Capítulo 12: Ghosts from the past

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Carina voltou a estação na intenção de ajudar com o jantar que aconteceria aquela noite. Ao chegar ao local encontrou a mãe de Maya também ajudando com a arrumação. As duas logo começaram a conversar animadamente.

— Arancini? Nunca provei.

— Você não provou? Não acredito? Eu amo.— Disse Carina na conversa sobre pratos italianos que havia iniciado com Katherine Bishop.

— Nunca tive a oportunidade, mas adoraria. – a mãe de Maya respondeu.

— É muito fácil. Eu vou te passar a receita.

Maya retorna do longo chamado no fliperama e ao entrar no pátio dá de cara com Carina e a mãe de mão dadas conversando animadas.

— O que é isso?– Ela diz sem entender porque as duas pareciam tão amigas.

— Eu sabia que você precisava de ajuda na preparação do jantar. Então nós ajudamos. – Katherine disse sorridente.

— Eu não pedi pra você fazer isso.– A bombeira disse de forma rude dirigindo-se à mãe.

— Eu sei.– A outra Bishop respondeu sem graça.

— Maya, nós estávamos apenas tentando facilitar pra você.– Carina interveio em favor de Katherine. Não entendia o porquê de Maya estar sendo tão grossa com uma pessoa que lhe parecia ser tão doce.

— Mãe! – A bombeira disse com semblante ainda mais sério. Nesse momento o time está adentrava o pátio e ela se vira para falar com eles. —Time, menos de duas horas até as portas se abrirem. Vamos trabalhar.

— Quem está responsável pelo alho?– Vic questiona.

— Eu não.– Travis diz.

— Alguém tem que fazer.– Vic insiste.

— Novato. Você está encarregado do alho. - A Capitã ordena.

— Mas eu acabei...- Emmett ainda tenta se justificar, sem sucesso.

— Novato, alho ou suspensão? Sua escolha.– Maya responde já sem paciência para o cadete.

— Tudo bem. Eu gosto de alho.– Dixon respondeu seguindo para a cozinha.

A bombeira volta-se para a mãe e continua a falar:

— Mãe, obrigada, mas você não pode simplesmente aparecer no meu trabalho e assumir.

— Eu não pensei...– Katherine ainda começou a falar antes de ser interrompida pela filha.

— Meu pai nunca levantou a mão pra nós.– A loira disse com os olhos fixados na mãe. Não gostava do fato de sua ter vindo a seu trabalho fazer falsas acusações a seu pai.

—Ele não teve que levantar. A raiva dele, as mudanças de humor.– A outra Bishop disse com uma voz pesada.

—Sim, ele era duro. Ele podia ser um idiota. Ele podia ser mau. Mas isso não significa que ele abusou de nós.– Maya disse disposta a defender o pai até o fim.

— Duro é te deixar de castigo por não obedecer o toque de recolher. Abuso é fazer você andar 20 milhas de sua corrida pra casa por terminar em segundo lugar.

— Eu terminei em primeiro, na verdade... –Maya explicou. —Mas eu não bati o meu tempo.– Agora ela falava virando-se para Carina.

— Maya. – Carina disse indo até ela e entrelaçado seus dedos nos da bombeira enquanto levava a outra mão as costas dela com o intuito de conforta-la.

— Venha comigo pra minha próxima sessão de terapia?– Katherine disse calmamente à filha.

— Eu bati da próxima vez.– A loira disse ainda se dirigindo ao tempo da corrida.— Eu concordo. Você precisa de terapia.–Maya disse à mãe antes deixar o pátio largando bruscamente a mão de Carina.

A bombeira dirigiu-se a sua sala e sentada na sua cadeira começou a chorar de raiva. Como sua mãe podia vir até o seu trabalho somente para falar mal de seu pai. Não bastasse tudo o que ela já estava passando aqueles dias. Toda a burocracia envolvendo o acidente de Pruitt e acima de tudo a dor da perda do antigo Capitão não eram suficientes? E Carina ainda acreditava no que ela dizia. A bombeira sentia o rosto arder de raiva enquanto as lágrimas escorriam pelas bochechas vermelhas.

Carina ficou no pátio consolando a mãe de Maya. A bombeira havia agido de forma completamente rude com ela.

— Eu vou tentar ir conversar com ela de novo. – Katherine falou.

— Eu acho que não é um bom momento. Acho que você devia deixa-la pensar um pouco sobre isso. Ela está machucada. Eu vou até lá ver se ela está bem. –Carina disse calmamente.

— Então eu acho que devo ir pra casa. Se ela não me quer aqui eu não devo ficar.

— Ela só está passando por muita coisa agora, é só isso. Vá e descanse. Ela vai compreender em algum momento e vocês vão poder conversar novamente. – Aconselhou a italiana.

Após a saída da mãe de Maya, Carina foi até a sala da bombeira. Ela estava a meia luz, o que não impedia de notar o seu rosto vermelho banhado de lágrimas. A italiana entrou e ao fechar a porta atrás de si falou:

—Também amo muito meu pai. Ele é brilhante. É engraçado. Ele é... meu herói de tantas formas. – Disse a morena sentindo lágrimas nos olhos. — E foi por isso que demorou tanto pra que eu percebesse que não estava tudo bem. Eu levei tanto tempo pra perceber que não é normal viver pisando em ovos.– Agora ela caminhava na direção da loira.

A bombeira permaneceu impassível olhando para o horizonte.

— Maya. –Carina disse enquanto abaixava-se ao lado dela e virava a cadeira em sua direção. —Negação é uma força difícil de lutar contra e o abuso que sua mãe descreveu lá fora é abuso de qualquer forma. – Carina disse procurando as palavras mais delicadas que conseguia para não machucar ainda mais a outra.

— Eu não estou em negação. – A bombeira disse retirando as costas da cadeira de forma brusca e aproximando o seu rosto do da morena. — Eu ganhei uma medalha de ouro por causa do meu pai. Eu sou a Capitã mais nova de Seattle e a primeira dessa estação por causa do meu pai. Eu não estou em negação. Eu estou com raiva. – Ela disse isso num tom de voz que continha tanta agressividade que seu rosto antes levemente vermelho agora mostrava um vermelho vivo.

Carina apenas manteve-se em silêncio diante da reação da outra. Aquela não parecia a Maya que conhecia. "Ela estava machucada", Carina pensava tentado evitar chorar naquele momento. Muita coisa havia acontecido naqueles últimos dias, mas a forma como ela falou doeu na italiana. "Okay, ela precisa ficar sozinha. Ela está apenas machucada. Ela não quis me magoar." pensou tentando convencer a si mesmo disso para que aquilo doesse menos.

Maya voltou-se a antiga posição na cadeira analisando o horizonte enquanto Carina apenas respirou fundo, levantou-se silenciosamente e deixou a sala. Não estava com raiva da bombeira. Estava feriada pelo fato dela ter gritado. Estava machucada. Doia ter recebido aquelas palavras quando seu único intuito era ajudar.

Maya viu a morena ao seu lado erguendo-se em seguida deixando a sala sem dizer uma palavra e apenas baixou a cabeça. Agora as lágrimas rolavam fortemente pelo seu rosto. Porque Carina tinha que ter tomado as dores de sua mãe. Seu pai não era abusivo. E ela não estava em negação. Era adulta o suficiente para saber julgar as situações de sua própria vida.

Carina saiu da sala de Maya e em seguida deixou a Estação. A bombeira a havia lhen convidado para participar do jantar aquela noite, mas neste ponto não imaginava que ela fosse querer vê-la ali quando deixasse a sala e ela também não sentia vontade de estar ali naquele momento.

I choose you │Marina fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora