos no carro do Hard. Era um veículo bem grande. Colocamos Adam no último banco. Fizemos ele se deitar, eu me sentei junto a ele, pus sua cabeça na minha perna e acariciei seus cabelos. Nunca fiquei tão preocupada com meu guarda-costas como agora.

- Vai ficar tudo bem - beijei sua testa que estava fervendo, uns 300 graus.

       O carro começou a andar. Hard  colocou uma música dos anos 60 e começou a cantá-la sem se importar com sua voz desafinada e feia. Ele batia no volante e eu só o observava, estranhando.

- Vocês vão pra onde? - perguntou Hard, parando de cantar, mas em compensação, ele começou a balançar a cabeça curtindo a música.

- Espanha - Samy respondeu naturalmente, como se o Hard não fosse um completo estranho.

- Ainda não sabemos - menti. - Vamos descobrir lá no aeroporto - disfarcei, bom pelo menos tentei.

- Já sabemos sim! - Samara fala se virando para me encarar, ela franze o cenho para mim.

- Espanha é? - ele pergunta de novo.

- Sim - falou minha amiga super, ultra, mega lerda, a fuzilei com o olhar.

- Lá é bem legal, já estive lá - Hard comentou.

- Humm. Interessante - me fingi de interessada.

- Lu - Adam sussurra.

- Que foi? - perguntei o fitando, ele está suando e está pálido.

    Adam ia se preparar para falar, mas ele desmaiou, bati de leve na sua bochecha.

- Adam, Adam! - gritei em desespero. - Não tem como acelerar esse carro não? - me estressei.

- Calma - Bene diz. - Já estamos chegando certo? - ele encarou o motorista.

- Estou indo o mais rápido que eu posso! - Hard diz nervoso.

- Alguém tem álcool e um pano? - questionou Bene.

- Pra que você quer isso? - um dos gêmeos perguntou.

- Para acordar o Adam - Bene responde como se fosse óbvio.

- Debaixo do banco - Hard falou estressado.

    Bene pegou um pano e despejou um pouco de álcool nele. Ele me entregou e me deu as instruções necessárias para fazer o Adam acordar.

- Coloca no nariz dele e espera ele inalar isso - Bene informa.

- Tá.

        Fiz o que ele mandou, esperei alguns segundos, o efeito foi imediato. Adam começou a tossir e eu tirei o pano da sua cara, o fitei muito aliviada por saber que ele está cociente e bem.

- Adam - falei procupada.

      Ele não disse nada. Só fechou os olhos e respirou fundo, meu celular começou a vibrar no bolso, eu o pego, era meu pai.

Eu : Sim? - disse receosa.

Pai : Aonde você está!? - ele pareceu furioso.

Eu : Acampando - menti.

Pai : Não, não está ! Pois eu estou bem aqui aonde eu deixei vocês ! - meu pai falou firmemente. - Diga agora aonde você está ! - ele ordenou.

Eu : Estou indo para o aeroporto - disse derrotada. - Pera aí, porque você voltou ? - perguntei curiosa.

Pai : Estou indo pra aí agora ! Não embarque sem mim e sua tia !

       Meu pai desligou enquanto eu revirava os olhos. Que maravilha, mais pessoas para tentar pegar o chefe terrorista. O celular do Hard começa a tocar com uma música de Rock pesado, o vocalista só gritava, nem tinha letra aquele negócio.

Hard : Alô?... Afirmativo.

    Quem fala afirmativo? Estranho. Ele desligou a ligação e olhou de relance para mim, estranhei sua atitude.

- Quem era? - questionei.

- Sou o agente Hard do FBI - ele deu uma resposta meio inesperada.

- Quê!?- assustei.

- Estou investigando casos envolvendo terroristas. Soube que vocês estão a procura de um grupo quase impossível de se encontrar - Hard disse tirando a peruca, sério? Peruca? Percebi que seus cabelos são loiros, ele começa a tirar a máscara (nem deu pra perceber que era um disfarce, essa "maquiagem" foi muito bem feita). Sua aparência mudou completamente, ele é um gato!

- Uou - Samy admirou-se e suspirou.

- Vou ajuda-los a destruir esse chip e prender esse grupo terrorista - Hard diz com uma voz simpática.

- Como você sabe da existência do chip? - perguntou Bene estranhando.

- Sei dele desde quando o pai da Luíza me contou sobre essa invenção - ele respondeu.

- Como eu posso saber se o que você está dizendo é verdade? - questionei confusa.

- Não vai, só irá ter que confiar em mim - Hard responde.

- Esse é o problema - sussurrei.

    O resto da viagem foi um silêncio mortal. Adam não estava bem; eu não tinha ânimo para puxar conversa; Samy estava ocupada demais admirando a beleza do motorista e já Bene ficou retrucando vendo essa cena de " romance "; os gêmeos ficaram jogando nos seus celulares e, por fim, o Hard ficou ouvindo o rádio com notícias tediantes. Finalmente chegamos no aeroporto, meu guarda-costa já estava com a aparência mais apresentável. Descemos do carro. Ajudei meu protetor a se equilibrar, ele se apoiou em mim.

- Esse era meu dever - Adam diz fraco.

- É minha vez de cuidar de você - sorri.

      Olho para ele, um sorriso está estampado em seu rosto. Hard pegou sua arma e seus distintivo e os colocou na cintura. Entramos e nos sentamos naqueles bancos azuis de plástico, super desconfortáveis.

- O que ele tem? - perguntou Hard olhando para Adam.

- Não sei - respondi sincera.

- Estamos esperando quem mesmo? - questionou Samy.

- Meu pai - suspirei -, e minha tia - fiz careta.

    Esperei dias, anos, séculos e, por fim, minha família querida chegou. Meu pai estava com aquela expressão de desapontamento ( lá vêm bomba ), já minha tia, desaprovação. Me levantei daquela posição e fui ao encontro deles.

- Oi - falei querendo perdão.

- Estou muito decepcionado com você - meu pai disse. Ele nunca havia dito isso antes para mim, isso dói mais que levar uma surra.

- Desculpe - fiquei cabisbaixa.

- Viu? Você não me deixou educar a menina, deu no que deu - minha tia resmunga alto.

- Silêncio! - meu pai brigou sem paciência para ladainhas vindas de Mary. - Vocês vão para onde? - perguntou meu pai se acalmando.

- Espanha - respondi. - Vamos acabar com tudo isso - fitei ele seriamente.

- Eu comecei, eu termino - meu pai diz sério. Ele andou até onde se compra as passagens e pagou de todos. Em seguida, meu pai andou em nossa direção e se sentou cruzando o braços sem dizer nada.

- Vai ir conosco? - perguntei e ele apenas acentiu com a cabeça.

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