Cap. 16 - Desejar Sem Medo

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Lauren Jauregui 

Se algum dia eu puder experimentar a sensação de estar em paz, deve ser muito parecido com o que estou sentindo ao observá-la dormir.

Depois de tomar um banho, segui para o seu quarto. Não quis esperá-la acordar. Sou boa em controlar meus desejos. Estou longe de ser considerada uma mulher impulsiva, mas o que me trouxe até aqui, ao invés de descansar por algumas horas, que é o que eu deveria ter feito, foi a necessidade de senti-la.

Em Atlanta, eu empurrei para o fundo da mente o que aconteceu antes de eu partir. Eu precisava me concentrar no que deveria ser feito e manter Camila em meus pensamentos durante dias de tortura parecia simplesmente errado.

Depois do que descobri, no entanto, a vontade de protegê-la triplicou, mas para isso, eu terei que tomar uma decisão. Lembro do que Ruslan falou. Ele disse que a mulher que estiver comigo corre riscos mesmo entre os membros da Organização, mas o dano seria maior se eu a mantivesse oculta. Não acho que haja um homem vivo corajoso o bastante para tentar pegar o que é meu. Nem mesmo os malditos italianos.

Olho os cabelos espalhados na brancura da fronha. Até em seu sono, ela é arisca. Os lençóis puxados até o pescoço, provavelmente fruto dos anos de medo. Não consigo imaginar o que deve ter sido ficar tanto tempo em cativeiro. Sim, porque não importa o nome que o filho de Gjergj a chamasse: namorada, esposa, companheira. No fim de tudo, ela estava ali contra sua vontade.

Camila é tão delicada que me lembra uma bailarina, mas não há nada de frágil na menina que foi forçada a virar uma mulher para sobreviver.

Sua inteligência e o raciocínio rápido me instigam demais. Só isso já me faria virar a cabeça para olhá-la mais de perto. Mas então, há também o desejo louco que ela me desperta. Quando a beijei durante a caminhada, esqueci completamente de onde estávamos. Além de ser deliciosa, sua entrega me pôs louca.

Depois de tudo o que passou, eu achei que ela seria mais cautelosa, mas se doou, confiando, me deixando tocá-la. Camila tenta ser durona, mas é suave para caralho.

Ela se move e uma mecha de cabelo cobre o rosto. Ergo a mão para afastá-lo e seus olhos se abrem. E ali está. De novo aquela sensação de ser tragada para as poças de calda de chocolate.

Não parece assustada, mas também não tenho certeza se sabe direito o que está acontecendo.

Ao invés de afastar a mão, acaricio sua face.

É como ter o mais delicado dos tecidos sob os dedos. A pele quente, aveludada.

— Você voltou. — Diz e me surpreendendo, retira uma das mãos de debaixo do lençol e sobrepõe à minha.

— Eu disse que voltaria.

— Não costumo acreditar nas pessoas.

— E em mim?

— Estou tentando.

O que eu estou pedindo? Alguém como Camila não se encaixa no meu mundo. Ela deveria retomar sua vida na pequena ilha. Recuperar todos os anos que perdeu. Se eu fosse uma mulher melhor, sairia agora mesmo do quarto, mas não quero.

— Abaixe o lençol.

— Por quê? — Apesar da pergunta, ela não demonstra medo.

— Eu quero ver você.

— Você já estava me olhando antes. — Fala, desviando do meu pedido. — Por quanto tempo?

— Eu não sei. Eu só quis ficar.

CAMREN: Proteção Na Máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora