Capítulo 3 - Trabalhar

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     Depois de ajudar minha tia a levar suas malas para o quarto de hóspedes; fui até meu quarto me arrumar para poder sair e procurar um emprego que pudesse pagar minha faculdade, que vai começar brevemente. Coloquei uma jaqueta de couro, um óculos vermelho para dar uma cor ao look e passei uma maquiagem bem de leve. Desci as escadas e vi minha tia e o Adam conversando sobre assuntos de saúde. Os dois se deram muito bem, mas aquela conversa de bem estar já estava me dando vontade de inbernar por séculos.

    - Gente, não quero interromper a conversa super interessante, mas eu tenho que sair. Okay? - fiz  uma pergunta retórica e me preparei para dar um passo.

   - Um momento! - minha tia interviu. - Para onde você pensa que vai!? - ela questionou se levantando do sofá, cruzando os braços.

     - Arranjar um emprego, tenho que ganhar dinheiro  para pagar minha faculdade - respondi revirando os olhos.

    - Mas você não vai sozinha - ela disse com autoridade.

    - Claro que não. Tenho meu guarda-costas - apontei para o Adam e o mesmo se  levantou surpreso.

    - Nesse caso eu deixo - Mary balançou a cabeça positivamente.

    - Vamos - falei puxando o Adam.

    - Juízo vocês dois em? - minha tia suspeitou.

    - Sim Mary! - disse, olhando para cima.

    Adam me acompanhou e nós começamos a andar pela rua. Olhava para as lojas, mas nenhuma tinha uma placa: precisa-se de trabalhador. Já estava ficando desanimada.

    - E aí, você quer trabalhar com o quê? - perguntou Adam.

    - Ainda não sei. Se eu achasse uma loja que estivessem contratando, eu agradeceria.

    - Mas e aquele restaurante lá trás a duas quadras? - ele se virou e apontou para longe.

   - Por que você não me avisou!? - fiquei com raiva.

    - Pensei que você tinha visto - ele respondeu.

    - Vamos então - o puxei pelo braço com força.

      Chegamos no restaurante "Collins e cia", olhei para sua placa com desprezo, o lugarzinho era bem pequeno  e não parecia tão atrativo, por isso que eu não o percebi. Entrei pela porta, assim que o fiz, um som de sininho tocou, mostrando que alguém havia chegado.

    - Bom dia, querem um cartápio? - perguntou um rapaz loiro dos olhos azuis, muito bonito pelo visto, parecendo ter minha idade.

    - Ah não, estou aqui para conseguir a vaga de garçonete - respondi, colocando uma das minhas mechas do cabelo por de atrás da orelha.

    - É por aqui - ele piscou para mim e depois me levou até, provavelmente, seu pai.

   Conversei com o senhor Flávio, e ele acabou me contratando para trabalhar. Na saída, o seu filho me parou na porta e ficou bem perto de mim me pedindo o número do meu telefone, eu aproveitei o momento me aproximado mais dele para um beijo, nós dois estávamos quase se beijando, quando de repente,  o Adam chegou e empurrou o rapaz para longe de mim.

  - Qual é o seu problema!? - gritei. - Ele só estava me cantando! - briguei com Adam.

   - Não ouvi ele cantando coisa nenhuma! - ele pela primeira vez levantou a voz para mim.

      O rapaz se aproximou  por trás do Adam querendo revidar, mas este levou um soco na barriga e caiu no chão,  se contorcendo de dor. O Adam me pegou pelo braço, e me guiou para longe dali. Me soltei de suas mãos, parei de andar e o fitei com ódio.

    - Você não pode fazer isso comigo! - gritei e saí correndo para casa.

     Entrei em casa ofegante de tanto correr, bati com força a porta, fazendo a casa toda estremecer.

    - Que isso!? - minha tia Mary saiu da cozinha nervosa.

    - Foi o vento tia. Desculpe - menti.

   - Cadê seu amigo? - perguntou ela olhando para a porta.

    - Ele não é meu amigo! - perdi a cabeça.

    - Não grita comigo! Olha o respeito! - ela me encarou, estranhando.

    - Agora se me der licença, vou para meus aposentos reais para dormir e nunca mais acordar - falei sarcástica.

    - O almoço já está pronto. Mas por sua falta de respeito vai ficar sem comer. Agora vá para seu quarto! - Tia Mary ordenou sem ter pena.

    - Era o que eu queria mesmo - resmunguei baixo.

   - O quê? - ela colocou as mãos por trás dos ouvidos.

  - Nada. Vou lá para meu castigo.

    Subi as escadas, batendo os pés com força e raiva no chão. Tive  milhares de pensamentos negativos indo para meu quarto. Meu estômago começou a roncar, mas ainda tinha meu orgulho, e não desceria as escadas para perdir desculpas pela minha atitude. Me deitei na cama e tentei dormir, mas não consegui, me revirei para o lado e depois para o outro, e nada. Tentei de tudo. Mexi no celular, ouvi bilhões de músicas, mas nada tem o mesmo gosto como uma comida. Ainda relutando comigo mesma, por ter desistido de ser rebelde, saí do meu quarto e olhei para baixo segurando o corrimão da escada. Vi Mary e Adam, sentados à mesa, comendo. Suspirei e desci as escadas bem devagar, sem movimentos de derrota, parei em frente à eles dois e olhei para mesa desviando o olhar deles.

    - Fui imatura. Peço desculpas pela minha atitude - falei ainda relutando, aquele prato de comida estava com um cheiro muito bom.

    - Agora pega um prato e coloca a comida se não você vai desmaiar de fome, você está pálida - minha tia disse numa forma de fazer as pazes.

    Sentei à mesa e coloquei minha comida no prato. Não me atrevi a olhar para o Adam, nem queria, o que ele fez foi uma idiotice. Contudo, a comida estava uma delícia, bem temperada, do jeito que eu gosto. Resolvi encarar o Adam, afinal eu não fiz nada a ele, foi ele que fez comigo!  Olhei para bem dentro dos seus olhos, mas o guarda-costas estava com o olhar baixo, na dele. Minha tia Mary acabou de comer e subiu para seu quarto para tirar sua soneca da tarde, ela me deixou sozinha com o super protetor.

    - Não vai pedir perdão? - questionei.

    - Pelo o que? Foi você que mentiu para mim falando que ele estava cantando. Eu nunca ouvi aquela música - ele disse e eu já estava perdendo a paciência com suas explicações idiotas.

    - Vou te mostrar uma cantada!

    Me levantei da cadeira e fiquei bem perto dele, passei minhas mãos em seu pescoço bem lentamente e cheguei até sua nuca, ele me olhou estranho. O puxei para perto de mim e o beijei, ele parecia que nunca havia beijado antes uma garota, pelo seu mal jeito, deu para perceber.

    - E isso, foi um beijo - falei depois de me separar do Adam.

    - Sei muito bem o que é. Troca de bactérias e saliva - o mesmo se levantou indo para longe de mim, parecendo magoado.

    - Tem que treinar mais em? - disse sincera, mas o Adam nem se quer se virou para tirar satisfação comigo.

      Sorri e depois fui para cozinha lavar os pratos. Dia de sábado é o mais tediante para mim, não tenho nada para fazer de interessante e ninguém para sair a noite... Mas, não iria deixar que um simples dia possa definir o que eu iria fazer ao anoitecer.

   

   

O Guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora