Cap. 10 - Conhecendo Minha Hóspede

15K 1.2K 69
                                    

Lauren Jauregui

Ela come em silêncio. Os movimentos impecáveis, em uma performance perfeita de boa menina.

Talvez alguma parte dela ainda seja, mas há muito mais por dentro de Camila do que ela deixa vir à superfície.

Sei o suficiente sobre a alma humana para ter certeza de que se eu a empurrar diretamente, ela se fechará cada vez mais. Não, preciso do elemento surpresa, como quando sem nem mesmo ter certeza do porquê, me aproximei dela na cozinha com o pretexto de ajudá-la.

Pretexto é uma boa palavra aqui, já que desde que cheguei, queria uma desculpa para sentir sua pele. O doce aroma dos seus cabelos me deixou um pouco embriagada, me fazendo esquecer quem ela era e o que exatamente está fazendo aqui.

Eu me pergunto se tem medo de mim. Pela lógica, deveria, mas a menina parece ser feita de aço.

Ela me atrai e isso não estava nos meus planos.

Não que já não tenha feito isso antes — seduzir para conseguir informações, usar para atingir um objetivo — mas apesar da beleza dela me tirar o fôlego, a ideia era me apresentar como uma mentora, alguém em quem pudesse confiar. Um contraponto em relação às pessoas que a mantiveram longe de sua família todos esses anos.

Tudo isso saltou para uma esfera secundária no momento em que a toquei. Sou uma mulher com uma libido saudável e preciso de sexo em uma base regular, mas o desejo que estar perto dela me despertou, a necessidade de sentir aquela pele suave sob meus dedos, me pegou desprevenida.

Ela mal prova a comida, o garfo mais brincando no prato do que exercendo sua função.

Finalmente, desisto da guerra silenciosa.

— Você não vai me perguntar por que eu a trouxe para cá?

— Eu pensei que fosse sua hóspede. — Há uma pontada muito sutil de ironia na resposta e eu não deixo passar.

— Você quer estar aqui?

Ela solta o garfo e me encara.

— Há muito tempo o que eu quero deixou de ter importância.

— Responda.

— Não faz diferença. Aqui, cujo estado eu nem sei qual é....

— Tennessee.

— Certo. Aqui no Tennessee ou em Nova Iorque, em qualquer dos dois lugares eu não sou livre.

Não a contradigo.

— E o que você faria com a liberdade se a tivesse de volta?

Estou mesmo interessada na resposta. Ela foi levada quando ainda era uma criança. Quais seriam seus planos agora?

— Estudar, talvez.

Resolvo fazer uma aposta mais alta.

— Reencontrar Dinah? — Jogo e observo.

Seu peito sobe e desce em respirações curtas. Posso pressentir seu nervosismo fluindo em ondas.

O albanês disse que ela tinha uma forte ligação com a garota, mas vai muito além disso. Na viagem de volta para os Estados Unidos, Maxim me colocou a par de tudo pelo telefone.

Elas planejavam fugir. Mesmo que eu não a tivesse trazido, havia uma chance de que a essa altura, Camila já não estivesse mais em poder dos filhos da puta albaneses. Só que apesar de se acharem muito espertas, ambas não passam de garotinhas. Elas não faziam ideia de como seria fácil para eles reencontrá-las.

CAMREN: Proteção Na Máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora