Agosto 2012
Estava tão absorto nos meus pensamentos e tão empenhado em dar o meu melhor naquela tela que não ouvi a Mel chamar o meu nome. A pior coisa que me podem fazer é interromper enquanto estou a meio de alguma coisa, mas eu fiz-lhe a vontade. Virei-me e olhei para ela e para uma rapariga que estava ao seu lado. A rapariga olhava-me fixamente e eu tentava decifrar a sua personalidade, até que.... Esperem lá! Eu conheço-a! É a Nádia!
- Nádia? - perguntei eu, precisava de ter a certeza!
- Fred? - respondeu ela.
Não estava a acreditar! Avancei em direção a ela, com o coração a palpitar! Envolvi-a nos meus braços e percebi que ela tinha começado a chorar.
Ficámos assim, abraçados, durante algum tempo. A Melanie e os restantes olhavam para nós, confusos. Quando desfizemos o abraço, a Nádia perguntou:
- Fred! És mesmo tu! Por onde andaste este tempo todo?
- Eu... - fui interrompido pela Mel.
- Desculpem interromper, mas vocês conhecem-se?
- Nós somos melhores amigos, - olhei para a Nádia e ela sorriu – mas não nos víamos há algum tempo, demasiado tempo.
- Ah! Que bonito reencontro! Mas eu juro que achei que vocês eram namorados!
- Namorados? Não! Nós mal nos entendemos enquanto amigos, o que seria se fôssemos namorados! - respondeu a Nádia e dentro de mim a esperança que havia morreu – Estou a brincar, calma! - e todos na sala se riram menos eu – Eu vim cá perguntar se me podia juntar a vocês...
- Mas é claro que podes! - disse eu.
- Fred, sabes que as coisas não funcionam assim, temos de ver o portefólio dela primeiro!
- Eu sei, eu sei e eu deixo-te ver isso à vontade, mas garanto-te que ela vai ser uma mais-valia para nós!
- Muito bem. Nádia, fazemos assim: deixas aqui o portefólio que eu vou dar uma vista de olhos e amanhã voltas cá à mesma hora, pode ser?
- Claro que sim! Muito obrigada!
- Ora essa! Eu é que agradeço! - dito isto, a Mel afastou-se e ficámos só os dois.
- Tens alguma coisa para fazer a seguir? – perguntei.
- Não, porquê?
- Posso convidar-te para um café, para pormos a conversa em dia?
- Olha, eu aceito um café, mas só depois de almoçar! Estou a morrer de fome!
- Por acaso também já comia qualquer coisa! Sei de um sítio perfeito! Vais adorar! Fica por minha conta, não te preocupes!
- Sendo assim, aceito a proposta! Vamos?
- Sim, vamos no meu carro!
- Tens um carro? Uau! Já vi que perdi muita coisa!
Nem imagina ela o quanto perdeu!
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Recomeçar
RomanceNádia tinha treze anos quando viu o seu pai assassinar a sua mãe. A violência doméstica durava há demasiado tempo naquela casa, e a morte de Amélia foi o culminar daquela vida e daquela família. Marco tinha catorze anos quando testemunhou a detenç...