Capítulo 7 - Em Paris

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     Acordei com alguém me cutucando no braço direito. Eu olhei para a pessoa com os olhos semicerrados, era a Senhora Andirá. Ela me fitava e ao mesmo tempo via seu filho dormir em meu ombro.

- Chegamos - ela disse baixinho para não acordar Adam.

     Olhei pela janela e vi as luzes mais lindas do mundo. Fiquei admirada com a paisagem; sem querer, fui para frente, querendo ver mais daquele lindo lugar e o Adam acabou caindo com a cabeça no banco, ele acordou assustado.

- Foi mal - falei o vendo.

- Tá tudo bem - ele bocejou. - Já chegamos? - Adam perguntou se espreguiçando.

- Sim - sua mãe respondeu, olhando para ele com cara de reprovação.

- Desculpe. Vou voltar ao meu posto - meu guarda-costas falou.

    Adam se levantou e ficou em posição de soldado.

- Por que você está assim? Sou só eu - disse não entendendo.

- Vamos Luíza!

     A senhora Andirá me fez levantar e sair para fora do avião. Ela me puxou pelo braço de leve e logo atrás de nós, andava Adam, com uma cara séria como no dia em que eu o conheci. Andirá parece ser a chefona, e ela exigi muito de seu filho, só nesse pouco tempo em que a conheci, já deu para perceber isso. Adam parece ser o tipo de rapaz que adora livros, mas sua mãe parece que o força a aprender a lutar. Me soltei das garras de Andirá e fui bem grossa :

- Eu sei andar sozinha. Obrigada! - dei um sorriso forçado, mostrando desprezo.

       Ela me olhou feio e foi na frente, encontrando minha tia. Eu esperei o Adam se aproximar, ele estava cabisbaixo, só não esbarrava em alguém por causa dos seus reflexos e agilidade. Ele chegou perto de mim, e logo abriu um sorriso encantador. O que estaria acontecendo comigo? Balancei a cabeça para sacudir meu cérebro, que não estava funcionando muito bem. Adam parou na minha frente e ajeitou sua postura.

- Dormiu bem? - perguntei interessada até demais.

- Sim, obrigado por me oferecer seu ombro para meu sono - ele respondeu bem formalmente.

- Não precisa dessa formalidade toda Adam. Vamos andando sua mãe está nos esperando - me preparei para dar um passo, mas Adam me parou.

- Eu sei que ela parece a pessoa mais chata do cosmo, mas é só questão de tempo para vocês se acustumarem. Ela só não é de mostrar seus sentimentos pra ninguém, até mesmo para mim - ele ficou triste.

    Não sabia o que dizer, os dois pareciam ter uma relação meio abalada, instável, então só pude dar um abraço nele, o mesmo estranhou e até mesmo eu. Me separei dele assustada com o que tinha feito, prometi para mim mesma que não me envolveria com mais ninguém. O que eu fiz foi me virar e andar, não reparei a expressão do Adam assim que eu o soltei. Alcancei minha tia que já estava vestindo uma roupa mais apresentável, uma jaqueta preta e calça social, ficou bem legal nela.

- Oi tia. Dormiu bem? - perguntei.

- Sim, agora tenho que conseguir um francês aqui - minha tia falou olhando os homens do aeroporto.

- Depois eu que sou a safada - murmurei.

    Andirá começou a andar para fora do aeroporto. Saimos pelo enorme portão de entrada e vimos a cidade. É a coisa mais linda que já vi, cheio de pessoas apaixonadas, a paisagem não tem comparação, mas tenho que admitir que é meio fedorento, tirando isso eu adorei o local; pelo menos até agora. Uma limousine preta estacionou bem na nossa frente, quase me atropelou.

- Ei não olha por onde anda!? - briguei com o motorista.

- Na verdade é olhar para aonde se estaciona - Adam me corrigiu.

- Urgg - fiz um barulho chato.

     Uma mulher, parecendo ter dezoito anos, saiu da limousine, sua roupa estava bem justa em seu corpo, fazendo todos os franceses babarem por ela, seus cabelos são ruivos e os olhos azuis, já não gostei dela só por vista.

- Oi Jenny - falou Adam a abraçando e eu morrendo de vontade de arrancar aquele sorriso do rosto dessa metida.

- Essa aqui é a Luíza - A Senhora Andirá falou de um jeito diferente com ela, parecendo que as duas eram amigonas.

- Prazer, eu sou a Jennifer - a mesma estendeu a mão e eu apertei dando o sorriso mais forçado do universo.

      Não falei nada afinal a Andirá já havia me apresentado. Minha tia a comprimentou e depois nós entramos no carro; lá dentro era bem  luxuoso, com bar e os bancos são estofados com couro. A senhorita "Jenny" (só de mencionar o nome dela já me da ânsia de vômito) foi dirigindo e a mãe do Adam no banco da frente, minha tia, eu e Winston fomos lá trás, estava morrendo de sede.

- Dá-me água por favor? - perguntei corretamente e Adam sorriu.

- Não quer um picolé? - ele sugeriu.

- Não, esse negócio tem milhares de calorias - disse querendo emagrecer.

- Em vez de contar calorias conte piadas - ele pegou a água e me entregou, fiquei refletindo no que Adam havia me dito.

- Uma mulher foi na loja e perguntou para a balconista se havia uma meia calça e ela respondeu que não tinha, só calça inteira - contei a piada depois de beber um gole de água.

- Essa foi boa - Adam riu. - Agora é minha vez de contar uma: O cobre e o ferro vão viajar de carro... Quem dirigi? O cobre, porque ele é o melhor condutor - ele deu uma gargalhada.

- Não entendi - falei tentando decifrar.

- Piada de químico, foi hilário - Adam riu e e eu ria da risada dele.

   Depois de ficar sem ar por tanto rir de uma piada que não teve graça, nós chegamos na entrada do hotel             "Sofitiel Paris Le Faubourg", um prédio bem alto, uns 20 andares, sua cor é beche, sua fachada é bem elegante, fiquei extasiada com tudo que enxergava.

- Uou - fiz um som de admiração.

- Vamos! - Adam disse já dentro do hotel me esperando, e eu lá sozinha parada que nem uma bexta.

Entrei pela porta (vou entrar pela janela na próxima vez), e fiquei bocaeaberto com tudo, até os mínimos detalhes eu vi, o chão, o teto, o sofá, quadros que estavam na parede tudo muito perfeito, fiquei sem ar só por olhar aquilo; as pessoas que estavam lá só eram de alto nível, me senti um trapo perto dos narizes empinados. Minha tia e Andirá estavam fazendo a hospedagem na recepção enquanto eu a "Jenny" e o Adam estávamos sentados no sofá vermelho esperando. Só faltei vomitar, a Jennifer estava dando em cima do Adam.

- E aí Adam, como anda sua avó? - ela perguntou.

Sério que ela tinha que questionar logo sobre a velhinha?

- Com os pés - ele respondeu e eu ri na minha.

- Seu bobinho - "Jenny" deu um tapinha em um dos seus ombros, e o mesmo a olhou estranho, tadinho, Adam nem sabe que ela está querendo ele.

- Não quero atrapalhar a melação, quer dizer...coisa, mais minha tia me chamou - falei me levantando do sofá que já estava quente demais para meu gosto.

- Espera Lu. - disse Adam saindo de perto daquela daquela, arg! Nem sei como descreve-la.

- Pela primeira vez você me chama de Lu, sempre: você ou Luíza. - falei supresa.

- Vou te chamar assim agora, tá bom Lu? - perguntou Adam sorrindo.

- Okay Adam. Tenho que inventar um apelido pra você. - fiquei pensativa.

- Adam já tá legal.

O Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora