Capítulo 2 - Tia Mary

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          Dei boa noite para o Adam Winston  (que nome chique digno de ser aplaudido) e fui me deitar no quarto do meu pai. Enquanto eu me acomodava na grande cama de casal do meu pai, Adam colocava minha porta no devido lugar. No dia seguinte eu teria que sair de casa para procurar um emprego, tenho que pagar minha faculdade (ainda bem que a casa já foi quitada). Adormeci novamente e depois acordei me espreguiçando  na cama ainda com os olhos fechados.

- Bom dia - falou uma voz masculina.

   Levei um susto e acabei rolando da cama para o chão.

  - Ai - disse com dor.

  - Desculpe. Não queria te assustar.

     "Não deu muito certo", pensei. Adam estendeu as mãos para me ajudar a levantar. Pensei que tudo que havia ocorrido na noite anterior fosse um pesadelo daqueles bem ruins.

- O quê você estava fazendo aqui? - questionei ainda no chão.

- Te vigiando. Percebi que você ronca demais e que fala à noite - ele foi sincero, até demais para meu gosto.

         Havia acordado com um bom humor, mas só foi ele aparecer que fiquei de mal. Me levantei, dispensando qualquer ajuda e peguei na escrivaninha do meu pai um chiclete de menta.

- Quer um? - ofereci a goma de mascar.

- Não obrigado, estou com o estômago vazio e futuramente posso ficar com gastrite - Adam deu a resposta, fechei meus olhos e fiz som de ronco para fingir que estava dormindo com sua explicação tediosa.

    - Não sabia que uma pessoa dessa idade tinha a capacidade e a facilidade de dormir tão rápido, só crianças têm especificamente - ele falou sério e eu abri os olhos para encará-lo.

     - Eu fingi - revirei os olhos. -  Como você sabe qual idade eu tenho?

    - Sei tudo sobre você. Sua cor favorita é roxo, tem uma ficção por filmes de luta, adora ir ao cinema, gosta de comer panquecas ao acordar e... - o interrompi:

    - Como você sabe tudo isso? - perguntei curiosa e meio constrangida por alguém saber tanto sobre mim sem ao menos eu o conhecer.

    - Seu pai me falou muito sobre você - Adam sorriu.

    - Então nem preciso falar que eu odeio gente que me faz acordar levando um susto! - exclamei ríspida.

    - Vou ir preparar seu café da manhã. Com licença - ele falou me fitando e depois se retirando do quarto.

    Olhei ele saindo com os braços cruzados, depois fui em direção ao meu quarto, a porta estava aonde ela deveria estar, presa na parede. Sorri e entrei nos meus aposentos, peguei minha roupa e fui tomar um banho rápido. Após isso, desci as escadas e vi o Adam sentado à mesa, na mesma, há  um jarro com suco, e dois pratos com panquecas. Me aproximei e me sentei junto a Adam, mas em nenhum momento olhei dentro dos seus olhos.

    - Me dá o suco por favor? - pedi.

    - O jeito certo de se falar é : dá-me - Adam me corrigiu passando o suco. E eu estava com a paciência do tamanho de um grão de areia.

    - Não pedi aulas de português - falei com um tom de raiva.

     - Mas tá precisando - ele riu sozinho.

    Coloquei o suco no copo resmungando. Cortei a panqueca com raiva. Não estava de bom humor, aquele sabor me fez alcamar um pouco, tava uma delícia, nem deu para acreditar que foi um menino a fez.

     - Gostou da panqueca? - ele perguntou reparando meu prato que estava vazio e eu pegando as migalhas.

     - Não, imagina - respondi irônica.

     - Pensei que você havia gostado - Adam falou magoado.

     - Tô brincando, tava ótimo, se pudesse comia mais trezentas dessas, sério.

     - Iria fazer você ficar com dor de barriga.

      - Será que tudo que eu te falo você tem uma boa explicação?  - perguntei, ele abriu a boca para argumentar mas eu o interrompi. - Nem responde. É bonito mais é chato.

      Me levantei da mesa e fui em direção a cozinha para lavar os pratos, coloquei tudo na pia e comecei a esfregar os copos com a esponja. Adam veio e colocou no balcão ao lado da pia seu prato sujo.

     - Quer que eu lave? - questionou ele me fazendo levantar uma das sobrancelhas.

     - Tá bom - me aproveitei da sua suposta gentileza.

     Lavei minhas mãos que estavam com espuma e dei espaço para que o senhor boas maneiras lavasse tudo. O via, ele tinha uma agilidade, fiquei na minha, pensei que ele não sabia fazer isso tão direito.

     - Quantos anos você tem? - indaguei direta.

     - 19 - respondeu Adam colocando o último prato no escorredor de prato.

     -Por suas repostas, eu te daria uns 30.

     - E pela aparência? - ele me encarou.

     - 18 - repondi virando o rosto para evitar contato. - Vou lá para meu quarto.

     - Okay.

    A campainha começou a tocar, fui até a porta num ânimo que eu nunca vi antes. Atendi a porta e vi minha tia Mary, lá dos Estados Unidos.

    -Tia Maria! - a abracei fortemente pela saudade.

   - Você sabe que eu não gosto que me chamem de Maria! É Mary! - ela me corrigiu.

    - Okay! Tia Mary - fiz uma voz irritante.

    - Lu como você cresceu! - ela me soltou e olhou para mim com admiração. - Seu pai deve estar orgulhoso - sorriu.

    - Ele foi embora tia - olhei para ela fixamente triste.

    - Eu sei, mas estou aqui para ajudar em tudo - ela garantiu.

    O Adam apareceu por trás de mim. Olhando para quem estava na porta.

    - Quem é esse? Sabe muito bem que é errado trazer meninos em casa sem ter ninguém para supervisionar! - Mary brigou.

    - Tia eu já sou grande o bastante para saber disso! - falei com sinceridade.

    

  

   

  

O Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora