Capítulo 1 - Despedida

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- Luíza eu preciso que você fique aqui com meu amigo de trabalho, vou sair por uns tempos - ele segurou meus ombros e eu comecei a chorar em desespero.

- Quem é esse!? - gritei olhando para um cara de terno que adentrou a nossa casa.

- Só, confie em mim. Tome minha filha - ele me entregou um colar.

- O quê é isso? - me alcamei um pouco.

- Meu presente para você - meu pai me abraçou e depois deu uma última olhada em forma de despedida. - Adeus Luíza! - este correu para a porta e foi embora.

- Não! Não! - corri atrás dele, mas o brutamonte, que eu nem ao menos conhecia, me pegou no colo, impedindo que eu saísse. - Me solta! - ordenei furiosa. - Pai! - gritei em vão.

    Dei uma cotovelada nesse estranho, mas ele não me soltou.

- Vou te colocar no chão, mas não tente nada! - ele falou firmemente e eu não parava de relutar.

- Não confio em você! Nem te conheço! - comecei a perder as forças de tanto chorar e lutar.

- Ótimo - ele me soltou e eu o fitei com raiva.

    Foi neste instante que eu fui reparar nele. Ele possui os olhos castanhos claros que brilhavam pela luz do luar, seus cabelos são pretos, e ele é alto, me senti uma anã perto dele. Esse cara é lindo, mas um completo idiota. Abaixei a cabeça e subi as escadas para me trancar no quarto, mas esse "armário" me seguiu.

- Qual é o seu problema? - parei na escada e me virei para encará-lo, olhei para bem dentro de seus olhos. - Só vou para meu quarto!

- É meu dever te proteger - ele respondeu sério.

- Faça isso saindo do meu pé! - aumentei a voz.

- Não estou em cima do seu pé - ele fez uma cara de desentendido.

- É um modo de falar! - respirei fundo. - Vê se me deixa em paz!!! - descontei toda minha fúria nessa frase.

    Revirei os olhos e voltei a subir as escadas segurando o presente que eu havia recebido. O rapaz continuava me seguindo, entrei no quarto e ele quis fazer o mesmo, mas eu fechei a porta bem na sua cara. Andei até minha cama e me joguei nela começando a chorar novamente, meu travesseiro ficou encharcado.

   Quando me alcamei, olhei para o colar que eu segurava. Reparei que sua forma era de um globo, sua cor prata deixava um ar de que aquele objeto foi caro, ele possuía alguns desenhos que pareciam ser de jogos esquemáticos e complexos, dos quais eu não entendo exatamente nada.

- Que lindo - falei admirada com seu modelo.

       Meu pai nunca havia me abandonado antes, e do nada, ele me deixou com um completo estranho, "um amigo de trabalho". Tem que haver uma boa explicação para tudo isso!

       Nem sei com o quê meu pai trabalha, pois ele já havia falado tantas vezes que foi despedido dos empregos que eu resolvi nem perguntar mais sobre suas profissões. Ele sempre cuidou de mim depois que minha mãe foi assasinada, nem me lembro de suas feições, ela se foi quando eu era muito nova.

       Tenho 17 anos, minha vida iria começar agora e meu pai vai embora! Me deixando com esse lerdo! Nem sei como descrevê-lo!

        Sou uma menina baixinha dos olhos cor de mel e com os cabelos castanhos. Já tive um namorado que me deixou por causa de uma patricinha chamada Stephanie, loira, com um corpão. Decidi nunca mais me envolver com alguém, sou bem mais feliz sozinha, mas agora, eu bem que queria alguém ao meu lado para me consolar, e esse ser é meu ursinho : Toby. Pois é, tenho um urso de pelúcia, que foi dado a mim pela minha tia lá dos Estados Unidos, Mary. Ela é a única família que me restou. Peguei o Toby e dormi abraçada com ele. Naquela noite eu sonhei com meu pai:

- Filha tome cuidado - ele estava com uma expressão de tristeza.

- Pai volta! Volta!!!

    Me senti sugada por algo que eu não sei explicar. Só via meu pai ficar cada vez mais distante e eu gritava em desespero.

      Acordei toda suada e assustada. Olhei para janela e vi que o céu ainda estava escuro. Alguém começou a bater na porta ( pensei que iria derrubá-la ) me levantei e fui andando bem devagar para atendê-la. Ouvi um barulho bruto de um golpe! A porta caiu bem na minha frente. O guarda-costas entrou nos meus aposentos com a aparência de alguém que tinha acabado de ver uma barata! Ele olhou em volta, e assim que este me viu, suspirou aliviado.

- Você tá doido!? - Fitei a porta que estava no chão. - Você derrubou a porta! - gritei nervosa.

- Ouvi você gritando - ele voltou a sua posição de durão. - Pensei que você estava em perigo!

- Você vai pegar essa porta e colocá-la no devido lugar! - ordenei sem paciência.

- Tem parafuso aí? - ele perguntou me fitando, querendo se redimir.

- Sim - respondi pulando o obstáculo que estava no chão. Saí do quarto.

   Fui andando até o quarto do meu pai, abri seu guarda-roupa e peguei sua caixa de ferramentas. O guarda-costas estava atrás de mim com a cabeça baixa sem querer contado visual. Ele ainda estava com aquele terno preto caríssimo. Eu já estava sentido agonia de vê-lo vestido para uma ocasião formal.

- Quer uma roupa mais confortável? - indaguei.

- Não preciso. Já estou confortável - ele levantou a cabeça e me olhou. - Obrigado.

- Pode estar agora, mas o que está passando pela minha cabeça agora é como você golpeou minha porta com essa roupa.

- Prática - ele sorriu, mostrando seus armários de dentes brancos.

- Vou pegar uma bermuda para você e uma camiseta - me levantei e abri a gaveta de roupas do meu pai.

       Peguei as roupas e entreguei à ele. Lembrei do meu pai usando essa roupa na praia e comecei a ficar triste novamente com sua partida tão repentina.

- Vou dormir aqui e você? - questionei.

- Não vou dormir tenho que te vigiar - ele respondeu.

- Pra que essa proteção toda? Nem me responda que com o tempo eu irei saber! - me irritei.

- Aonde nós encontramos essa pessoa que se chama Tempo?

- Uma pessoa!? Você não conhece modos de falar? - indaguei desacreditada.

- Não. Conheço termos técnicos que fazem muito mais sentido do que essas frases sem noção - respondeu, parecendo um nerd.

- Okay - estranhei. - Boa noite - só aí que eu saquei que nem sabia qual era o seu nome. - Ah, como você se chama?

- Eu não preciso me chamar, para que eu faria isso? - ele franziu a testa.

- Tô começando a achar que você não é tão inteligente - falei sincera.

- Desculpe, é que eu não convivo com muitas pessoas. Mas, sério, o quê você quis perguntar ?

- Qual é o seu nome ? - perguntei em outras palavras.

- Adam Winston - ele finalmente respondeu.

O Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora