Parte 2 - Marco

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Setembro 2012

A Jéssica. Ela anda a brincar com o fogo e quem tem medo de se queimar sou eu. Por incrível que pareça, tenho dezanove anos, sou virgem e nunca tive um relacionamento sério. As raparigas geralmente gostam de rapazes com o meu estilo e com a minha personalidade, mas de mim nunca ninguém se aproximou. É claro que sei a teoria, mas nunca tive ninguém com quem pudesse praticar. É triste, eu sei. Se calhar estou mesmo destinado a ficar sozinho.... Tenho a certeza absoluta de que a Jéssica está interessada em mim. Se não for interesse é atração, aposto a minha vida. Passa o turno inteiro a fazer-me olhinhos e a provocar-me, acho que até os clientes já repararam. Sussurra ao meu ouvido coisas que me tiram do sério, provoca-me, toca-me, cheira-me, abraça-me.... Deixa-me fora de mim e com um desejo enorme!

- Ela anda a gozar com a minha cara! Só pode! - disse eu ao Xavier, todo desnorteado depois de ela me ter piscado o olho e se afastar com cara de safada.

Ele deu uma grande gargalhada e disse:

- Vai-te a ela, rapaz!

Fiquei a pensar no que ele disse, acabei o que estava a fazer e fui atrás dela. Procurei-a, desesperado, como um cão que procura o osso e pela primeira vez percebi que precisava de uma mulher como ela na minha vida.

Quando a encontrei, ela estava de costas para mim, a limpar uma mesa numa sala nas traseiras, ao pé do escritório. Deve ter dado pela minha presença porque se virou e ficou com os olhos colados aos meus. Sem desviar o olhar, fechei a porta atrás de mim e avancei na sua direção. Quando cheguei ao pé dela, ela exclamou:

- Já não era sem tempo!

E beijámo-nos! Um beijo intenso, demorado, apaixonado e com língua à mistura.

A minha boca e o meu corpo foram invadidos por uma explosão de sabor e de sentimentos. Eu tinha acabado de entrar num universo totalmente desconhecido. Foi tão incrível que só parámos quando o ar nos faltou. Acabámos em cima da mesa que ela tinha acabado de limpar, ambos sem camisola. Só nos beijámos e nos tocámos, não aconteceu mais nada, mas a minha adrenalina e a minha vontade eram enormes.

- Para um virgem, devo dizer que me surpreendeste - disse ela, ainda com a cabeça deitada no meu peito.

- Quem te disse que eu era virgem? - perguntei, que estava a começar a ficar desconfortável. Não gosto de rótulos nem nunca vou gostar e dito da forma que ela disse parece que ser virgem é crime.

- Ei, ei, tem calma, amor! Eu não quis dizer isso com más intenções! Ser virgem não é uma coisa má! Eu perdi a minha virgindade há muito tempo porque na altura "era moda", fui estúpida. Devia ter esperado. A tua primeira vez tem de fazer sentido, seja comigo ou não.

E acabou o discurso a encher-me de beijos e tocando no meu peito nu. Até fiquei surpreendido com as suas palavras e com o seu bom senso, mas achei que ela estava só a gozar comigo.

- Fecha a boca que entra mosca - disse ela – Queres pedir ao Xavier para nos deixar sair mais cedo e vamos dar uma volta?

Olhei para ela, era tão bonita e irresistível. Afinal eu até tinha bom gosto!

- Sim, vamos princesa.

E saímos daquela sala em direção à zona do bar, com as mãos dadas. O Xavier estava a limpar copos e levantou os olhos ao sentir a nossa presença. Muito calmamente disse:

- O meu bar não é um bordel, por isso desapareçam e tenham juízo os dois. Quero-vos aqui vivos amanhã de manhã.

- És o melhor patrão que já tive! - gritou a Jess, toda contente.

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