Minha tia entrou no elevador elogiando tudo que via pela frente, até mesmo os botões, e eu tampei meus ouvidos para não escutá-la. Nós ficamos bem no sétimo andar, nem tão alto e nem tão ralé. Saímos do elevador já cansados de tanto ouvir minha tia tagarelar, dei graças quando ela fechou a boca por um segundo; andamos pele corredor extenso, um tapete vermelho cobria o chão (me senti uma celebridade, andando no tapete da fama). Paramos em frente a uma porta branca e nele tinha os números: 704.- Quem vai ser meu companheiro de quarto? - perguntei animada.
- Jenny - respondeu Andirá com um sorriso enorme no rosto. As duas estão planejando algo contra mim, sinto isso. - E... - fiquei ansiosa para descobrir - Adam.
- Adam? - questionou Jennifer.
- Que foi? Tá com medo dele ver você sem maquiagem? - fiz uma pergunta bem direta, "Jenny " me fuzilou com os olhos.
- Sim o Adam, ele é o protetor da Luíza - respondeu Andirá para Jennifer.
- É hoje que eu não durmo com as cantadas que essa aqui vai dar no seu filho - disse sincera para a mãe do Adam, olhando com desdém para "Jenny".
- Olha aqui garota - Jennifer se preparou para lançar seu veneno mas o Adam foi o antídoto.
- Vamos parar! - ele nos separou da agressão verbal e, possivelmente, física.
A senhora Andirá deu a chave do quarto ao seu filho e deu uma piscada de : boa sorte com essas duas. Entendo olhares. Peguei a chave da sua mão, na verdade a arranquei, e destranquei a porta, já estava cansada de ficar em pé ouvindo ladainhas irritantes da "Jenny" no pé do meu ouvido. Olhei para dentro e vi uma cama de casal, vou ter que dormir com essa frescura em pessoa? Mesmo? Paris estava muito bom para ser verdade.
Não tinha nenhuma bagagem, então para marcar meu lado da cama eu coloquei o colar que meu pai havia me dado. Fiquei com o lado esquerdo, pois o direito só tinha a vista para a parede, já no meu canto, a paisagem mais perfeita"torre eifel". Fui até a janela larga e admirei a vista, para estragar o momento ouvi a voz irritante da "Jenny ".
- Vou tomar banho, okay? - ela falou para Adam.
- Tá bom - ele respondeu e a Jennifer entrou no banheiro, em seguida o Adam veio e me fez companhia.
- Gostando? - ele perguntou interessado.
- Tirando a "Jenny" - afinei a voz quando falei seu nome. - Tá tudo muito perfeito.
- Ela não é tão chata assim - ele disse tentanto me convencer.
- Você gosta dela né? - perguntei meio desanimada.
- Não sei - Adam respondeu saindo de perto de mim, voltando a sua posição de guarda-costa.
- Vou sair, quer ir junto? - perguntei me avastando da janela.
- Pra onde? Não sendo um bar, eu vou - Adam perguntou.
- Não vai ser, só quero conhecer a cidade - respondi indo até a cama pegando meu colar.
- Então tá vamos - ele falou indo até a porta pegando na maçaneta.
- Não vai avisar sua namoradinha? - perguntei desdenhosa.
- Obrigado por me lembrar - Adam foi até o banheiro bateu na porta e falou que só iria voltar a noite, ele nem me corrigiu dizendo que ela não era a namorada dele.
Saímos do hotel chique, e começamos a andar pelas ruas de Paris (dá pra imaginar?), as mulheres que passavam por mim me olhavam de cima a baixo, vendo minhas roupas (como se eu fosse uma mendiga), aquilo só me deixava ainda mais irritada, não tem mais o que fazer não é? Que ódio, entrei na primeira loja de roupas que vi pela frente e puxei Adam para dentro.
- O quê vamos fazer aqui? - questionou Adam franzindo a testa.
- Comprar comida - respondi brincando.
- Mas aqui não tem isso - ele falou olhando em volta e eu suspirando por ser tão lerdo.
- Comprar roupa né? - andei até um maniquim mostrando para ele.
- Tem dinheiro? - Adam perguntou.
- Você só faz perguntas? Não... Pensei que como você é meu protetor, você poderia me proteger dos preços com seu dinheiro.
Até que foi uma boa explicação, pensei. Adam me fitou e depois se sentou no banco mais próximo, não o culpo, aliás ele fica em pé demais para me vigiar. Peguei umas roupas que mais me chamaram a atenção e fui provar elas; me vestia e perguntava a opinião do Adam.
- Essa? - me olhei no espelho perguntando para ele.
- Parece que você está vestindo uma pamonha.
Olhei para o vestido que era verde com uma faixa amarela na cintura, concordei com a cabeça, estava realmente horrível; fechei as cortinas e coloquei outra roupa. Pus um vestido bem colorido e justo.
- E essa? - admirei meu reflexo.
- Quer mesmo minha opinião? - Adam perguntou.
- Sim - disse o fitando com as mãos na cintura.
- Parece que jogaram um balde de tinta em você e depois usaram você para pintar um quadro - ele riu.
- Qual roupa te agrada? Uma para ir ao funeral?
- Que tal essa? - Adam se levantou e pegou na cortina preta que era da loja.
- Isso nem é roupa! - disse sem paciência. - É uma cortina.
- Sim, mas você pode fazer um belo vestido com ela.
Revirei os olhos e entrei no provador novamente, cansada. Coloquei minha roupa antiga e levei o vestido até a balconista e Adam logo atrás.
- Vou levar esse mesmo - falei colocando o vestido em cima do balcão branco.
- São cem euros - a mulher com cara de sapo falou.
- O quê!? - me engasguei e bati em meu peito ainda recuperando do susto. - É com você guarda-costas - empurrei o Adam para frente.
- Quanto que é mesmo? - Adam perguntou.
- Cem euros, Senhor - a mulher mastigou seu chiclete.
- Isso é feito de quê? Pele de panda? - Adam pegou sua carteira atrás dos bolsos e colocou o dinheiro nas mãos da balconista.
- Obrigada Senhor - a mulher deu um sorriso amarelo. - Voltem sempre. "Au revoir".
Peguei a roupa e saímos da li, Adam ficou resmungando.
- Voltem sempre. Vou voltar com a polícia, que roubo - ele andou com as mãos nos bolsos e eu ao seu lado.
- Obrigada - falei alegre.
- Não foi nada, só o meu salário de toda a vida - ele disse sarcástico.
- Deixa de ser exagerado - cutuquei ele no braço.
Andamos reparando na paisagem que era a coisa mais linda, mas para todo lugar que eu olhava só via pessoas andando abraçadas, apaixonadas, me lembrei do meu antigo namorado e de como era bom ter alguém cuidando de você. Bateu aquela tristeza, mas ocultei de Adam; as ruas são bem iluminadas, meus olhos não aguentavam ver tanta beleza numa hora só; ficamos andando até o anoitecer. Passamos de baixo da "torre eifel", levantei meu pescoço para poder ver a magnífica construção, atravessamos ela e eu olhei para trás para admirar uma última vez, quando o fiz, vi dois caras de preto com óculos escuros, parecendo malfeitores, me agarrei aos braços do Adam.
- Acho que estão nos seguindo - falei quase sussurrando.
- Vamos mais rápido - ele disse olhando para trás, encarando esses estranhos.
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O Guarda-costas
De TodoPLÁGIO É CRIME! Luíza tem 17 anos. Ela é muito rebelde e ríspida. "Lu" foi deixada por seu pai, por motivos desconhecidos, com Adam Winston. Ele vai se tornar seu guarda-costas. Os dois aprenderão a aturar um ao outro, principalmente Luíza que...