Cap. 35 - O Pai de Camila

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Lauren Jauregui

Grécia

Dois dias depois

No meio da sala do meu apartamento em
Atenas, observo o homem de estatura alta que se aproxima. Sua aparência é a de alguém que
trabalhou a vida inteira ao ar livre. A pele, curtida pelo sol.

Alejandro Galanis Cabello. O pai de Camila.

Li todo o relatório sobre ele quando a
investiguei, muito antes que fosse minha.

Ela é sua única filha e seu nascimento, tardio
comparado ao tempo que tinham de casados, já que sei que ambos se conheceram ainda jovens.
Alejandro tem cinquenta anos e a esposa, Sinuhe, um pouco menos.

Seu olhar em mim é desconfiado, enquanto
mantenho a expressão neutra.

O homem parece pacato, mas não me engana
porque sei do que é capaz. Grigori me contou o que ele e os outros pais das meninas negociadas fizeram a Leandros Argyros.

Como encontrou o corpo no mar, a polícia
definiu a causa da morte como afogamento, mas descobrimos que os ilhéus torturaram o bilionário grego por dias.

E é justamente aí que a história de sua
participação na negociação de Camila não se
encaixa.

Será que foi a vingança de um pai ou o remorso o que o moveu?

— Você fala inglês?

— Sim, senhora.

— Sente-se. — Comando, apontando uma
poltrona e ainda sem me apresentar.

Estudo seu rosto atentamente. Ele não
parece com medo, mas confuso, apesar de saber o motivo de estar aqui. Grigori o avisou que desejávamos falar sobre Camila.

— Quem é a senhora?

— Ainda não decidi se tem o direito de me
conhecer. Sente-se. — Repito e dessa vez ele
obedece. — Você sabe que sua esposa fez um pedido ao meu primo?

— Sim. Eu gostaria de dizer que ela não
deveria ter incomodado o doutor Grigori, mas não posso. Nenhum de nós jamais vai desistir de encontrar Camila.

Não me deixo levar por suas palavras.

— Conte-me a história toda.

— Seu primo não lhe explicou?

— Quero ouvir de você, Alejandro.

Suas mãos estão agarradas aos braços da
cadeira. Os nós dos dedos, brancos.

— A culpa foi minha.

Em segundos, estou em alerta e meu sangue se transforma em gelo nas veias.

— Como poderia ter sido culpa sua? —
Pergunto em um tom neutro.

— Eu trabalhava para o maldito. Leandros
Argyros, satanás encarnado. Nossa ilha é pequena e sem estrutura. Minha Camila... ela era especial, sempre foi. Inteligente demais. Aprendeu a ler com a ajuda da mãe, mesmo antes de ir para a escola. — Ele sacode a cabeça. — Não queria que ela acabasse como eu e minha Sinuhe. Praticamente escravizados em um lugar perdido no mar Egeu.

— Alguma vez sua filha disse que queria
partir?

— Não. Ela era feliz com pouco. Os sonhos
eram meus. A senhora não imagina como me arrependo. Quando o desgraçado se ofereceu para custear seus estudos aqui em Atenas, achei que aquela era uma resposta de Deus às minhas orações. A oportunidade que a minha filha precisava para brilhar.

CAMREN: Proteção Na Máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora