Capítulo 11 - O garçom

7.5K 548 22
                                    

      Me levantei da cama bufando de raiva, como uma pessoa pode ser tão lerda assim? Que idiota! Cansei de tudo, saí do quarto e me escondi atrás de uma lixeira, Adam passou reto, me procurando, assim que ele virou no corredor eu saí dali de trás e entrei no elevador, limpei minhas lágrimas, e tentei me alcamar; porta do elevador se abriu e eu saí correndo para fora daquele hotel. Pela primeira vez sem uma pessoa irritante me seguindo, ou atrás de mim, era tão bom sentir o gosto da liberdade, corri corri sem ter um destino. Entrei num pequeno restaurante, me sentei no bar que havia lá e respirei fundo. Um garçom veio e me olhou como se me conhecesse.

    - Luíza? - perguntou assustado um cara mais velho com um sutaque bem carregado.

    - Sim, como você sabe meu nome? - questionei o encarando.

     O mesmo tem os cabelos castanhos claros, só que quando batia a luz ficava loiro; seus olhos são azuis, ele parece ter a idade do meu pai.

    - Não se lembra de mim? - ele perguntou estranhando. - Eu te peguei no colo quando você nasceu.

   - Como você gostaria que lembrasse? -  questionei, estava falando com um lunático.

   - Sou seu tio, Thomas - ele deu seu melhor  sorriso, mas pareceu que era gases.

    - Pera aí! - recuperei do susto. - Você é o ex-marido da minha tia Mary, que a deixou, sem choro, nem vela? - questionei curiosa.

    - Sim, sou eu - Thomas ficou triste, mas tentou se mostrar alegre.

     - Desculpe, é só porque, faz tanto tempo que não te vejo, pensei que você estava morto - disse sincera.

     - Não sou um zumbi, até porque essas coisas não existem, mas estou aqui agora. Me me mudei para Paris depois que deixei sua tia - meu tio falou meio desconfortável.

     - Como você me garante que zumbis não existem? Já viu "The walking dead"? Acho melhor você tirar suas conclusões depois da guerra mundial Z okay? - falei lembrando dos melhores filmes sobre esse assunto.

     - Tá desculpa aí - ele falou achando que eu era uma doida, maluca ou algo parecido.

    - Mas que legal que você está aqui. Tio você tem que ir ver a Tia Mary, ela ainda chora pela sua partida - disse querendo ver os dois novamente juntos.

     - Ela está aqui? - Thomas perguntou animado.

    - Sim, no hotel "Sofitel Paris Le Faubourg" - disse tentando parecer uma francesa.

     - Assim que eu acabar  aqui, eu vou visitá-la. Vai querer algo? - Thomas perguntou, pegando um bloquinho de anotações no bolso.

    - Um prato típico daqui - respondi.

    - Okay - ele se virou e foi até a cozinha do restaurante.

    Fiquei lá mexendo no cartápio que estava em cima do balcão de madeira, alguém me cutuca por trás enquanto eu estava pensando sobre variedades de comidas. Me virei e vi o Adam com as bochechas vermelhas, parecendo que havia corrido quilômetros e quilômetros sem parar, seu olhos estavam arregalados, achei que ele iria ter um treco.

    - Luíza, vamos embora daqui! - o guarda-costas falou puxando meu ombro para sua direção com gentileza.

    - Não! - disse grossa.

    - É sério, aqui você corre perigo - Adam falou quase implorando para que eu me levantasse.

    - Não vou, acabei de encontrar meu tio Thomas.

    O meu protetor me olha assustado, eu parei de falar só para o fitar, será que ele estava bem? Ah, não importa! Ele é um idiota de qualquer jeito.

     - Vamos agora - Adam disse.

    O mesmo me pegou nos ombros como sempre, sabendo que eu não ia mecher um dedo para sair dali. Já acabei me acustumando com esse tipo de transporte, só não vou pagar por ele, pois fui levada a força, fiquei batendo nas suas costas, mais não ia adiantar mesmo, Adam não sente nada, parece até um robô. Fiquei reparando no céu, vendo as nuvens mudarem de posição, as pessoas nos olhavam como se fossemos alienígenas, fiz um monte de caretas para quem me olhava. Esse povinho que não têm mais nada pra fazer! Só ficam vendo alguém sendo carregada por outro.

    - Me solta! - disse nervosa e sem sangue no cérebro por tanto ficar de cabeça para baixo.

    - Gosto de te segurar - Adam falou e com certeza sorriu.

O Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora